Não querendo depreciar o inverno, confesso que lhe reconheço sinais de melancolia. Vejo-lha no amontoar das nuvens. Noto-lha nos sopros do vento. Oiço-lha nos sons e nas canções da chuva. Escuto-lha nos cânticos chorados das aves, e na cuidadosa inquietação dos animais, em terra. Pressinto-lha na rigidez gélida dos rostos humanos.

O inverno é, pois, uma quadra de ar pesado, um tempo coercivo que fecha as pessoas às pessoas, que apressa os dias curtos e que oferece tédio às noites longas.
A invernada vive em ruas pardacentas, varridas de ventos ferozes que magoam a face de quem se atreve a transitar.
Mas, hoje, assisti ao milagre do sol.
Fluía o dia e regozijava-se a manhã com a fuga das nuvens, com o rasgar das névoas, com o romper de um sorriso solarengo, aberto, fino e subtil.
O sol, no seu ar milagroso, deu vida ao estar das árvores, clareou a cor das casas, deu brilho aos verdes dos campos e fez fulgor nos jardins da cidade.
Acordar para uma manhã de sol de inverno, é nascer para uma claridade mágica que felicita as gentes e calenta as atinentes envolvências.
Animei-me, pois, nas emoções e, sem mais demoras, quis cumprimentar toda a gente. A todos e a cada um eu quis desejar um dia feliz.
:: ::
«Terras do Jarmelo», crónica de Fernando Capelo
(Cronista no Capeia Arraiana desde Maio de 2011)
:: ::
Leave a Reply