Um terceiro elemento da paisagem de Quadrazais foram os moinhos, que aí chamam munhos, existentes ao longo do Côa, movidos pela sua água que corria até àqueles através de levadas, canais feitos pelo homem.

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Um terceiro elemento da paisagem de Quadrazais foram os moinhos, que aí chamam munhos, existentes ao longo do Côa, movidos pela sua água que corria até àqueles através de levadas, canais feitos pelo homem.
Muitos eram os motivos dos medos que nos perseguiam desde crianças. Para nos fazerem dormir nossas mães embalavam-nos ao colo ao som da cantiga: «Vai-te côco… vai-te côco…» Para nos convencerem a fazer algo que nós não queríamos ou evitarem que fizéssemos algo que elas não queriam, ameaçavam-nos: «Olha que vem aí o côco e te leva!»
Desde há séculos que houve fortes relações entre quadrazenhos e valverdenhos. Houve tempos em que alguns dizem que Valverde d’el Fresno pertenceu a Portugal até ao reajustamento de fronteiras dos séculos XV e XVI. A completa demarcação da fronteira foi mandada fazer por D. João III em 1538.
Ficando a elevada altitude na serra da Malcata, com a Estrela por perto, Quadrazais e a região do Sabugal recebiam por vezes a neve que tudo embranquecia. Com ela os miúdos faziam bolas, que atiravam uns aos outros. Os samancos eram o meio de locomoção, mostrando cada qual a galhada mais alta. Habilidade no andar dava lugar a competições.
Desde sempre me lembro dela e tenho no ouvido os guinchos de morte dos marranos. Criados foram uns em pias com abrótea, batatas, couves, botelhas (abóboras) e tarrábias (beterrabas), para além das ervas ruins tassóis, corrióis e boldregas (beldroegas), todas misturadas no caldeiro ao lume, até atingirem sete ou oito arrobas; e comprados foram outros já criados uns dias antes da matança ao Tó Lórenço, que os trazia do Alentejo.
Tirar a Janeira começava logo no Dia de Ano Novo e continuava pelos Domingos de Janeiro. À noite, sob o luar de Janeiro, saíam os rapazes solteiros a visitar as casas acompanhados da concertina e levando um cesto para as dádivas, perguntando à porta: Quer que cante ou que reze?
Viajar hoje é quase obrigatório. Toda a gente gosta de mostrar aos amigos uma foto tirada algures longe da morada. Organizam-se excursões para visitas cá e lá fora, com viajantes que, por vezes, mal têm para comer. Mas, como é moda, toda a gente viaja.
>> ETAPA 63 >> BIELORRÚSSIA e UCRÂNIA
Era a festa cristã do final do ano, que substituíra as festas pagãs do solstício de Inverno. Sendo a festa da família, mesmo vinda de longe, como era o caso dos ambulantes, esta juntava-se na casa dos avós ou pais para comer a consoada, em que não faltavam as filhoses.
A ambulância constituía uma boa faixa das ocupações dos quadrazenhos. Esta profissão de ambulante surge já antes de 1718, com este nome ou sob o nome de almocreve. Entre 1855 e 1899 aparecem as 2 profissões como distintas. Os almocreves eram 381 e os ambulantes 15. Será que incluíram nos almocreves os contrabandistas, cujo nome nunca aparece por razões óbvias? Se o fizeram, foi indevidamente porque almocreve é aquele que conduz animais com carga para venda.
As cepas, ou raízes dos carvalhos que ficaram na terra com o corte destes, eram um bom combustível para as lareiras que aqueceriam as casas no Inverno, quando já não havia moitas para desbastar ou não as queriam cortar.
Celebrou-se no passado sábado, 14 de Novembro, em Alcaide (Fundão) o Festival dos Cogumelos e Míscaros, com entrega porta a porta dos pratos feitos com eles devido às restrições impostas pela Covid-19. A pensar nessas iguarias, cozinhei este artigo sobre esse tema.
A castanha foi, antes da batata, a base da alimentação do quadrazenho, que a comia assada ou cozida ao almoço (pequeno almoço das cidades), assim como ao jantar (almoço das cidades). Também se fazia sopa com elas, quando secas no caniço e pisadas (piladas), o caldudo. Há um dito sobre as castanhas pisadas: Há que as comer em Maio para não lhes montar o burro. Desconheço o porquê deste dito.
Não sei a data da construção do cemitério de Quadrazais nem quem foi o primeiro defunto a inaugurá-lo. Os Arquivos Paroquiais nada dizem sobre o assunto. Aconteceu posteriormente a 1845, ano em que Costa Cabral proibiu os enterros nas igrejas, o que deu origem a revoltas populares, a mais conhecida das quais foi a da Maria da Fonte.
Viajar hoje é quase obrigatório. Toda a gente gosta de mostrar aos amigos uma foto tirada algures longe da morada. Organizam-se excursões para visitas cá e lá fora, com viajantes que, por vezes, mal têm para comer. Mas, como é moda, toda a gente viaja.
>> ETAPA 62 >> RÚSSIA.