As escritoras e poetisas Sofia Manso e Gabriela Matos apresentaram os seus livros no dia 11 de janeiro na Casa do Concelho do Sabugal perante os seus leitores e amigos. A sessão, integrada na programação dos 50 anos da «Casa», foi antecedida de um almoço de «bacalhau à moda do Sabugal».

A Casa do Concelho do Sabugal foi o palco no sábado, 11 de janeiro, para a apresentação dos livros para crianças «A menina que tinha medo do mar» de Sofia Manso e «Contos da minha avó» de Gabriela Matos.
Enquadrada nas Comemorações dos 50 anos da «Casa» a apresentação esteve a cargo de Ramiro Matos que começou por reconhecer as dificuldades que existem quando um escritor quer publicar um livro…
«Eu, pessoalmente, já tenho os livros há algum tempo. Muito embora sejam para crianças não tenho dúvidas que qualquer adulto como eu fica com vontade de ler mais.
A Gabriela recupera histórias muito antigas que ouvíamos aos nossos avós e que trazem ensinamentos aos adultos.
A Sofia fez recordar que quando fui pela primeira vez à praia da Nazaré com três anos o meu pai pagou ao banheiro e ele enfiou-me nas ondas e eu não tive tempo para ter medo como a menina do livro. Também por isso deliciei-me a ler. Em nome da Casa os meus agradecimentos às duas.»
Gabriela Manso – «Contos da minha avó»
Gabriela Manso licenciou-se em professora do Ensino Básico/Variante de Educação Física no Instituto Politécnico da Guarda. No mesmo ano ingressou no curso da Guarda Prisional e prestou serviço no Estabelecimento Prisional da Covilhã, Castelo Branco e Guarda, onde exerce funções de guarda prisional até hoje. Foi a primeira a falar e começou por agradecer à «Casa» o convite e a presença de todos os familiares e amigos…
«É a sexta apresentação que faço dos Contos da Minha Avó. Nasci na Quinta do Prado a dois quilómetros de Sortelha e foi lá que fiz a escola primária. Era uma escola para todas as quintas. Íamos a pé, por uma breda, com uma cestinha com o almoço que comíamos no muro da escola. Não havia refeitório, não havia casa de banho, não havia água, não havia luz nem aquecimento. Apesar destas dificuldades considero que a professora Alice Cardão, do Sabugal, foi o alicerce da minha vida. Depois fui para o Sabugal e no quinto ano fui chefe de redação de um jornal.
Mais tarde escrevi uns textos mais pessoais e publiquei crónicas no jornal “Cinco Quinas” e na revista “Eventos de Sonho”. Depois passei pelo IPO e fiz um “diário de carinho” dos longos dias de um mês que lá estive. Falando do meu livro não posso deixar de destacar o meu avó que era considerado por todos um contador de histórias. A minha mãe falava vezes sem conta destes contos. Mas tudo se foi perdendo e agora os mais velhos não perdem tempo a ler um conto às crianças. Se puderem contem histórias às crianças. Elas vão perguntar o que é um mangualde, um moleiro e as respostas são um encantamento que não se devia perder. Vivemos em que não há tempo para as coisas acontecerem. Procurei uma editora e concretizei um sonho publicando uma fábula.
Há um pensador, Órtiz, que diz: somos o resultado das viagens que fazemos, das pessoas que amamos e dos livros que lemos. Sou lagartixa de Sortelha e espero que gostem do livro.»
»Contos da Minha Avó», de Gabriela Matos foi publicada sob a chancela da Oficina da Escrita.
Sofia Manso – «A menina que tinha medo do mar»
Sofia Manso nasceu na cidade da Guarda mas considera-se filha da Aldeia do Bispo sabugalense de onde é originária a sua família. Jornalista colaborou na agência Lusa, 24Horas, Expresso Online e foi freelancer na revista XIS. Agradeceu o convite e começou por falar de lagartixas e lagarteiros…
«A Gabriela é lagartixa e eu sou lagarteira de coração. Nasci na Guarda mas sou muito mais da raiana Aldeia do Bispo. Quis ser jornalista também por influência da Laurinda Alves, minha prima por parte do meu pai, que fiz o curso de jornalismo.
O meu primeiro texto foi publicado quando tinha 14 anos na revista “Teenager”. Apesar de ter alguns textos guardados nunca os publiquei e foi a minha filha mais velha que insistiu comigo e acabei por escrever este livro infantil. A minha filha mais nova gostava que eu lhe contasse uma história antes de adormecer e para que fosse mais rápido, achava eu, falava-lhe em verso.
E foi assim que nasceu este conto que foi enriquecido com as conquistas dos portugueses e que puxa pelo interesse das crianças falando das superações dos medos protagonizados pelos adamastores. A outra parte fala dos sentidos que vão muito além do dedo a passar pelos ecrãs dos equipamentos presentes na nossa vida.
A língua portuguesa é muito rica e não deve ser substituída pelas palavras abrevidas e pelos símbolos das redes sociais. Nunca será demais insistir no uso do nosso português.»

No final os presentes aproveitaram para fazer algumas perguntas às duas autoras.
Questionadas sobre o futuro a Gabriela Matos confessou o seu sonho de vida é escrever um livro meio ficção, meio pessoal. A Sofia Manso, depois do livro infantil, quer continuar a escrever mas ainda não se decidiu se vai pela ficção ou pela poesia.
Mais um momento (com muita cultura infantil) para a história das comemorações dos 50 anos da Casa do Concelho do Sabugal.
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José Carlos Lages
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