Há mais de uma década conheci na cidade da Guarda, onde nasceu, Joana Pinheiro Lourenço Pereira. Talvez pelo facto de ser casada com um dos meus conterrâneos da Bismula (Sabugal), a nossa empatia foi mais fácil. Após dezassete anos ao serviço da Diocese da Guarda concorreu e foi admitida como Técnica Superior de História, no Serviço de Património Histórico e Arqueologia da Câmara Municipal da Guarda.

Quando conheci Joana Pinheiro Lourenço Pereira verifiquei que estava na presença de uma técnica, com profundos conhecimentos culturais, muito envolvida na causa e na defesa da arte e património nacional regional, principalmente no sector religiosos, como ficará explicito, mais adiante, quando explanar toda a sua formação académica e prática.
Quando estudava na Escola Apostólica de Gouveia, tive a sorte e o privilégio de durante quatro anos, nas disciplinas de português, grego e história, ser aluno do saudoso professor João Castro Nunes, responsável por incutir na mente de todos os alunos, a defesa intransigente do património histórico e religioso das nossas comunidades, muitas vezes delapidado. Nas férias fazíamos escavações arqueológicas, visitávamos igrejas, museus, castelos… Abstenho-me de salientar e referir quem na opinião abalizada daquele Mestre eram os grandes depredadores da arte sacra.
Com este meu passado escolar foi um privilégio conhecer pessoalmente Joana Pereira, licenciada pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, em História, variante História da Arte (1999-2003).
A técnica a que me tenho referido iniciou o seu percurso profissional (estágio profissional) em Junho de 2004 na Câmara Municipal da Guarda onde se manteve até Janeiro de 2005. Nesta instituição desenvolveu várias actividades como exposições, e o levantamento da Estatuária, Museus e Casas Museu no concelho da Guarda. Ainda no Município da Guarda e no que respeita à produção esteve ligada à revista «Praça Velha», aos cadernos «O Fio da Memória» (em diversos números), ao «Ar Livro», à exposição «A Memória das coisas – Objectos e Afectos», ao «Ciclo Ser Diferente», ao catálogo, «Abaixo do Zero» e ao livro «Práticas e Memórias Culturais, numa Aldeia da Serra da Estrela».
No ano de 2005 realizou formação de apoio científico e educativo em museus, museologia, gestão de projectos, montagem de exposições e circulação de acervos e pouco depois assume funções de Historiadora de Arte, no Museu da Guarda onde teve como funções principais o inventário das colecções de arqueologia, numismática, arte sacra e cerâmica.
Em Outubro de 2007 deu os primeiros passos profissionais na Diocese da Guarda e em Março do corrente ano fechou um ciclo.
Como responsável pela implementação do «Projecto de Inventário Património Imóvel e Móvel da Diocese da Guarda», entre 2007 e 2017, realizou o inventário em 258 Paróquias, inseridas nos respectivos Arciprestados. Assim, inventariou quarenta e oito paróquias no Arciprestado de Pinhel-Castelo Rodrigo, sessenta e uma no Arciprestado Sabugal-Almeida, cinquenta e duas no Arciprestado de Seia-Gouveia, cinquenta e duas no Arciprestado Trancoso-Celorico Beira, vinte e seis no Arciprestado de Guarda-Manteigas, doze no Arciprestado Fundão-Penamacor e sete no Arciprestado Covilhã-Belmonte.
Cabe referir que enquanto profissional da Diocese da Guarda realizou, em 2013, Mestrado em Museologia, onde defendeu a tese «Do projecto de inventário do património religioso ao objectivo de criação de um Museu na Diocese da Guarda» (a Associação Portuguesa de Museologia atribuiu-lhe, em 2014, o prémio na categoria «Estudo sobre Museologia»).
No âmbito da Museologia, em 2022 foi responsável pela implementação do Programa Museológico da ExpoEcclesia da Diocese da Guarda.
Em termos de exposições temporárias foi comissária e ou coordenadora das seguintes exposições temporárias: «Grandes são as obras do Senhor- Seia e Sabugal» (2010); «Diálogos – na beleza dos homens contemplamos a beleza do Criador»; «Mulier, Mater Magistra» (2022), «Verbum et Imago» (2003), «Centenário da Liga dos Servos de Jesus – Obra Herdeira do Pensamento e Espírito de D. João Oliveira Matos – 1924-2024» (2024) e «Ecos do Passado – Grande Órgão da Catedral da Guarda» (Novembro de 2024).
Ao nível das Edições, entre outros, é autora dos textos dos catálogos de exposição «Grandes são as Obras do Senhor – Sabugal e Seia», do «Roteiro das Beiras e Serra da Estrela-Pegadas de Fé» e do «PAR – Património Azulejar Religioso da Diocese da Guarda». Neste livro, pode-se observar da azulejaria no batistério da Bismula. O «Projecto SOS Azulejos», atribuiu à edição o prémio na categoria de «Estudos e Investigação».
No final de dezassete anos ao serviço da Diocese da Guarda, concorreu a um concurso público, onde foi admitida e assumiu funções a 17 de Março, como Técnica Superior de História, no Serviço de Património Histórico e Arqueologia da Câmara Municipal da Guarda. Este serviço é responsável pela investigação, salvaguarda, promoção, conservação e restauro do vasto e rico Património Cultural, (Material e Imaterial), que tem o concelho da Guarda.
Ficou mais pobre a Diocese da Guarda e o Museu ExpoEcclesia, ganharam os serviços culturais e patrimoniais do Município Egitaniense.
Num espaço clerical masculino e não só, em que alguns e algumas colocaram em dúvida as aptidões universitárias e os diversos conhecimentos patrimoniais e da arte de gentes competentes, perante a descrição presente, espero que tenham ficado esclarecidos.
Parte uma técnica (Museóloga e Historiadora de Arte), que esteve ao serviço da Diocese da Guarda, com um trabalho extraordinário, nem sempre reconhecida e compensada…. Sabemos que ninguém é insubstituível, mas há alguns que deixam obra, como a ExpoEcclesia.
Com o seu conhecimento e dinamismo terá êxito no novo Serviço, desejo-lhe os melhores êxitos culturais e profissionais.
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«Aldeia de Joanes», crónica de António Alves Fernandes
(Cronista no Capeia Arraiana desde Março de 2012)
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