«Alumiava a minha infância…» | Às terças-feiras é tempo da poesia de Georgina Ferro. A poetisa raiana junta a sua sensibilidade artística ao amor e às memórias pelas gentes e terras raianas…

ALUMIAVA A MINHA INFÂNCIA
É a hora da nossa gente
Já arribar das herdades
Chega o sol ao poente
Os sinos dão as Trindades
Rezam-se as Avé-Marias
Com devoção e respeito
Uso que, todos os dias,
É cumprido com preceito
Lá vem a candeia acesa
Boa noite nos dê Deus
Toalha posta na mesa
Memória de tempos meus
A candeia de azeite
Ilumina poucochinho
Só dá para quem se ajeite
A passar o serão, sozinho.
Acende-se lamparina
À Sagrada família
E reza-se de surdina
Durante uma vigília
Para velada comprida
Tem que ser de candeeiro
Baixa-se um pouco a torcida
E põe-se em lugar altaneiro
O petromax é tão raro
Dá luz para se ver bem
Mas, como é muito caro,
Poucos têm, ou ninguém!…
Se se vai só à taberna
Já pelo escurecer
Alumia-nos a lanterna
Que mal dá para se ver
Mas para tratar do gado
O candeeiro de mão
É, de todos, o mais usado
Em qualquer ocasião
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«Gentes e lugares do meu antanho», poesia de Georgina Ferro
(Poetisa no Capeia Arraiana desde Novembro de 2020)
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