«A Esperança Nunca Desilude: Peregrinos para um Mundo Melhor» é o título do novo livro do Papa Francisco escrito para o Jubileu da Esperança 2025 e publicado a 19 de novembro passado.
O que é o Jubileu de 2025?
O Jubileu de 2025 é para a Igreja Católica um tempo para peregrinação e busca por renovação. A Igreja convida os fiéis a participar em peregrinações e em atos de fé. No próximo ano, a Igreja Católica celebrará o Jubileu com o tema «Peregrinos de Esperança», numa oportunidade de renovação espiritual e de unidade entre os fiéis.
Na Bíblia, no livro do Levítico (Lv 25, 8-13) é possível encontrar uma ideia do que era o Jubileu para o povo de Israel: o ano jubilar tinha que ser convocado a cada 50 anos. Era uma ocasião para restabelecer uma correta relação com Deus, entre as pessoas e com a criação, e implicava a remissão de dívidas, a restituição de terrenos arrendados e o repouso da terra.
O primeiro Jubileu da era cristã, também chamado «Ano Santo», foi proclamado no ano de 1300 pelo Papa Bonifácio VIII. Mas a sua frequência foi mudando ao longo dos tempos: a princípio era realizado a cada 100 anos, mas, em 1342, o Papa Clemente VI antecipou esse período para 50 anos. O segundo jubileu da história foi realizado em 1350. Tempos depois, o Papa Paulo II, em 1470, determinou o período interjubilário para 25 anos.
Jubileu de 2025 será inaugurado no dia 24 de dezembro
O Jubileu de 2025 será oficialmente inaugurado no dia 24 de dezembro de 2024, às 19 horas, com o rito da Abertura da Porta Santa da Basílica de São Pedro pelo Papa Francisco, que presidirá depois à celebração da Missa na noite de Natal, no interior da Basílica.
O logotipo do Jubileu 2025 representa quatro figuras estilizadas para indicar a humanidade dos quatro cantos da Terra. As figuras estão abraçadas cada uma à outra, para indicar a solidariedade e a fraternidade que unem os povos. A figura que está à frente está agarrada à cruz. É o sinal não só da fé que abraça, mas da esperança que nunca pode ser abandonada, porque toda a gente precisa sempre dela, sobretudo nos momentos de maior necessidade. As ondas que estão em baixo e que se movem, indicam que a peregrinação da vida nem sempre se move em águas tranquilas. Muitas vezes eventos pessoais e eventos mundiais impõem com maior intensidade o chamamento à esperança. É por isso que na parte inferior do logotipo se vê a cruz, que se prolonga, transformando-se numa âncora, que se impõe ao tumulto das ondas.
Como é consabido, a âncora é muitas vezes usada como metáfora da esperança. E esta é, aliás, a ideia que se reflete no título e no conteúdo deste novo livro do Papa.
O novo livro do Papa Francisco
Esta obra foi editada pelo vaticanista Hernán Reyes Alcaide e foi publicada a 19 de novembro último na Itália, na Espanha e na América Latina pelas Ediciones Piemme. Neste livro, o Papa fala sobre temas de grande atualidade, designadamente as migrações, as guerras na Ucrânia e em Gaza, a crise climática e a construção da paz no Mundo.
As migrações
Num trecho do texto, publicado antecipadamente pelo jornal italiano «La Stampa», Francisco diz ser «absolutamente necessário abordar as causas que provocam a migração nos países de origem».
Assim, o Papa diz que nenhum país pode «enfrentar esse desafio isoladamente» ou com «políticas restritivas motivadas pelo medo ou por interesses eleitorais».
O Papa Francisco fala também sobre a importância de promover uma «migração bem gerida», o que poderia ajudar a resolver «a grave crise causada pelas baixas taxas de natalidade», especialmente na Europa, desde que seja garantido o desenvolvimento integral dos migrantes e eles deixem de ser considerados «cidadãos de segunda classe».
As guerras na Ucrânia e em Gaza
Ao citar a guerra na Ucrânia, o Papa elogia o acolhimento de refugiados ucranianos na Europa. O Papa fala também sobre a situação de confronto entre Israel e o grupo radical islâmico Hamas em Gaza, e diz que alguns especialistas descrevem o que aconteceu como «um genocídio» e que pedem que esta questão seja investigada.
Francisco fala também sobre a África, ao denunciar o «colonialismo económico» e pede aos governantes que «exerçam uma boa política» e que atuem de forma «transparente, honesta, voltada para o futuro e ao serviço de todos», especialmente dos mais vulneráveis.
O grito da Terra
O Papa diz depositar a sua esperança no diálogo entre gerações para promover o cuidado da «Casa Comum» e elogia as iniciativas realizadas pelos jovens para «alcançar um mundo mais justo e amigo do ambiente».
Neste livro divulgado pelo jornal italiano «La Stampa», o Papa diz também que «a esperança tem sempre um rosto humano», que o Jubileu 2025 será o primeiro que será marcado pelas novas tecnologias e que vai acontecer «no meio de uma emergência climática como a que vivemos atualmente».
Francisco pede, por isso, que sejam adotados estilos de vida sustentáveis, ao refletir sobre o impacto ético das tecnologias e a resposta da Humanidade ao «grito da Terra».
A construção da paz mundial
Francisco diz também que «quem não conhece a sua própria história está condenado a repeti-la», ao citar aquilo que classifica como «terceira guerra mundial fragmentada» cujo epicentro é a Europa.
Peregrinos da Esperança
O Papa Francisco conclui o seu novo livro com um convite aos homens e às mulheres a assumirem-se como «peregrinos da esperança» e diz que (…) que garanta sempre à Humanidade a esperança na construção de um Mundo Melhor.
Porque, acredita Francisco, «a esperança nunca desilude».
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«Portugal e o Futuro», opinião de Aurélio Crespo
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Julho de 2020)
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