Na quinta-feira, 13 de fevereiro, Joaquim Tenreira Martins, natural de Vale de Espinho, apresentou o livro «Memórias e Afectos» no dia de comemorações de 50 anos da Casa do Concelho do Sabugal. Marcaram presença a família, muitos amigos e valedeespinheiros que ouviram as análises ao livro de José Carlos Lages (capeiaarraiana.pt), João Varandas Fernandes (médico) e Pina Monteiro (general ex-CEMGFA). Pela «Casa» apresentou comprimentos de boas-vindas em dia tão especial o presidente da direção, Joaquim Corista.

O encontro estava marcado para as 13 horas do dia 13 de fevereiro para degustar ao almoço o famoso «Bacalhau à Moda do Sabugal» da «Casa». O autor, Joaquim Tenreira Martins, aproveitou para fazer algumas dedicatórias nos livros de amigos e familiares enquanto ia trocando algumas impressões e recordando alguns episódios de infância.
Findo o almoço era tempo de iniciar a apresentação do livro «Memórias e Afectos» que estava marcada para as 15 horas. Perante uma plateia com muitos naturais de Vale de Espinho o presidente da direção da «Casa», Joaquim Corista, agradeceu a presença de todos e recordou a importância do dia porque tinha sido à 50 anos atrás que tinha sido assinada a escritura de constituição da Casa do Concelho do Sabugal.
José Carlos Lages agradeceu o convite para escrever um dos prefácios (tal como Francisco Barbeira) e descreveu os sentimentos que lhe transmitiram a leitura da obra… «Neste livro contam as ilustres personalidades, contam as tradições (e as suas conversas com o senhor Bucho), contam os gestos (e o seu fascínio pelo erotismo dos botões), contam o «aeiou» e as avós, contam os que estão fora e… todos os que contam», referiu acrescentando que «a família e a inevitabilidade da emigração é retratada em crónicas com muito sentimento onde o autor, também ele emigrante, vai ao encontro de familiares e amigos com ligações a Vale de Espinho na Argentina ou nos Estados Unidos. São documentos preciosos para manter viva a memória e a história das nossas terras e das nossas gentes. Para Joaquim Tenreira Martins o saco das memórias e as tradições contam no seu sentido de vida e da vida com sentido até porque… “Na minha aldeia ninguém morria sozinho!”»
Foi depois a vez de João Varandas Fernandes, médico com raízes em Vale de Espinho, que segundo Tenreira Martins «foi convidado um destes dias para vir à apresentação do livro quando estava sentado porta da sua casa na aldeia»…
«Não é um livro de romance, é uma obra que merece ser lida e respeitada e diz muito a quem é raiano. Nestes últimos tempos tenho ido mais vezes à aldeia um pouco por causa de ter herdado e recuperado as casas dos meus avós. O autor tem uma inteligência aberta ao mundo global e conseguiu escrever um livro que é muito mais do memórias e afectos mas também de saudade e amor por aquela região. Relembra a diáspora e figuras da nossa terra que já não existem mas que merecem todo o nosso respeito. Recorda o meu primo o matemático e humanista dr. Henrique Varandas, o professor Albino Lopes, o padre Domingos Moreira, o escritor Vergílio Pereira Ramos, o atleta Manuel Marques, o padre Carlos, o inspetor Artur Madaleno… tudo figuras importantes de uma terra tão pequena mas com gente tão importante. Aliás eu defendo em todo o lado a Beira Alta e as suas gentes. Neste livro há também lugar para as tradições, a gastronomia e a diáspora sabugalense», destacou o famoso médico.
Foi depois a vez de Pina Monteiro destacar alguns aspetos do livro…
«Saúdo-o por ter escrito este livro. Mas cedo ou mais tarde tem de acabar o afunilamento do Interior pelo litoral onde se vive cada vez pior. Em 47 anos e quatro meses que estive no serviço ativo tive sempre duas ideias fundamentais, unidade e coesão. Nasci em Vila Fernando mas a minha juventude tem as suas raízes no Baraçal do Côa onde passava as minhas férias grandes com o meu avô e vivi e senti o que era ser do Sabugal. Mais tarde conheci a minha mulher que nasceu em Pousafoles do Bispo. Em Bruxelas o autor convidou-me para almoçar em sua casa a propósito do livro “Invasões Francesas” onde o almoço foi bucho raiano. E pergunto-me se atualmente temos em Portugal unidade e coesão para fazer frente aos problemas dos nossos tempos. A unidade é sulfatada com memórias e os afectos com a coesão. Olhamos à nossa volta e parece que tudo muda todos os dias. As pequenas potências sempre resistiram graças à mobilização das suas vontades mas parece que nos estamos a esquecer daqueles que deram a vida pelas nossas fronteiras.»
E inesperadamente… a irmã Olívia de Tenreira Martins pede a palavra para intervir e ler umas linhas que tinha escrito surpreendendo e emocionando o autor…
«Sou a irmã mais velha do nosso escritor e quero aproveitar para o elogiar porque constantemente nos está a valorizar e destacar. A aldeia é um lugar solidário. Todos sabiam que a Ti Cândida, mulher do ti Zé Sacristão, estava grávida. Nós eramos quatro meninas e todos esperavam que fosse um rapaz e assim foi. Nasceu um rapaz forte e bonito. O nosso escritor cresceu e foi para o Seminário do Fundão porque a minha mãe não escondia que gostava de ter um filho padre. Mas o nosso escritor entendeu seguir outros caminhos e foi para Bruxelas onde continuou os seus estudos. Com os livros que escreveu mostra grandes conhecimentos e faz-nos recordar pessoas e lugares que já desapareceram. Desejamos que a fonte onde o autor vai beber não se esgote.»
Por fim o autor dirigiu agradecimentos a todos pela sua presença. O momento literário foi ainda enriquecido pela declamação de dois poemas de José Antunes Fino («Solidão» e «Valentina») e de Narciso Videira.
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Redação do Capeia Arraiana
(capeiaarraiana.pt)
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