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Home  /  .Capeia Arraiana (2025) • .Crónica • Belmonte • Casteleiro • Memórias de Sortelha  /  O processo de Manuel Gonçalves do Casteleiro
05 Maio 2025

O processo de Manuel Gonçalves do Casteleiro

Por António Gonçalves
.Capeia Arraiana (2025), .Crónica, Belmonte, Casteleiro, Memórias de Sortelha antónio gonçalves, inquisição Deixe Comentário

O cristão-novo Manuel Gonçalves, natural do Casteleiro, casou aos quinze dias do mês de março de 1705, na Igreja do Salvador do Casteleiro, com Izabel Mendes. Viveram juntos quatro meses, depois separaram-se indo viver para locais diferentes. Cinco anos e meio, pouco mais ou menos, casou pela segunda vez com Catarina Giraldes, tendo feito com ela vida marital sem averiguar se era viva a primeira mulher. Foi preso e condenado pelo Tribunal do Santo Ofício.

Mezuzá (1) – Museu Judaico de Belmonte

Manuel Gonçalves, cristão-novo, natural do Casteleiro, casou aos quinze dias do mês de março de 1705, na Igreja do Salvador do Casteleiro, em presença do padre João Pinto da Fonseca, era filho de António Fernandes e Maria Gonçalves, já falecidos, com Izabel Mendes, filha de Joam Mendes Antunes e Inês Joam. Viveu quatro meses com Izabel Mendes. Depois separaram-se indo viver para locais diferentes.

Cinco anos e meio, pouco mais ou menos, apresentando-se como viúvo de Maria Fernandes, de Sortelha, casou pela segunda vez com Catarina Giraldes, de Alpedrinha, filha de Francisco Fernandes e Izabel Giraldes, tendo feito com ela vida marital sem averiguar se era viva a primeira mulher.

Em 12 de Setembro de 1710, foi preso pelo Tribunal do Santo Ofício, seguindo-se o processo que culminou com a condenação. Primeiro aparece como trabalhador mas em 1711 diz-se que é sapateiro e de Alpedrinha.

Sentença

«Lisboa, vinte e seis (26) de Julho de 1711.

Desrespeitou o Sacramento do matrimónio, por culpas de bigamia, vá ao Auto Público de Fé, na forma costumada, faça abjuração de leve de ser suspeito da fé e por tal o declararam e seja açoitado pelas ruas desta cidade, citra sanguinis effusionem (sem derramamento de sangue), seja degredado para as galés de Sua Magestade por tempo de cinco anos, servirá a remo sem soldo, será instruído nos Mistérios da Fé necessários à salvação de sua Alma, cumprirá penas e penitências espirituais que lhe forem impostas e pague as custas do processo».

Nas galés teve graves problemas de saúde. Os relatórios médicos referiram «achaques mortais, sofrendo de Hidropisia,(2) há quebrado de ambas as virilhas, aleijado do braço direito, estava em perigo de vida, devendo cegar, conforme certidão do médico cirurgião das galés, onde não lhe podem fazer os remédios que se aplicam».

Aos treze dias do mês de setembro de 1712 anos, em Lisboa, na Casa do Despacho da Santa Inquisição, estando ali em audiência os Senhores Inquisidores mandaram vir perante si Manuel Gonçalves, réu, lhe foi dito que «rezando o Santo Ofício com ele de piedade e havendo respeito pelos seus achaques lhe concede licença por quatro meses para que se possa curar na sua terra e acabados virá restituir à galé ou dará razão do impedimento».

Conclusão

Segundo os valores rigorosos do século XVIII, impostos pela Santa Inquisição, Manuel Gonçalves, cristão-novo, foi incauto ao casar pela segunda vez, sendo viva a primeira mulher com quem viveu maritalmente, desrespeitando o sacramento matrimonial da Santa Fé, culminando numa dura condenação do Tribunal do Santo Ofício. Durante o degredo, nas galés de Sua Magestade, sofreu de graves problemas de saúde referidos nos relatórios médicos. Apresentado na Casa do Despacho da Santa Inquisição, em Lisboa, perante os Senhores Inquisidores, estes, mostrando algum humanismo, por piedade e respeito pelos seus achaques concederam-lhe «licença por quatro meses para que se possa curar na sua terra e acabados virá restituir à galé ou dará razão do impedimento».

Notas

(1) Mezuzá – É uma pequena caixa alongada, contendo o rolo manuscrito do Shemà Israel, ou seja, a oração que celebra a unicidade de Deus, tal como outras passagens da Tora. Era colocada na ombreira direita das portas e simboliza a proteção de Deus sobre a sinagoga. Os judeus têm o costume de a beijarem ao entrar e ao sair da sinagoga, como sinal do seu respeito para com Deus. Também podia ser encontrada à porta das casas de alguns judeus, sobretudo daqueles que não tinham medo de praticar publicamente a sua religião.

(2) Hidropisia ou tropezia (do latim hydropisis, por sua vez do grego ὕδρωψ, de ὕδωρ [água]) é a acumulação anormal de fluido nas cavidades naturais do corpo ou no tecido celular. (Wikipédia.)

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«Memórias de Sortelha», opinião de António Gonçalves
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Janeiro de 2019)

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António Gonçalves

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