Convidaram-me no sábado, dia 21 de Dezembro, para festejar o solstício de Inverno. Este á o dia em que o sol atinge a sua maior inclinação a sul do equador celeste, correspondente ao ponto mais baixo da sua trajectória.
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Não vamos levar tochas nem velas para assinalar o aumento da luz solar e o gradual aumento dos dias, simbolizando a esperança e a renovação.
Lembro-me que quando dava aulas de Português na Universidade do Litoral, em Dunkerque, festejava-se o dia 13 de Dezembro, o dia de Santa Luzia, porque a subdirectora era sueca e gostaria de nos transmitir o encanto e a atmosfera radiosa da festa da luz que iria começar a aumentar com o decorrer dos dias e onde não faltavam guloseimas à moda da Suécia. As alunas vestiam-se de branco e, com guirlandas na cabeça, empunhavam velas ao som de canções melodiosas que transmitiam um ambiente de serenidade e de paz.
Ao ir a casa destes nossos amigos, caminharei pelas ruas engalanadas e enfeitadas com luzes que pretendem rivalizar em motivos e em extravagancias uns com os outros.
A luz teve sempre um significado especial nas celebrações de Inverno. Os povos germânicos do Norte de Europa celebravam o Yule, equivalente ao solstício de Inverno.
Na antiga Roma celebrava-se a Saturnália, que era festejada no dia 17 de Dezembro do calendário Juliano. No Forum Romano, havia um banquete público, com jogos e divertimentos de todo o género. Tinha acabado o fim das colheitas e distribuía-se comida em abundância, mesmo aos escravos. A festa da Saturnália chegou a durar sete dias. O poeta Catulo designou-a de «o melhor dos dias».
Com o cristianismo, a luz adquiriu outro significado: Jesus Cristo é descrito no evangelho de João como a «Luz do Mundo». Os primeiros cristãos adoptaram esta imagem de orientação divina, de vitória do bem sobre o mal, da passagem das trevas para a luz.
A tradição de ascender o tronco, a fogueira ou o madeiro de Natal na noite de 24 de Dezembro é também uma tradição bem enraizada nas nossas aldeias, para nos aquecermos antes de irmos à missa do galo. Os rapazes solteiros encarregavam-se de arranjar grandes troncos de castanheiros ou de carvalho, oferecidos ou roubados, porque era necessário aquecer durante toda a noite o Menino Jesus.
As inovações tecnológicas contribuíram muito para a relação entre a luz e o Natal. Thomas Edison, o inventor da lâmpada eléctrica revolucionou a iluminação das cidades e da época natalícia. As velas e as fogueiras foram substituídas pelas iluminações led.
Já não há Natal sem luz. Encontramo-la em todas as ruas das aldeias, vilas e cidades e também dentro das nossas casas na árvore de Natal e no presépio desta época natalícia.
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«Pedaços de Fronteira», opinião de Joaquim Tenreira Martins
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Novembro de 2012)
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