A Barragem do Sabugal no rio Côa foi inaugurada no dia 1 de março de 2000. Em junho de 2004 ficou para a história mais uma data marcante quando a tuneladora completou finalmente a ligação entre as barragens da Senhora da Graça e da Meimoa. No projeto inicial estava prevista a possibilidade de duplicação do caudal de água a transferir para a Cova da Beira. Hoje, em nota discreta, foi confirmado pelo Ministério do Ambiente a conclusão do estudo e que foi dada luz verde para o início dos trabalhos de duplicação do transvase de água da barragem do Sabugal para a Cova da Beira. E já agora quem foi Bianchi de Aguiar?
(Atualização) Esta «notícia» publicada no «Capeia Arraiana» não é verdadeira e fez parte da tradição jornalística do primeiro de abril.

E o nome Bianchi de Aguiar… diz-nos alguma coisa?
Em 1996 era António Guterres primeiro-ministro de Portugal. Após muita polémica e contestação e depois de ouvidos os especialistas acerca da importância histórica das gravuras do Côa e dos muitos locais que se foram descobrindo desde 1991 decidiu abandonar a construção da barragem.
Não sabemos se essa decisão influenciou a construção da barragem do Sabugal que foi inaugurada em 1 de março de 2000 mas é um fato indesmentível aos dias de hoje que o contrato e as contrapartidas para o concelho do Sabugal foram ignoradas e muito, muito mal negociadas. Diria até que foram decisões de lesa-pátria ou se preferirem os puritanos da língua de lesa-concelho que nos afetam para sempre.
Em 17 de outubro de 2019 escrevia Ramiro Matos no «Capeia Arraiana»:
«E há duas verdades que não vale a pena escamotear:
1) A barragem só foi construída para fazer o transvase de água da bacia hidrográfica do Douro para a do Tejo, em que as barragens do Sabugal e da Meimoa eram elementos fundamentais. E este transvase era necessário porque era a única forma de garantir em permanência água para a rega da Cova da Beira. Pode estar nos documentos oficiais muita coisa, mas, preto no branco, foi para isto que a barragem foi construída;
2) A opção tomada, não a nível regional, mas a nível nacional, foi a de entregar a gestão dos sistemas de rega a Associações de Regantes, com as consequências que se registam em todo o país (e sei do que falo, pois conheço bem o que se passa na Lezíria do Tejo ou na bacia do Trancão). Esta opção foi claramente um erro, pois, na prática, significa deixar a gestão de uma coisa pública, a água, nas mãos de privados, sem acautelar o interesse público. E não acredito que qualquer poder público tenha a coragem de reverter esta situação.»
A 1 de julho de 2004 escrevia Luís Martins no jornal «O Interior»:
«Viveu-se um momento histórico na passada quarta-feira no Sabugal quando a tuneladora completou finalmente a ligação entre as barragens da Sra. da Graça e da Meimoa. À falta de champanhe, as palmas dos trabalhadores selaram um acontecimento que vai tornar possível o primeiro transvase português, entre a bacia do Douro-Côa e a do Tejo-Zêzere, mas também a conclusão de um circuito hidráulico com mais de quatro quilómetros que irá permitir concretizar o tão esperado regadio da Cova da Beira. Num futuro cada vez mais próximo, 5.800 explorações agrícolas dos concelhos da Covilhã, Fundão, Penamacor e Sabugal beneficiarão da água transportada em 58 quilómetros de condutas. O Governo estima que todo o projecto poderá estar concluído até 2010.»
E quem veio inaugurar e apadrinhar uma obra de tamanho importância para a Beira Baixa (sim, para a Beira Baixa) e para o País foi um ilustre desconhecido com a pasta de secretário de Estado do Desenvolvimento Rural (!) que dava pelo nome de… Bianchi de Aguiar.
Mas voltando ao presente o «Capeia Arraiana» está em condições de avançar que foi concluído e aprovado o estudo e o projeto e foi dada luz verde no Ministério do Ambiente para que sejam iniciados os trabalhos de duplicação do canal de transvase que liga a Barragem do Sabugal à Cova da Beira.
Em tempos que a água voltou a «valer ouro» resta-nos, como sabugalenses, continuar a respeitar e defender as margens e o nome do «nosso» Rio Côa.
(Esta notícia está em atualização.)
:: ::
José Carlos Lages
Leave a Reply