:: :: 1999 (1) :: :: Vale de Espinho, a serra da Gardunha, o regresso ao Alvão e ao Gerês… como orientador de estágio, a arriba fóssil da Costa da Caparica, do Portinho da Arrábida à Serra d’Aire e ao Almanzor e mais uma semana nos Picos de Europa.

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1999
(primeira parte)
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Mais uma semana nos Picos de Europa
De 1 a 7 de Maio de 1999 o Clube «Amigos da Natureza» voltou a sair, desta vez com as turmas do 11.º e 12.º anos, de Ciências e de Humanísticas. Professores, éramos só três: «O pastor» que «guia o seu rebanho», o autor dessas e de outras linhas e uma estreante nestas «andanças», a nossa colega de História e grande amiga. Destino… Picos de Europa! Um primeiro dia de viagem e estávamos em Cangas de Onís onde a estreante comprou umas botas para a caminhada que se avizinhava!
A subida a Covadonga e aos Lagos prendeu desde logo a respiração de mais este grupo de alunos. Pessoalmente, em tantos anos de «aventuras» nos mesmo locais, as sensações nunca foram as mesmas. As panorâmicas, as cores, o fresco das pastagens de altitude, a água dos lagos ou dos rios, nada é igual.
Os bungalows do camping «Naranjo de Bulnes», em Arenas de Cabrales, foram mais uma vez o nosso poiso durante duas noites. E no dia 3 de Maio era… «tempo de aventura»: tínhamos pela frente a Garganta do Cares. Mas, ao contrário de 97, fizemos primeiro o percurso a pé, no sentido Poncebos-Caín, Caín onde nos esperavam os jeeps, para outra fabulosa travessia do maciço central.
Todo o percurso foi portanto em sentido inverso ao efectuado dois anos antes. Por Posada de Valdeón e Santa Marina, subimos aos Puertos de Pandetrave e Valcavao, descendo a Fuente De e Espinama, voltando a subir aos Puertos de Aliva, voltando a descer às Vegas de Sotres e a Sotres, e, finalmente, regressando a Arenas de Cabrales. 70 quilómetros de uma aventura memorável! Perto de Valcavao, um dos jeeps largou a roda suplente, presa sob o chassis! Uns anos mais tarde, próximo de Vale de Espinho comigo aconteceria pior!
No jeep em que iam os «profs», o motorista e guia fazia-nos ouvir uma muito agradável musiquinha, com sabor a tradicional e a gaitas de foles. A minha então relativamente recente mas crescente paixão pela música folk, aguçou-me desde logo a atenção e o ouvido. E o nosso guia esclareceu tratar-se do gaiteiro asturiano Hevia e do seu primeiro CD, saído há menos de um ano: «Tierra de Nadie». Hevia viria a ser bem conhecido e divulgado, inclusive em Portugal, principalmente o tema «Busindre Reel». Hevia foi assim, casualmente e no enquadramento natural das montanhas de Astúrias, o meu primeiro contacto com a música folk e tradicional asturiana, que nos anos seguintes fui conhecendo cada vez mais e melhor, juntamente com a das restantes comunidades do norte peninsular.
O programa dos dias seguintes foi também muito semelhante ao efectuado dois anos antes. O velho Camping «La Isla-Picos de Europa», próximo de Potes, recebeu-nos para as duas noites seguintes, sendo o dia 5 de Maio reservado à subida de teleférico ao Balcón del Cable, em Fuente De. As duas simpáticas senhoras responsáveis pelo Camping já conheciam o meu habitual pacto com São Pedro, no que respeita à meteorologia. Não me esqueço do espanto da frase com que uma delas me brindou, ao afirmar-me que estava a chover em toda a Espanha menos em Potes! O que ouvíamos na televisão confirmava-o mas nós tínhamos Sol! Tivesse eu vivido na idade média e seguramente teria ido parar às fogueiras!
E nessa esplêndida manhã de Sol, sob os olhares atentos dos Picos de Peña Vieja e Peña Remoña, cada um iria encontrar nas alturas a sua forma de viver e de sentir aqueles momentos, a sua forma de viver a liberdade e a Natureza.
À tarde, regressados ao vale de Liébana, esperava-nos ainda a visita ao Mosteiro de Santo Toribio, onde desta vez tivemos até um excelente sermão que cativou todo o grupo, jovens ou menos jovens.
Dias 6 e 7 foi o regresso a casa, com as obrigatórias visitas a Santillana del Mar e a Santander. A escala intermediária foi de novo em Osorno, tal como em 1997. E ainda houve lugar, como então, a uma curta visita a Salamanca.
Estas «aventuras» nos Picos de Europa deixaram também testemunhos escritos, sentimentos e vivências transmitidas:
«Definitivamente, os Picos estavam “lá em cima”!» (Ricardo Medina).
«É difícil, mas não impossível, viver sete dias emocionantes, tendo simultaneamente sossego, paz, tranquilidade e uma euforia que ultrapassa o nosso mais íntimo ser. Adorei!» (Elsa Teixeira).
«Quem nos dera ter o poder de escrever e de expressar coisas tão belas e profundas como aquelas que vimos e sentimos.» (Lúcia Coelho e Rita Mestre).
«Quero, tão somente, agradecer ao professor Callixto a realização desta visita, possibilitando que a beleza e a grandiosidade dos acontecimentos desta tenham dado um novo sentido à minha vida.» (Sónia Cordeiro).
«Subi montanhas, atravessei vales, levei com chuva, mas tudo o que passei valeu a pena, ao encher os pulmões com o fresco ar da montanha, as maravilhosas vistas, a Natureza.» (Eduardo Leandro).
«7 dias… 7 dias de alegria, de novas amizades especialmente vividas, 7 dias que ficarão para sempre guardados e relembrados com o doce sabor da saudade.» (Ricardo Monteiro).
«Senti estes dias como se tivesse 18 anos. Os companheiros, a “Naturaleza” e o “mestre” deram-me essa possibilidade.» (Maria da Graça Brandão, professora).
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Da arriba fóssil da Costa da Caparica, Portinho da Arrábida à Serra d’Aire e ao Almanzor
Duas semanas depois das «aventuras» no Gerês, juntávamos as turmas do 10.º ano que nelas tinham participado com uma turma de 8.º ano do meu núcleo de estágio. Uma «mistura explosiva»? Não… um saudável dia de camaradagem entre jovens de idades diferentes, nas arribas fósseis da Caparica e na velha Arrábida. Próximo da Fonte da Telha, assistimos à cena caricata do autocarro enterrado na areia tendo de ser substituído por outro! E no Cabo Espichel, descemos à praia dos Lagosteiros para depois subirmos a Pedra da Mua. Só no início do século XX as pegadas ali existentes foram reconhecidas como sendo de dinossáurios; segundo a lenda, em 1410 teria sido avistada a Virgem Maria a subir a arriba montada numa mula, cujas pegadas teriam ficado impressas na rocha!
Esta «escalada» da Pedra da Mua, até à Ermida seria épica! E do Cabo Espichel passámos ao Portinho da Arrábida onde ainda houve lugar a banhos!
Ainda nesse mesmo mês de Março, no dia 24 foi a vez de levar as três turmas do 7.º ano e a turma de 8.º ano do núcleo de estágio à Serra d’Aire, incluindo as Grutas de Mira d’Aire. De Mira d’Aire subimos ao alto de Alvados, depois descemos o vale a pé. O autocarro esperava-nos junto ao velho «Café da Bica». Quantos anos se haviam passado, desde os velhos acampamentos da Espeleologia…
No final de Março e início de Abril de 1999, já em férias da Páscoa, pegámos na autocaravana (sem alunos) e fizemos seis dias a dois pela Serra de Gredos. A caminho de Plasencia, começámos por recordar Monfragüe, terminando essa primeira jornada em Jarandilla de la Vera, bem à vista já dos cumes de Gredos. Próximo, visitámos o histórico Mosteiro de Yuste, onde morreu Carlos V.
Até hoje, sem nenhuma razão especial, foi a única vez que nos entregámos à Serra de Gredos mas no dia 1 de Abril de 1999 fizemos ambos uma fabulosa caminhada, maioritariamente em neve, bem no coração de Gredos. Tínhamos contornado a serra por Arenas de San Pedro e Hoyos del Espino, povoação a partir da qual avançámos à «conquista» do Pico Almanzor. No alto dos seus quase 2600 metros de altitude, o Almanzor era visível de quase todo o lado. Claro que não era provável atingi-lo naquela altura do ano mas não ficámos longe. O percurso a pé levou-nos do fim da estrada até ao Refúgio Elola, a 2100 metros, no trilho para o Almanzor e para a Laguna Grande de Gredos. A sensação de pertencermos à montanha era completa. Sobre um manto branco, a contrastar com um céu por vezes cinzento chumbo, à medida que avançávamos sentíamo-nos quase transportados para os Himalaias. Ao longo do trilho, pouco perceptível na neve, numerosos grupos de montanhistas altamente equipados passavam por nós em ambos os sentidos. O Refúgio Elola tem, pelos vistos, uma procura assídua no início de Primavera. Limitámo-nos a ir até lá, daí para a frente e naquelas condições de neve era «areia» demais para nós. O Pico Almanzor ficaria para outras «núpcias» que contudo ainda não se concretizaram. Vê-lo-íamos de novo no dia seguinte, ao descer já a Serra pelo lado norte, pelo Puerto de Tornavacas.
O regresso a casa fizemo-lo por Valencia de Alcantara, Marvão, Castelo de Vide e ainda pela alentejana Serra de São Mamede. No dia 3 de Abril estávamos em casa.
E pouco mais de uma semana depois, a 15 de Abril, estava de novo «em campo», com as turmas do Núcleo de Estágio, na Tapada de Mafra e no Penedo de Lexim, ensinando-lhes a reconhecer a disjunção colunar naquela chaminé vulcânica, próxima também de Mafra.
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Regresso ao Alvão e ao Gerês… como orientador de estágio
No ano lectivo de 1998/1999 – 22 anos depois do Estágio Pedagógico, no então Liceu Padre António Vieira, e de me ter tornado professor – aceito uma proposta para orientar estágios do ramo educacional da Licenciatura em Biologia e Geologia. São então colocados três estagiários na Escola Secundária de Sacavém, sob minha coordenação, em estreita ligação com a Faculdade de Ciências de Lisboa.
Evidentemente que um dos valores que desde logo quis transmitir aos meus jovens estagiários, foi a concepção de escola aberta, de uma escola para além da escola, da íntima ligação com o mundo real e com a Natureza «apregoada» e «esquematizada» nos programas curriculares. Assim, no âmbito do núcleo de estágio, recuperámos a ideia do velho Clube «Amigos da Natureza», em que tanto as minhas turmas como as dos meus estagiários funcionaram como polo dinamizador de diversas actividades de campo, da Arrábida à Serra d’Aire, ao Alvão, ao Gerês… aos Picos de Europa!
A primeira foi de 3 a 6 de Março. Destino: Alvão e Gerês! Turmas: 10.º-1A e 10.º-1C. Alguns destes alunos e alunas vinham de trás, tinham sido meus no 7.º e 8.º anos, tinham participado nas «aventuras» na Tapada de Mafra e Serra d’Aire, em 95/96, e no Gerês em 96/97. Mais um conjunto de alunos que fez história na Escola e nas minhas recordações!
No dia 3 de Março de 1999, partíamos portanto para Trás-os-Montes, bem cedo, que o dia era longo. Primeira escala: o Parque Natural do Alvão. Numa tarde muito cinzenta e meio chuvosa, a «aldeia perdida» de Lamas de Olo parecia mais perdida ainda principalmente para olhos que nunca tinham visto aquele outro mundo.
«É uma daquelas aldeias que parecem perdidas no tempo, com as ruas de pedra cobertas dos “presentes” das vaquinhas e das cabrinhas!! Estava imenso frio e uma chuva que até doía!!
Por volta das 18:45 horas chegámos a Pitões das Júnias, uma aldeia serrana, situada no planalto da Mourela, frente aos picos mais altos da Serra do Gerês, os Cornos das Alturas e… estava a nevar! É verdade! Alguns de nós nunca tinham visto nevar e pudemos confirmar que é uma experiência única! Chegámos àquela aldeia serrana e deparámo-nos com um lindo manto branco que nos veio cumprimentar!»
(descrito por Cristiana Franco, aluna, no site do Clube «Amigos da Natureza», Março de 1999)
E mais uma vez a Sra. Maria, na sua «Casa do Preto», recebeu um grupo de alunos, a somar aos tantos outros que já lhe havia levado.
No dia 4 de manhã o espectáculo era grandioso. Tinha nevado toda a noite!
«Ao abrirmos as janelas dos quartos, não podíamos ser surpreendidos com melhor espectáculo: as ruas, os telhados, os campos… tudo coberto de neve!! Completamente indescritível!» (idem)
E foi sob pequenos nevões intervalados com pequenas abertas que descemos ao Mosteiro e à Cascata de Pitões. Um ou dois bonecos de neve ficaram durante algum tempo a marcar a passagem do nosso grupo…
Em tantas e tantas «aventuras», este foi o único ano em que tivemos de cancelar a visita a Tourém. A estrada que desce da Mourela àquela «aldeia perdida» estava completamente coberta pela neve. Tourém estava isolada. Assim, mais cedo do que previsto, descemos o curso do Cávado, em direcção às Caldas do Gerês e à «velha» camarata do Vidoeiro.
O «programa», mais uma vez, não diferiu do habitual: brincadeiras e convívios e, no dia 5, o percurso da geira romana, passando por São Bento da Porta Aberta e Covide, até Vilarinho da Furna.
«Foi aí que iniciámos um percurso a pé de cerca de 12 quilómetros, ao longo do Rio Homem, por vezes com a companhia da chuva! Atravessámos as Matas da Bouça da Mó e de Albergaria, onde vimos os chamados marcos miliários romanos, junto à estrada romana (geira romana) que ligava «Bracara Augusta» (Braga) a Astorga, em Espanha.
Ao longo do percurso, e particularmente na parte final, admirámos as sucessivas cascatas do rio Homem. Continuámos a andar (agora sempre a subir) e a paragem seguinte foi numa ponte junto à cascata onde há uns anos alguns corajosos tinham tomado banho, só que desta vez não houve nenhum corajoso!!
Andámos mais cerca de dois quilómetros e chegámos ao nosso destino… Portela do Homem. Às 14 horas partimos em transporte do Parque Nacional em direcção ao miradouro da Pedra Bela, um dos mais importantes do Parque e que proporciona uma vista sobre todo o vale, avistando-se daí todas as serranias em redor. Daí seguimos para a Cascata do Arado e alguns ainda se aventuraram a seguir o professor Callixto (as duas professoras também se aventuraram) por aquelas pedras acima até às piscinas naturais do Arado. Da cascata do Arado seguimos para a aldeia de Ermida, outra aldeia típica, cujas ruas, assim como Lamas de Olo, também estão cobertas de «alcatrão derretido»!
Regressados ao Gerês e jantados, esta última noite ainda teria uma história que ficou para os anais da Escola, das nossas «aventuras» e das memórias de todos. Foi assim…
«O Cláudio, do 10.º-1A, perguntou o que é que íamos fazer nessa noite e a Patrícia, da mesma turma, respondeu: «Vamos caçar gambuzinos!» Então não é que o rapaz acreditou?! Passado algum tempo, já estava o pessoal todo a falar dos gambuzinos e a arranjar maneiras de os ir caçar! Até o professor Callixto disse que era uma espécie protegida pelo WWF (World Wildlide Fund)! Mas é que não foi só o Cláudio a acreditar… Também a Sara e a Mafalda, da mesma turma, caíram que nem umas «patinhas»!!! Arranjámos uns sacos e lanternas e fomos à caça dos ditos bichinhos!! Andávamos a gritar… «Oh gambuzino, gambuzino, gambuzino!», ou então… «Gambuzino ao saco!» O Carlos até fingiu que lhe tinham mordido (sim, porque os gambuzinos mordem, são como os gafanhotos só que maiores, assustam-se com a luz e gostam de locais mais ou menos húmidos)… Às tantas, até o Cláudio afirmava que tinha visto um a saltar da mão do Carlos! A Sara tremia, mas continuava à procura com o saco na mão, a Mafalda estava mais calma mas sempre na expectativa…
A professora Ana é que nos chamou à realidade (a nós e ao professor Callixto…), dizendo que já bastava de caçadas! Dirigimo-nos para o salão das camaratas e aí, com a professora Ana a filmar, o professor Callixto fez uma espécie de discurso! Disse que os gambuzinos eram uma espécie em vias de extinção e que daquele tipo só existiam no Gerês («Gambuzius geresinus»). No final, agradeceu a todos a forma como participaram especialmente… ao Cláudio, à Sara e à Mafalda porque foram apanhados para os «Apanhados»!
(descrito por Cristiana Franco, aluna, no site do Clube «Amigos da Natureza», Março de 1999)
Nesta história, é impagável a altura em que, no decorrer da «caçada nocturna», toca o telemóvel de um dos que foram «apanhados». Era o pai dele que lhe pergunta o que está a fazer. Resposta: «Estou a apanhar gambuzinos!» E resposta do pai: «Estás a gozar comigo?»
Mas chegava o último dia. Visitámos ainda o Parque Biológico de Gaia, sempre uma muito agradável forma de terminar estas actividades fora da escola. E…
«Assim terminaram aqueles quatro dias de ar puro e paisagens bucólicas, que transpiram paz e tranquilidade! Foi sem dúvida uma viagem inesquecível!»
(Cristiana Franco)
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Vale de Espinho, a serra da Gardunha e… o Pastor…
Regressado havia pouco de terras de França, a 27 de Agosto de 1998 eu completava 45 anos. Tradicionalmente passada em Santa Cruz, a efeméride fica assinalada, nesse ano, por mais um texto de quem me havia dado, em Fevereiro do ano anterior, o saboroso «Fresco» que aqui igualmente divulguei.
Desta vez, eu sou «O Pastor», um pastor que «põe o seu boné e as suas botas»… e que apronta a sua inseparável câmara de vídeo!
O PASTOR
O pastor
guia o seu rebanho
e a ascensão
ao peito das ovelhas.
Pôs o seu boné e
as suas botas,
leva a chuva à capa,
a mão
aonde dói.
Ensina a urina
do cão
– o sentido virá –
aponta e filma
a uma altura
insuportável.
ao José Carlos Callixto
Luís Boavida (27.8.98)
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E assim no fim de semana de 18 a 20 de Setembro de 1998, o pastor levava a sua «pastora» ao parque de campismo da Praia Grande, de novo só os dois, numa fase de lenta recuperação. E no início de Novembro voltávamos a Alpedrinha, para passarmos quatro dias com os nossos grandes conselheiros, companheiros… Amigos… com o autor do «Fresco» e d’«O Pastor»!
Mas, a pouco mais de 70 quilómetros aproveitámos para ir com eles a Vale de Espinho! Visita «de médico», mas deu para matar saudades e para lhes mostrar, pela primeira vez, a «nossa aldeia raiana». Esta terá sido talvez a última foto da velha casa da «avó de baixo» como ela era originalmente, a velha casa da Ti Maria Clementa.
Estes dias permitiram ainda um passeio a Valverde del Fresno, a povoação espanhola mais próxima de Vale de Espinho – e de Alpedrinha – bem como uma visita à Guarda. E no dia 6 de Novembro de manhã, resolvi subir sozinho às antenas da Gardunha sobre Alpedrinha. Aos 45 anos, exceptuando as deambulações na «minha Malcata», penso que tenha sido esta a primeira de muitas caminhadas solitárias, só eu e a Serra, só eu e os sons, as cores e os cheiros da Natureza. Carola dos vídeos e das montagens, estes quatro dias deram lugar ao primeiro filme totalmente digital, da captação à edição.
Como diria o meu amigo Luís a câmara é a extensão do meu braço que «aponta e filma a uma altura insuportável».
Um mês depois estávamos no Porto, aproveitando um dos fins de semana «grandes» de Dezembro (4 a 8). E do Porto, na tarde do dia 6, rumámos à Serra da Lousã. Seguiram-se duas gélidas noites de Dezembro, nos parques de campismo de Góis e de Tomar.
Também na caravana, o Carnaval de 1999 foi em Santa Cruz «acampados» sobre a praia, e em Peniche, no parque de campismo.

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«Por fragas e pragas…», crónica e fotos (copyright) de José Carlos Callixto
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana)
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