No dia 28 de fevereiro decorreu a apresentação do livro «Noções do Amor», de António Domingos Pedro, com o pseudónimo de «Poeta Cientista».

Quando lancei o meu primeiro livro a sério, que esgotou perto de 500 exemplares fiz um investimento de três mil euros e apresentações em Lisboa, Fundão, Covilhã, Setúbal e na Guarda.
Só em Lisboa vendi perto de 100 livros e enchi a sala com 120 lugares. Na capital, tinha o apoio de familiares, amigos, colegas do trabalho e ainda ex-colegas da faculdade.
Não se se ganhei ou não. O objetivo era ser conhecido por familiares e amigos, que um mau aluno em língua portuguesa conseguiu escrever até à data a sua melhor obra.
Tenho tentado promover escritores e escritoras em Angola e as regras são as mesmas. Só depois de ser conhecido é que pode vir algum sucesso.
Na sexta-feira, 28 de fevereiro, ajudei o jovem António Domingos Pedro que sonhava no seu primeiro livro. Obviamente os valores são comportáveis para eu financiar mas correu riscos desnecessários.
Confiei o trabalho a uma produtora que fez um excelente trabalho. Mas a inocência levou-o a crer nesta juventude que o livro esgotaria.
O jovem insistiu num local agradável mas fora do seu meio. Para além do custo de transporte o leitor ainda tinha de pagar uma quantia considerável, tendo em conta que o seu mercado são pessoas que vivem com algumas dificuldades.
A produtora, também a iniciar este negócio dos livros, ficou apreensiva.
No final transmiti a minha experiência. A ideia de haver apenas um lançamento é um mito. Pode fazer quantos entender, mas escolher as zonas onde estão os amigos e familiares. Não é preciso lanche, nem pagar a um fotógrafo. Há sempre amigos, verdadeiros amigos, que se disponibilizam para o fazer.
E são estes os ensinamentos que vou transmitindo. Esta vida de escrever é muito difícil. E quem espera retorno imediato está enganado. Tem de investir na sua imagem junto do publico, estudar o mercado, e aproveitar os patrocinadores para colocar um preço de venda acessível.
Tudo na vida dá trabalho. Mas primeiro é investir na imagem e depois é que se podem colher frutos, principalmente se conseguir entrar para os media.
Quantas figuras publicas lançam livros e não esgotam em dias?
A poesia tem um excelente mercado em Angola, aliás como tudo que seja cultural. Mas infelizmente a grande maioria das pessoas não consegue comprar ou aceder a espectáculos. Por isso, há muito para ensinar e continuar nesta minha luta de apoiar pessoas com talento. Existem inúmeros clubes de leitura em Luanda onde o potencial autor, ou autora, deve-se inserir. E conhecer a visão de outros leitores, para não falar das obras escolhidas, salientando que são distribuídas em formato digital e são lidas em telemóveis, tablet ou no computador.
No meu caso até dou um apoio suplementar nos media e nas redes sociais.
Por isso quem consegue dar este passo, lançar um livro, só por si é um arranque. Mas se quiser continuar tem de lutar porque o livro já existe, e se for do agrado do público, ele acaba por esgotar.
E também é preciso novas ideias. O lançamento clássico está ultrapassado. E daí ter também apostado na produtora para que tenha criatividade nas soluções para publicitar de uma forma revolucionária os livros em stock.
Ilha de Luanda, 1 de Março de 2025
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«No trilho das minhas memórias», crónica por António José Alçada
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Junho de 2017)
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