Na sequência duma recente presença no Sabugal constou-me que o meu nome tem sido visto de forma controversa nalguns meios sabugalenses. Tendo eu vindo a realizar há mais de quatro anos uma investigação sobre a presença judaica e cristã-nova no concelho do Sabugal, de que resultou até ao momento um estudo de 200 páginas, e tendo em conta a polémica existente em torno dos armários descobertos, designadamente o da Casa do Castelo, achei por bem esclarecer o que penso sobre o assunto.
Ler MaisConcluído que está o primeiro estudo estatístico a partir das fichas dos processos inquisitoriais dos réus naturais ou residentes no Sabugal, vamos agora entrar numa fase mais morosa, mas mais elucidativa da leitura do conteúdo dos processos.
Ler Mais:: :: NUNES – LIGAÇÕES A OUTRAS FAMÍLIAS :: :: Os Nunes são o terceiro apelido mais representado entre os réus sabugalenses. Se, como vimos, os outros dois apelidos mais numerosos – os Rodrigues e os Henriques – se cruzaram entre eles, verificamos que os Nunes também se misturaram com aquelas duas grandes famílias judaicas do Sabugal.
Ler Mais:: :: RODRIGUES – A MAIOR FAMÍLIA SABUGALENSE :: :: Tal como para os Henriques, podemos estabelecer dois períodos para os Rodrigues. O primeiro, entre 1544 e 1704, em que os réus naturais do Sabugal acabariam presos fora do concelho de nascimento. E o segundo, entre 1704 e 1752, em que os réus presos no Sabugal nasceram sobretudo noutros concelhos, mas alguns deles já haviam nascido no concelho, o que revela algum regresso dos Rodrigues ao Sabugal.
Ler Mais:: :: A SAGA BEIRÃ DOS HENRIQUES :: :: Apesar da insuficiência dos dados de que dispomos neste momento percebe-se já que as famílias judaicas do concelho do Sabugal se cruzaram. Na verdade, a conhecida prática endogâmica das comunidades judaicas ajuda-nos a perceber melhor como se organizaram, movimentaram e resistiram os judeus às perseguições inquisitoriais. No Sabugal não terá sido diferente do resto do país.
Ler Mais:: :: AS SENTENÇAS INQUISITORIAIS :: :: A apreciação das sentenças proferidas pelos tribunais da Inquisição pode ajudar-nos a traçar o panorama da acção do Santo Ofício no concelho do Sabugal.
Ler Mais:: :: OS ANOS DAS PRISÕES INQUISITORIAIS :: :: Os judeus sabugalenses desde cedo começaram a ser atormentados pela Inquisição. O primeiro processo data de 1544, oito anos após a introdução do Santo Ofício em Portugal e o último de 1795, numa altura em que aqueles tribunais religiosos já estavam em declínio.
Ler Mais:: :: DESLOCAÇÕES DOS RÉUS SABUGALENSES :: :: A mobilidade dos judeus apanhados nas malhas da Inquisição constitui um precioso indicador para o conhecimento das teias genealógicas judaicas numa determinada região. Isso configura-se particularmente claro na região das Beiras.
Ler Mais:: :: NATURALIDADE E MORADA DOS RÉUS :: :: Para conhecer o percurso geográfico dos réus do Sabugal, designadamente a mudança de residência em consequência das perseguições inquisitoriais, vamos analisar a sua naturalidade e morada, por freguesia, tanto quanto nos é possível neste momento.
Ler Mais:: :: OS APELIDOS DOS RÉUS SABUGALENSES :: :: Há um mito muito divulgado acerca dos nomes de origem judaica, que consiste em considerar os apelidos com nomes de árvores como prova da ascendência judaica.
Ler Mais:: :: ESTATUTO PROFISSIONAL DOS RÉUS :: :: O estatuto profissional dos réus dos 143 processos da Inquisição referentes ao actual concelho do Sabugal não é conhecido para cerca de metade deles.
Ler MaisIDADE E SEXO DOS RÉUS SABUGALENSES – De um total de 143 processos das Inquisições de Lisboa, Coimbra e Évora referentes a naturais ou/e residentes no actual território do concelho do Sabugal entre os séculos XVI e XVIII, apenas 81 (57%) exibem a idade dos réus na descrição elaborada pela Torre do Tombo.
Ler MaisA presença de uma comunidade judaica no Sabugal está documentada (pelo menos) desde o início do século XIV. Os reconhecidos estudos medievais da historiadora Maria José Ferro Tavares incluem a comuna judaica do Sabugal entre as três dezenas que identificou para o período de 1279-1383, tendo confirmado documentalmente a sua existência em 1316, através de uma dívida dos judeus do Sabugal ao rei D. Dinis em 16 de Agosto desse ano.
QUADRO 1 – CRISTÃOS-NOVOS E CRISTÃO-VELHOS | |||
N.º DE PROCESSOS | CRISTÃOS-NOVOS | CRISTÃOS-VELHOS | DESCONHECIDOS |
143 | 102 (71,3%) | 15 (10,4%) | 26 (18,3%) |
QUADRO 2 – TOTAL DE ACUSAÇÕES – 143 PROCESSOS | |||||
JUDAÍSMO | BLASFÉMIA | HERESIA | BIGAMIA | VISÕES | OUTRAS |
116 (81,1%) | 5 (3,4%) | 5 (3,4%) | 4 (2,7%) | 2 (1,3%) | 11 (8,1%) |
QUADRO 3 – ACUSAÇÕES DE CRISTÃOS-NOVOS | ||
N.º DE PROCESSOS | JUDAÍSMO | OUTRAS |
102 | 97 (95%) | 5 (5%) |
Estes três desenhos do castelo do Sabugal, da autoria de Duarte d’Armas, fazem parte da obra «Livro das Fortalezas que são situadas no extremo de Portugal e Castela» (c. 1509), editada a pedido de D. Manuel I. O rei encarregou o autor de fazer o levantamento de todas as fortificações que faziam fronteira com Castela, desde Caminha a Castro Marim.
(Clique nas imagens para ampliar.)
A minha visita ao Sabugal aconteceu na sequência do convite que enviei para a sessão de lançamento em Lisboa do meu último livro «Breve História dos Judeus em Portugal». Entre as respostas recebidas uma ex-aluna lamentava não poder estar presente por razões profissionais, mas enviava-me o link de uma página electrónica onde alguém se tinha referido a um dos meus anteriores livros da trilogia «Portugal e os Judeus». Cliquei e deparei com o Capeia Arraiana. Tratava-se de um post do Kim Tomé sobre a descoberta de uma alegada Arca Sagrada (Aron HaCodesh) na Casa do Castelo.
Ler Mais