• NOTÍCIAS
    • Notícias
    • Entrevista
    • Reportagem
    • Primeira Página
  • CRONISTAS
    • Cronistas
    • Crónicas
    • Opinião
    • Poesia
  • Documentários
  • FICÇÃO/GÍRIA
    • Ficção (Artigos)
    • Ficção (Arquivo)
    • Gíria Quadrazenha
  • História
  • Acontecimento Ano
  • Personalidade Ano
  • FICHA TÉCNICA
    • Ficha Técnica
    • O Primeiro…
    • A Cidade e as Terras

Menu
  • NOTÍCIAS
    • Notícias
    • Entrevista
    • Reportagem
    • Primeira Página
  • CRONISTAS
    • Cronistas
    • Crónicas
    • Opinião
    • Poesia
  • Documentários
  • FICÇÃO/GÍRIA
    • Ficção (Artigos)
    • Ficção (Arquivo)
    • Gíria Quadrazenha
  • História
  • Acontecimento Ano
  • Personalidade Ano
  • FICHA TÉCNICA
    • Ficha Técnica
    • O Primeiro…
    • A Cidade e as Terras
Home  /  .Capeia Arraiana (2025) • .Opinião • Língua Estufada  /  Lição de gramática
22 Abril 2025

Lição de gramática

Por José Leitão Baptista
.Capeia Arraiana (2025), .Opinião, Língua Estufada alfredo gomes, cândido de figueiredo, josé leitão baptista Deixe Comentário

Em defesa da forma como beirões e transmontanos pronunciam alguns vocábulos apresentam-se dois casos que merecem análise…

A pronúncia dos «ss»

– O que é xou?

O inquirido, atento à pronúncia do termo em questão, e tendo em conta o uso e abuso de estrangeirismos que a língua portuguesa tem vindo a assimilar, respondeu de imediato:

– Show é espectáculo, exposição…

O inquiridor apressou-se a «esclarecer», soletrando com rigor:

– Xou é a primeira pexoa do xingular do prejente do indicatibo do bervo xer em Bijeu.

– O que é uma chúchia?

– Chúchia é uma chupeta.

Quem questiona transige, mas adianta:

– Chúchia é uma achochiachão ou reunião de pechoas malfeitoras.

Os exemplos transcritos ilustram, em abundância de trocas e baldrocas e com o costumado exagero anedótico, a forma como por vezes os beirões são ridicularizados pelo excesso de correcção posto na pronúncia de certas palavras, trocando o «s» pelo «x», o «v» pelo «b» e vice-versa. Assim sendo, vem a propósito recordar o que sobre o assunto foi comentado por um dos maiores cultores da língua portuguesa: Cândido de Figueiredo (1846-1925).

Escritor, filólogo ilustre, vulto eminente das letras, professor, autor de um dicionário de língua portuguesa que constituiu e constitui, nos nossos dias, elemento de consulta permanente para profissionais, estudiosos, críticos, professores, alunos e público em geral, Cândido de Figueiredo esclareceu sucintamente a pretensa transformação dos «ss» em «x» ou «ch», imputada tantas vezes a beirões e transmontanos na sua forma correctíssima de pronúncia.

Em «Anotações a uma Gramática», o escritor, natural de Lobão da Beira (Tondela), fez comentários pertinentes à «Gramática Portuguesa» de Alfredo Gomes, laureado académico e professor da Escola Normal do Rio de Janeiro:

«Considera o autor um provincialismo privativo de Trás-os-Montes e Galiza a transformação dos ss em x. Tal transformação não existe. Em Trás-os-Montes e na Beira a pronúncia dos ss e do s inicial não se parece nada com a do x: é uma fonação especial, que estava bem representada por s e por ss, enquanto a pronúncia destes sinais não sofreu, nas cidades, a transformação que lhe deu o som actual. Hoje, em Lisboa, e na maior parte do país, como no Brasil, disse pronuncia-se como se escrevêssemos dice e era assim que escrevia, por sua conta e risco, o Evaristo Leoni, autor do Génio da Língua Portuguesa, para não falarmos de alguns secretários do imortal cego Castilho. Mas a pronúncia antiga não era esta: era o que inda é na Beira, em Trás-os-Montes e em toda Espanha. Na Beira e em Trás-os-Montes também o s intervocálico não soa como z, nem o ch como x. Mas isto daria um capítulo ou um livro, e as tipografias não possuem todos os caracteres e sinais representativos da pronúncia beiroa e transmontana. Por agora, basta saber-se que o transmontano e o beirão não confundem ss com x, se bem que a palavra dixe assim se escreveu e pronunciou, como se vê em Gil Vicente, em mais de um lugar.»

(«O que se não deve dizer», de Cândido de Figueiredo, Livraria Clássica Editora de A. M. Teixeira, Lisboa, 1916.)

A água

A propósito, adianto uma interpretação que suponho plausível quando ouço beirões e transmontanos pronunciarem «a i água» ou «eiágua», como soa foneticamente, quando se referem a «a água». Hiato é o encontro de duas vogais que não formam ditongo. Serve de exemplo o recurso à crase, para evitar o som dissonante que o hiato provoca: «para a frente» substituível por «prà frente» ou «para avançar» substituível por «pr’avançar». Se por crase ocorre a supressão de uma semivogal mantendo-se a vogal com o som aberto, a colocação do apóstrofo resolve de modo semelhante a eliminação do hiato, como se pode verificar igualmente no exemplo «olho d’água». Em «a água» beirões e transmontanos solucionam foneticamente a supressão do hiato pela interposição do fonema «i» entre a semivogal e a vogal, mantendo-se os sons originais que as caracterizam e que as tornam distintas, sem necessidade de supressão ou elisão.

:: ::
«Língua Estufada», opinião de José Leitão Baptista
:: ::

Partilhar:

  • WhatsApp
  • Tweet
  • Email
  • Print

Relacionados

Partilhar nas Redes Sociais
Share on Facebook
Share on LinkedIn
Share on Twitter
Share on StumbleUpon
Share on Reddit
Share on Tumblr
Share on Delicious
Share on VK
Share on Whatsapp
José Leitão Baptista

Origens: Sabugal :: :: Rubricas: Revisões :: :: Língua Estufada :: ::

 Previous Article Vítor Proença foi eleito presidente da INOV@TERMAS
Next Article   Açores – ilhas do Pico, São Miguel, São Jorge, Graciosa, Terceira e… Faial (3)

Related Posts

  • Estrangeirismos

    Terça-feira, 6 Maio, 2025
  • Grafia deturpada com e sem til e cedilha

    Terça-feira, 15 Abril, 2025
  • Computorizar e enfrentar o icebergue

    Terça-feira, 8 Abril, 2025

Leave a ReplyCancel reply

Social Media

  • Connect on Facebook
  • Connect on Twitter

RSS

  • RSS - Posts
  • RSS - Comments
© Copyright 2025. Powered to capeiaarraiana.pt by BloomPixel.
 

Loading Comments...