No ano em que se comemoram 50 anos da Casa do Concelho do Sabugal e se renova o registo de Património Imaterial da Capeia Arraiana por mais dez anos há que fazer algo mais. Manter «mais uma», só porque é fora de portas, não é solução nem acrescenta valor. Exatamente porque é fora de portas, tem que ser diferente. Tem que ser «embaixadora» de todas as capeias, e, mais que folclore, artesãos ou bandas de música, necessita de grupos organizados no forcão e promoção do que importa, os produtos que se «exportam» e criam riqueza.

Nota prévia
Embora, para além Presidente da Direção da AHBV Sabugal, seja também secretário da direção da Casa do Concelho do Sabugal, as opiniões expressas são pessoais e da minha exclusiva responsabilidade.
Não representam qualquer posição coletiva da Casa, independentemente de os restantes diretores concordarem ou não com elas.
No ano em que a Casa do Concelho do Sabugal em Lisboa comemora o «Cinquentenário» e o Sabugal vê renovada a condição de Património Imaterial para a Capeia Arraiana, importa, não só homenagear os do passado, fazer uma reflexão sobre a história, mas sobretudo pensar o futuro.
Importa pensar que a «Casa» já teve as mais diversas funções: centro de convívio e bar: Nos anos 70 não havia tertúlias sem bar. Podiam ser tertúlias de marcado cariz político, como não tenho dúvidas que as da «Casa» terão sido, independentemente das tendências que não vêm agora ao caso, mas tinham bar. Tinham que ter!
Depois, no fim da década de 80, a «Galeria de Arte da Casa», inaugurada com pompa pelo então Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Kruz Abecassis. E bar ao mesmo tempo. Não colava, o sucesso não terá sido o esperado.
Duarante anos, com diversas direções, foi mais ou menos restaurante e bar ou vice-versa, que levou ao que é agora, espaço de convívios (programados) de sócios e amigos e de publicidade ao Concelho e aos seus produtos.

Primeira Capeia Arraiana foi no Campo Pequeno
O que se manteve inalterado? Ou quase? A «Capeia da Casa» anualmente na região da Grande Lisboa. Mudou de local, andou de praça em praça, mas foi-se realizando.
De Lisboa a Vila Franca, de Sobral de Monte Agraço ao Seixal, da Moita ao Montijo, passando ainda por outras localidades que agora não recordo. Não necessariamente por esta ordem, assim se chegou à quadragésima segunda que se realizou no ano passado no Montijo.
«Mantê-la ou não?»… eis a questão.
O concelho do Sabugal para além das paisagens naturais que ainda não conseguiu «vender a sério», tem as Capeias e o Presépio. O Circuito 5 Quinas (trail) será uma boa ajuda.
Porque tem o presépio o sucesso que tem? Porque tem sido e é devidamente promovido. Talvez também pela época.
E as capeias… Será que o sucesso é o mesmo? Ou existem porque estão no sangue das gentes da Raia? Aposto na segunda hipótese. O turismo das capeias, sendo importante, como é óbvio até pela dimensão e quantidade de gente, é de gente com raizes na Raia. A capeia, mesmo com a condição de património renovada por mais dez anos, ainda não foi vendida ao mundo, nem sequer ao país ou à região. Forasteiros que se deslocam nos dias das capeias, vêm, não pela capeia em si, mas pelo ambiente que se gera, por partilhar um dia com os amigos, em terras com mesa sempre posta.
Pretendendo a «Casa» (e a Câmara que para isso muito tem contribuído) ser embaixadora do Concelho na capital e arredores, compete-lhe promover também a Capeia como forma de expressão das gentes raianas. E tem-no feito. Está a ser preparada para este ano a quadragésima terceira, o que significa que tendo começado em 1978 só falhou cinco anos, alguns pela pandemia.
O que tem que ser amplamente discutido antes de avançar para o que pode ser mais um custo para a «Casa» (custo, porque o resultado líquido da capeia ou ronda o zero ou é negativo, como ainda o último foi), é o figurino e a «venda».
Venda a que público, e onde? Na Raia está vendida, mas não há grande abertura da generalidade das autarquias (Juntas de Freguesia, excetuemos Sabugal e Foios) para o financiamento de gente a sair da área. Estão mais disponíveis para tentar trazer gente e, bem, não podemos censurá-los por isso.
Também talvez porque não está ainda demonstrado que o evento seja realmente mais que um encontro de sabugalenses.
Em reunião com o Executivo Municipal na preparação da de 2023, entendi que a «Capeia», fora do seu habitat natural que é a Raia, só tem viabilidade através de uma sólida parceria com um Município local, que garanta infraestruturas e logística, e a possivel «venda» como destino, em territórios sem relação com a Capeia, mas afetos aos toiros. Sobretudo, mas não só.
O Município tem de decidir o que quer da Capeia fora da Raia…
«Não tem interesse?» Muito bem, amigos à mesma, mas partamos para outra. Há outras formas de juntar as pessoas na diáspora se disso houver vontade ou se sentir necessidade.
«Entende que é interessante para a divulgação do Concelho?» Então vamos pensá-la, divulgá-la e «vendê-la» a sério.
Com todo o respeito que me merecem o folclore e o artesanato, entendo que investir na deslocação destes à Capeia não é solução, nem acrescenta valor. Dir-me-ão que é também promoção desses agentes, mas com que resultado? Compensa o investimento? São os próprios a achar que não.
Se há interesse na continuidade da Capeia fora de portas, vamos investir esse dinheiro numa promoção eficaz, que torne o evento realmente promoção do Concelho, e não apenas um «Encontro de Sabugalenses».
Colocar agências de turismo a «vender» o evento numa viagem a Lisboa, seria uma possibilidade. A Capeia, no habitat natural, está mais que «vendida». Se se pretende a sua continuidade, tem que ser «bem vendida» fora dessa área.

Capeia Arraiana é Património Cultural Imaterial
Há dez anos, quando do registo como património imaterial, algo se fez, que levou até aldeias a «ressucitá-la», pelos subsídios.
No ano em que se renova essa condição há que fazer algo mais. Manter «mais uma», só porque é fora de portas, não é solução nem acrescenta valor. Exatamente porque é fora de portas, tem que ser diferente. Tem que ser «Embaixadora» de todas as capeias, e, mais que folclore, artesãos ou bandas de música, necessita de grupos organizados no forcão e promoção do que importa, que são os produtos que se «exportam». A Capeia em Lisboa, sem ter à venda os produtos de cá, fica «meia despida». E porque não, a marca «Algu do Sabugal», se se quer dinamizar fazer um evento promocional idêntico aos que têm decorrido nas Batocas?
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