Quem me dera ouvir no decorrer deste ano de 2025 palavras que me encantam, me transformam e me fazem viver. Quem me dera realizar neste ano de 2025 alquimias capazes de transformar a realidade tão desfigurada…
O Padre Jardim Gonçalves faleceu no domingo passado, dia 22 de Dezembro. Tinha falado com ele dois dias antes para lhe desejar um Feliz Natal e, ao ouvir a sua voz, não me pareceu que estivesse em fim de vida. Mas com a idade canónica de quase 93 anos, um nada pode ser o suficiente!
Convidaram-me no sábado, dia 21 de Dezembro, para festejar o solstício de Inverno. Este á o dia em que o sol atinge a sua maior inclinação a sul do equador celeste, correspondente ao ponto mais baixo da sua trajectória.
Era uma vez, há algum tempo, num país imaginário, uma menina que não gostava nada do Natal. Ficava nervosa ao ver toda a gente atarefada nos centros comerciais a escolher prendas, a comprar braçadas de objectos que nem sequer estavam inicialmente previstos, mas que não podiam resistir ao marketing publicitário e ao «black friday».
Nos anos sessenta, o mundo da canção emergiu numa nova era através de um naipe de cantores, americanos e franceses, que compreenderam a época em que viviam e que a imortalizaram nas suas canções. Um dos grandes foi certamente Bob Dylan e a sua música «Blowing In The Wind» («Soprando ao Vento»). Parecia um jovem tímido, mas tinha uma voz poderosa, inconformista e uma nova maneira de fazer música. O som da harmónica lembrava-nos o realejo, de tradições populares, mas era muito genuíno e identificável com o povo americano.
Tal como se tem vindo a constatar, nos países da Europa, os Estados Unidos apresentam uma crescente divisão social e política entre as várias regiões, principalmente entre a Costa Leste e a Costa Oeste. No meio, ficam os denominados Estados da ferrugem, os da siderurgia, da industria automóvel e de outros sectores actualmente em declínio.
Muito já foi dito sobre a eleição de Donald Trump e, até à sua tomada de posse, a 20 de Janeiro, não faltarão comentários, palpites, especulações, até mesmo aqui neste jornal, sobre o que o 47.º Presidente dos Estados Unidos irá fazer.
Esta quinta-feira, 31 de outubro, já estava escuro, era um pouco tarde, e tocaram à campainha da minha casa. Demorei e hesitei em abrir a porta. Desconfiado, perguntei quem era. Ao abri-la, constatei tratar-se de um grupo de jovens vestidos de bruxas, esqueletos, caveiras, guiados por abóboras amarelas com lâmpadas no interior que lembravam rostos desfigurados e de morte para nos meterem medo. Pediam guloseimas e o vizinho lá os despachou com um não sei quê de gulodices, o que evitou de lhas dar também.
O meu neto, que está agora em plena adolescência, ainda não conhece o pintor belga Paul Delvaux, mas, quando era criança, ajudou-me, de certa maneira, a penetrar no ambiente da pintura deste artista, que são os comboios, as gares, os túneis, os cais de embarque.
Há 30 anos fui pela primeira vez aos Açores e, no país onde vivo, as pessoas conheciam estas ilhas apenas pelos boletins meteorológicos que ouviam diariamente, pelos quais são informados do tempo que é a personagem mais importante e que entra em todas as conversas a cada hora do dia. Sabiam que era nestas ilhas situadas no meio do Oceano Atlântico, entre a Europa e a América, que se faz e desfaz o tempo, sob os caprichos do designado «Anticiclone dos Açores».
Momentos agradáveis são aqueles que convivo, nas férias de Verão, com a família que ainda me resta: um irmão e duas irmãs, que fazem todo o possível para que as férias se passem da melhor maneira.
As capeias, nas nossas aldeias raianas, têm sempre um enorme sucesso. Quase me atrevo a afirmar que as capeias devem ser uma das manifestações mais genuinamente populares existentes no nosso país, não falando da tourada à corda existente nos Açores.
Talvez eu esteja a contratempo da maior parte daqueles que tomam férias nos meses de Julho e Agosto. São quase todos atraídos pela praia para regressarem aos seus destinos de origem com a tez morena, saudável e com energia para aguentar mais um ano. Eu encanto-me com o ar saudável da montanha que me alivia nas habituais tardes cálidas do mês de Agosto, ao sentir a brisa benfazeja que nos predispõe para mais um dia, em contacto com os familiares e amigos, e sempre num ambiente de festa.
Estamos em pleno tempo de praia, mas ignoramos que ir à praia é uma tradição recente. Foi um médico inglês do século 18, Richard Russel, que, prescrevendo banhos de mar aos seus pacientes, constatou que os benefícios eram superiores à curas termais continentais. As suas ideias tiveram um grande sucesso tanto na Inglaterra como no resto do mundo. Pouco a pouco, a praia tornou-se um destino que faz parte dos nossos hábitos nos meses de Verão.
Agora que sou avô, percebo que há dois tempos diferentes na vida familiar: o tempo dos pais e o tempo dos avós, o tempo da educação e o tempo da ternura, o tempo do trabalho e o tempo do repouso.
Muitas palavras poderiam definir o tempo que, voluntariamente, decidimos cortar cerce com o quotidiano e que apelidamos de férias. Cada um pode completá-las com as que desejar e encontrar. Aqui vão as minhas…
Mão amiga fez-me chegar, há alguns anos, uma foto que intitulou «o grupo da panela a ferver». E eu pergunto-me como é que à volta de uma panela de ferro pode caber uma aldeia inteira? Outros afirmarão que nesta fotografia encontra-se a aldeia da nossa infância. Uma panela de ferro a ferver que tem o condão de reunir os ilustres, os remediados, a inocência, a demência e muito mais.
Todos nós conhecemos o abandono em que ficou a agricultura no interior de Portugal e quão difícil é continuar a viver em aldeias que, pouco a pouco, ficaram desertas. Não é fácil fixar as pessoas quando as perspectivas são limitadas…
É para mim quase um dever escrever sobre este conterrâneo pelo qual Portugal inteiro já vibrou e aplaudiu e que é necessário recordar. Tem o nome de Manuel Andrade Marques, mais conhecido por Manuel Marques.
Nos anos sessenta do século passado, descobríamos a França, o General De Gaulle, os automóveis Citroën ou Renault que os emigrantes nos mostravam durante as férias grandes e também os discos de Johnny Halliday, Claude François, Polnareff e da menina Françoise Hardy.