A DENÚNCIA | Na região de Sortelha é frequente ouvir falar de Bruxas! No Arquivo Nacional da Torre do Tombo encontra-se o processo de Leonor Fernandes, «Cristã Velha», que decorreu entre 6 de setembro de 1714 e 27 de fevereiro de 1716. Foi acusada de feitiçarias e bruxaria pelo Tribunal do Santo Ofício. (parte 1).
PARTE I – A DENÚNCIA
«O Promotor Fiscal da Justiça Eclesiástica deste Bispado denuncia o nome de Leonor Fernandes, viúva de Sebastião Fernandes Gázio, do lugar do Casteleiro, termo de Sortelha, Arciprestado de Penamacor deste Bispado, por que devendo viver como católica, evitando todas as ofensas de Deus, esquecida da conta que a Deus Nosso Senhor há-de dar, fez pacto com o demónio para viver de bruxarias, e feitiçarias tirando e instituindo aonde há criaturas e fazendo secar o leite aos animais e todas as vezes que os homem por bem a chamam se vê que logo torna leite, como também que às rezes as que se criam não pegam nas tetas para mamar e sendo chamada logo incontinente faz com que mamem, por que tudo é informada e tida por tal porque se tem por certo que fez malefícios ao Capitão-Mor de Sortelha por se ver que esteve muitos meses sem saúde, e usando da medicina não obrar cousa alguma, até que com efeito a tomaram por bem e confessou lhe havia feito feitiços e que os desfazia e que ainda tinha remédio de que logo viu em o tal melhora, por cuja confissão muitas vezes repetida se assentou entre quem teve notícia da sua murmuração que é feiticeira, e por que deve ser asperamente castigada.»
(texto adaptado)
Nota
A atualização de qualquer texto histórico é um desafio que envolve riscos. O objetivo principal é disponibilizá-lo ao público. Seguiram-se as normas gerais de atualização ortográfica. Desenvolveram-se as abreviaturas que passaram a ser escritas por extenso.
Fonte
Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Processo de Leonor Fernandes.
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«Memórias de Sortelha», opinião de António Gonçalves
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Janeiro de 2019)
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