O Hospital Real de Todos os Santos foi o principal hospital de Lisboa entre os séculos XVI e XVIII. Foi construído cerca de 1500 e foi demolido cerca de 1775 depois de bastante danificado no grande terramoto. O seu espólio foi transferido para o nosso conhecido Hospital de São José.

HOSPITAL REAL DE TODOS OS SANTOS
em 1492 começou a ser construído
inspirado em hospitais italianos
no reinado de D. João II concebido
para aglutinar hospícios medianos
no reinado de D. Manuel I concluído
ao fim de cerca de catorze anos
a Todos os Santos consagrado
o hospital foi assim chamado
situado na Praça da Figueira atual
para o Rossio ficavam voltadas
a fachada e a entrada principal
assim como um corredor com arcadas
ao centro de uma frontaria monumental
ficava a igreja com acesso por escadas
a fachada do templo era espectacular
no estilo gótico um belo exemplar
as instalações do hospital albergavam
farmácia cozinha e o refeitório
algumas enfermarias possibilitavam
acesso ao altar para o oratório
os doentes nobres beneficiavam
de um tratamento mais finório
o hospital tinha serviço de urgência
e uma ala à parte para a demência
inaugurado com quatro enfermarias
o serviço foi bastas vezes ampliado
para acudir às brutais epidemias
e a cada paciente necessitado
os doentes eram divididos por patologias
e até com cemitério estava equipado
os com sífilis eram segregados
e como pecadores eram isolados
gerido por um Provedor
pelo Rei de Portugal nomeado
em 1530 muda de gestor
e o congregado Evangelista é designado
até que em 1564 o administrador
é pela misericórdia indicado
e enquanto o hospital existiu
foi a Santa Casa que o geriu
resistiu firme a cada sismo
foi por incêndios destruído
fazendo face a cada cataclismo
o hospital foi sempre reconstruído
em 1755 foi com grande estoicismo
que como pôde tratou cada ferido
o terramoto e o incêndio brutal
destruíram mais de metade do hospital
ainda se iniciou a regeneração
e por mais vinte anos laborou
embora limitado na sua ação
até que a reabilitação da baixa originou
que se procedesse à sua demolição
e os doentes e todo o pessoal transitou
para um novo hospital ali ao pé
que ainda existe e se chama de São José

Hospital Real de Todos os Santos também conhecido como Hospital dos pobres
Mandado construir por D. João II terá juntado licenças papais de mais de quarenta pequenos hospitais e enfermarias de Lisboa cada um encomendado ao seu Santo daí que numa decisão politicamente correta o seu nome fosse Hospital Real de Todos os Santos para não ferir certamente nenhuma susceptibilidade dos pequenos hospitais que lhe estavam na origem.
Foi o hospital central de Lisboa durante quase três séculos e sobre a sua importância o facto de ser conhecido também como hospital dos pobres deixa claro a sua função social.
A sua dimensão devia de ser gigantesca a avaliar pelo terreno que ocupava onde é hoje a Praça da Figueira e onde foram descobertos vários vestígios do hospital aquando de escavações e da feitura do parque de estacionamento.
A igreja central do edifício era imponente no estilo manuelino o chamado gótico português, destruído pelo terramoto e pelo incêndio subsequente os anos seguintes foram certamente difíceis e de alguma indefinição. Em parte reconstruído terá continuado a laborar como podia mas viria a ser transferido para o colégio de Santo Antão devoluto depois de confiscado aos jesuítas aí seria construído o Hospital de São José que ainda hoje conhecemos e que mantém o seu nome em memória do Rei D. José I.
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«Quiosque da Sorte», poesia de Luís Fernando Lopes
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