«Emigrante…» | Às terças-feiras é tempo da poesia de Georgina Ferro. A poetisa raiana junta a sua sensibilidade artística ao amor e às memórias pelas gentes e terras raianas…

EMIGRANTE
Partiste um dia, ao romper da alvorada,
No olhar, o medo, a névoa e a coragem.
Beijaste o pai e a mãe, de alma magoada,
Levaste a dor e a saudade na bagagem.
Na mala, roupa bordada a ponto de cruz,
Que a mãe te coseu com terna devoção.
Do outro lado, brilhava uma falsa luz,
Fria, sem fala, sem rumo ou coração.
Com Deus nos lábios e um leve sorrir,
Fiquei no Largo do Pio a ver partir
A velha carreira rumo à estrela norte.
E eu, ali queda, sem te poder seguir,
Tão só, rendida ao peso da minha sorte,
Num silêncio de dor — tão triste, tão forte
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«Gentes e lugares do meu antanho», poesia de Georgina Ferro
(Poetisa no Capeia Arraiana desde Novembro de 2020)
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