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Home  /  .Capeia Arraiana (2025) • .Crónica • Estas coisas da alma  /  O jornalista Santos Neves relembrado no «Postal» de Luís Osório
01 Maio 2025

O jornalista Santos Neves relembrado no «Postal» de Luís Osório

Por Manuel Sequeira
.Capeia Arraiana (2025), .Crónica, Estas coisas da alma alfredo farinha, antónio magalhães, aurélio márcio, carlos miranda, carlos pinhão, cnid, homero serpa, jornal a bola, luís osório, manuel sequeira, mário zambujal, santos neves, vicente de melo, vítor santos Deixe Comentário

Nas minhas deambulações virtuais, deparou-se-me um «Postal» de Luís Osório, datado de 7 de março de 2020, que fala de um homem que muito estimei – António Santos Neves – , antigo jornalista (e subdirector) do jornal «A BOLA». Uma história bonita que me surpreendeu (em parte). Com a devida vénia, vou partilhá-la…

Santos Neves e Eusébio

Santos Neves – como a depressão de Eusébio mudou a vida de um jovem jornalista

Esta história não é política. É apenas o excerto de um filme real em que um jovem, perdido e ansioso, encontrou um sentido para a vida. Contado assim parece coisa simples, mas se lhe dissermos que o caminho foi encontrado com a ajuda de uma soma incrível de coincidências e que Eusébio também ajudou sem disso fazer ideia, então talvez tenha um pouco mais de curiosidade em conhecer o que a seguir lhe conto.

O jovem da história é o meu jornalista desportivo preferido. Assina os textos com um nome feito de apelidos; nem José, Carlos, Manuel ou Luís, o nosso personagem usa Santos Neves como cartão-de-visita vai para sessenta anos.

Se este sábado lhe falo deste homem sem nome próprio é também pela justiça de uma homenagem aos jornalistas desportivos que tantas desconfianças têm gerado ao longo de décadas – uns tratam-nos como se pertencessem a uma espécie de Série B, outros que a bola não se pode misturar com coisas sérias porque cada macaco deve estar no seu respectivo galho.

Com a guerra colonial no horizonte e uns anos 60 que prometiam novos mundos e fundos, António dava voltas na cama. Dilacerado pelas dúvidas não sabia que rumo dar à sua vida. Até que um dia se levantou do torpor e tentou ser jornalista. Terminado o liceu, com 18 anos completos, foi a todos os jornais de que se lembrou. Primeiro ao Diário de Notícias, depois ao Século, Diário de Lisboa, Diário Popular, República, Diário Ilustrado e Mundo Desportivo. Nada, de nada. Chegava aos sítios, no alto dos seus imparáveis 18 anos, e dizia ao primeiro que apanhasse um «quero falar com o director», logo seguido de um «se o director não pode quero o chefe-de-redação». Do «tem alguma coisa marcada?» para o «espere aí um bocadinho», ouviu todas as variantes possíveis. Mas directores ou chefes-de-redação nunca os viu.

Só lhe restava «A BOLA», última e não desejada alternativa. Não porque gostasse pouco de futebol e do desporto em geral, mas por julgar, porventura, que a sua vida faria mais sentido em jornais que falavam de um mundo que o transcendia. Só lhe restava «A BOLA» e usou a mesma técnica que tão miserável resultado tivera. Dirigiu-se à Travessa da Queimada, subiu as escadas, entrou por uma porta à esquerda e disse ao que vinha ao primeiro que encontrou. Com toda a naturalidade, o colaborador de pingue-pongue – que anos depois morreu com cirrose – disse para António o seguir. Atravessou a Redacção, a primeira vez que o fazia na vida, e parou numa mesa ao fundo onde uma montanha de papéis e jornais tapava o chefe, um verdadeiro clássico.

O homem do pingue-pongue: «Chefe, este jovem quer falar consigo». Vítor Santos, o mítico «Chefe», levantou a cabeça a custo e António lá disse ao que ia. Combinaram que, na semana seguinte, o rapaz lhe traria um texto acerca do que quisesse. Levou-lhe uma crónica do Sporting-Porto e o chefe pediu-lhe mais. E depois de lhe pedir voltou a fazê-lo – crónicas, reportagens, entrevistas imaginárias, pequenas notícias, futebol internacional, automóveis, sei lá o que mais.

Durante nove meses, Vítor Santos fez o jovem António penar. Texto entregue, mais pedidos, textos no caixote do lixo e nada de nada. O rapaz pensou, com toda a legitimidade, que o «Chefe» o estava a gozar. E decidiu, num dia aparentemente igual aos outros, que ia entregar o último texto; já chegava. E assim foi. Travessa da Queimada, escadas subidas, virou à esquerda, entrou pela Redacção de passo firme e, quando ia dizer ao «Chefe» o que ensaiara ao espelho, a cabeça de Vítor Santos surgiu por entre os escombros e mandou-o ir falar com a secretaria de redacção, porque tinha um trabalho em agenda. E foi assim que António se dirigiu, mais feliz do que alguma vez imaginara poder estar, à secretaria de redacção, onde soube que o aguardava um palpitante Alhandra-Sacavenense. Um colega perguntou-lhe como é que desejava assinar e ele, com poucos segundos para decidir, respondeu Santos Neves.

Às oito da manhã comprou o primeiro exemplar de «A BOLA» no quiosque da rua. Levou-o para casa e mostrou ao pai: «É isto que quero para o meu futuro.» Relações cortadas por algum tempo. «Boémio e bêbado é o que queres ser», outro clássico.

Depois da segunda divisão continuou a escrever. E de colaborador passou a esperança. Nesses anos 60, Vicente de Melo era o director e parecia impossível a entrada para o quadro – privilégio reservado a uns poucos. Carlos Pinhão, Homero Serpa, Alfredo Farinha, Carlos Miranda, Aurélio Márcio e poucos mais ocupavam as primeiras posições e um enorme batalhão colaborava e recebia pela quantidade de textos que escrevia. Santos Neves, apesar do talento, não parecia ter margem de progressão profissional. A desilusão ainda mais se acentuou quando Mário Zambujal lhe disse, em surdina, que o lugar no quadro era seu porque resolvera sair. Uma impossibilidade: embarcava para a guerra uns dias depois. Moçambique era o destino. 

Passaram semanas, gastaram-se meses e dois anos depois, quando no jornal já poucos dele se lembravam, estalou uma polémica com Eusébio. Corria o ano de 1969 e o «pantera negra», arreliado pela proibição de poder jogar no Inter de Milão e ganhar dinheiro a sério, ameaçou não voltar ao Benfica e refugiou-se em Lourenço Marques, no bairro de Mafalala. Quis outra vez o destino, ou a sorte, que António Santos Neves estivesse a gozar a sua única licença de um mês em três anos de guerra. A medo telefonou outra vez para o «Chefe» e perguntou se queria que fizesse alguma coisa.

O «Chefe» exultou e o soldado fez as primeiras páginas do jornal «A BOLA» durante as semanas em que Eusébio esteve deprimido em Moçambique. E voltou para a guerra mais um ano.

Ao regressar do mato passou pelo jornal para cumprimentar as pessoas. O «Chefe» recebeu-o com um abraço e perguntou-lhe o que ia fazer à vida. Respondeu que ia enviar currículos. Vítor Santos, ao seu jeito, mandou-o ir falar com o director, porque, surpresa das surpresas, tinha algo de importante para lhe dizer. E foi assim, talvez por causa de Eusébio e da sua depressão, que alguém não foi esquecido e pôde ter uma oportunidade que lhe moldou a vida. 

Não é uma história política; ainda assim é um conto sobre o destino ou a sorte. Santos Neves diz que foi a incrível sorte e a força das circunstâncias que o fizeram ser jornalista desportivo. Prefiro achar ter sido o destino e um toque divino. Afinal, que maior legitimação poderá querer um jornalista desportivo? A opinião de que foi Deus, utilizando todas as armas, quem preferiu que este rapaz, António de seu nome próprio, fosse isto e não outra coisa qualquer.

Luís Osório (Postal do Dia)

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«Estas coisas da alma», crónica de Manuel Sequeira
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Santos Neves recebe das mãos de António Magalhães o Prémio Imprensa Escrita do CNID (foto: Paulo Calado)

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Tive o privilégio de conhecer Santos Neves

O Manuel Sequeira fez-me recordar um dos mais «intrigantes» chefes de redacção que conheci. O Chefe Santos Neves parecia sempre muito distante e calado mas quando o conhecíamos melhor descobríamos muita humanidade e disponibilidade para ajudar quando estávamos «atrapalhados». Mesmo quando foi publicada a lei que proibia fumar nos locais de trabalho ninguém na produção ou na redação do jornal «A BOLA» tinha coragem para o avisar quando entrava porta dentro com o cigarro acesso.

Se bem me lembro foi o último jornalista da redacção a aderir à máquina de escrever. Não sei mesmo se alguma vez o fez. Penso até que passou diretamente do papel para o computador portátil. E eram sempre dezenas de A4 manuscritos com uma letra que todos reconhecíamos como sendo sua que chegavam à fotocomposição com as suas crónicas. Quando o Santos Neves era escalado para os jogos internacionais que se disputavam à noite provocava no departamento de produção (e em especial na paginação) um nervoso miudinho e muita ansiedade porque todos sabíamos que invariavelmente as suas páginas seriam as últimas a fechar comprometendo, por vezes, a hora ideal de fecho do jornal estipulada até às duas da manhã.

Uma das noites europeias mais marcantes que vivi em «A BOLA» ocorreu a 15 de Março de 1994 quando o Benfica foi jogar à Alemanha com o Leverkusen e empatou 4-4 (com 1-1 na primeira mão na Luz) num jogo épico para a segunda mão dos quartos-de-final da extinta Taça das Taças. O Benfica «passou» porque naquele tempo os golos fora, em caso de empate, valiam a dobrar. Toni era o treinador do Benfica e tinha na equipa os três russos (Iuran, Kulkov e Mostovoi). Os titulares encarnados foram: Neno, Abel Xavier, Hélder, William, Schwarz, Vítor Paneira, Kulkov, Rui Costa, João Pinto, Esaías e Iuran. A sequência no marcador foi «imprópria para cardíacos»: 1-0 por Kirsten (24′), 2-0 por Schuster (58′), 2-1 por Abel Xavier (59′), 2-2 por João Pinto (60′), 2-3 por Kulkov (78′), 3-3 por Kirsten (80′), 4-3 por Hapal (82′), e 4-4 por Kulkov (85′).

Nesse tempo o jornal «A BOLA» era publicado cinco vezes por semana e como no dia seguinte não havia edição o «enviado-especial Santos Neves» não enviou nessa noite a crónica do jogo do hotel na Alemanha e resolveu vir escrevê-la, no dia seguinte, à redacção em Lisboa. Não me recordo se o avião atrasou mas a verdade é que as páginas da reportagem do jogo foram as últimas a fechar. Durante muitos anos recordámos, com carinho, este episódio do chefe Santos Neves e da sua forma única de estar e ser. «Tinha conseguido ser, mais uma vez, o último a fechar mesmo com mais 24 horas.»

Aqui deixo a minha vénia ao Jornalista Santos Neves. Um dos últimos «monstros sagrados» do jornalismo da Imprensa desportiva que tive o privilégio de conhecer e com quem muito aprendi. O meu eterno obrigado.

José Carlos Lages

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Manuel Sequeira

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