Sobretudo a geração anterior à minha (a geração dos meus pais) e ainda mais a anterior (a dos meus avós) tinham formas de falar que me continuam a fazer sorrir muito de cada vez que me lembro destes modos de falar. Nunca vêm à mesa que eu não sorria com grande prazer. Hoje trago-lhe mais algumas. Leia e sorria também, por favor…

A minha «vidração» com as maneiras de falar do meu Povo não tem limites. Em cada dia que passa vou lembrando centenas de expressões que às vezes penso que ninguém da Ponte para lá entende. Mas se calhar engano-me…
Palavras e expressões do nosso Povo
Metade destas palavras e expressões só a vai perceber quem é da terra. Cada terra com seu uso, cada roca com seu fuso – como se costuma dizer. Pois bem: na minha aldeia há maneiras de dizer que sempre me deixaram «banzo».
Por exemplo: «Sabem o que é um fraca-tchitchas? E zarinzel?»
Ou então:
– Está ali a prender o tchebinho.
– Apareceu aí um imbalde…
– Está aqui uma grande balquêrada.
– Anda ali a coxambrar.
E as expressões da tradicional sabedoria popular? Exemplos:
– A rico não devas e a pobre não prometas.
– Julga que se benze e parte o nariz.
– A tudo Nosso Senhor nos chega se a vida dura.
– Muito fala o são ao doente.
– Quem muito fala pouco acerta.
– Cão que ladra não morde.
– Tenho de fazer de Manelzinho de Sousa.
Palavras de outros tempos Alguns exemplos…
– Ir ao rebusco.
– Dar aqui uma barredela.
– Fazer uma barrela.
Mas há mais e a linguagem do Povo não tem fim. Sabem o que é na minha terra a «aldraba»?
Já agora, fique a saber que «pôr o pão de costas para baixo era pecado».
E que quando um carro fica «am’lancado», isso quer dizer que levou uma batida na chapa e ficou… amolgado.
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Até para a semana, à mesma hora, no mesmo local!
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«A Minha Aldeia», crónica de José Carlos Mendes
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Janeiro de 2011)
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