Correspondendo ao convite para escrever um pequeno comentário sobre o 18.º aniversário do blog «Capeia Arraiana» cumpre-me dizer que…
Com a falta de verdadeiros jornais regionais fora das saias da igreja conservadora e católica que nos tem enleado e que tão bem conhecemos, o «Capeia Arraiana» é um projeto merecedor do nosso apreço quer pelo seu papel na divulgação constante do nosso concelho e da nossa região transfronteiriça, quer pelo seu papel no fomento do pluralismo democrático que o 25 de abril – com a ajuda de alguns sabugalenses ilustres – tão bem semeou há precisamente cinquenta anos. Abro agora um breve parêntesis para lhe e lhes prestar também aqui, e neste momento, uma bem merecida homenagem.
O espírito pluralista e democrático que caracteriza o «Capeia Arraiana» assenta no facto de, nunca me ter constado que a sua Direção alguma vez tenha impedido a divulgação de alguma opinião ou que tenha boicotado alguém que por seu intermédio quisesse fazer ouvir a sua voz com base na cor da sua pele, da sua cor política, da sua religião, da sua raça, ou mesmo das suas ideias ou pontos de vista mais ou menos polémicos.
Em boa hora o seu ou seus criadores meteram mãos à obra há precisamente 18 anos. O «Capeia Arraiana» foi, tem sido e esperamos que continue a ser num futuro mais ou menos longínquo, uma lufada de ar fresco, um balão de oxigénio que bem tem arejado e oxigenado toda a região raiana do Sabugal, mas também da Guarda, de Almeida, de Penamacor e de outras terras da Beira Interior, incluindo certamente da contígua região das províncias espanholas de Salamanca e Extremadura.
Louvo o «Capeia Arraiana» pelo seu espírito de abertura bem manifesta na publicação de estudos mais ou menos científicos, na publicação de textos de divulgação, na publicação digital de artigos de opinião, e de belos textos em prosa ou poesia.
Louvo igualmente o «Capeia Arraiana» pelo seu papel na divulgação pública e ao mundo dos nomes dos atores ou agentes locais que se têm evidenciado nas artes, na escrita, nas forças de segurança, no 25 de Abril de 1974, nos desportos, nas universidades, e por aí fora.
Basta ler as «Personagens do Ano» que tem sabido eleger ao longo destas quase duas décadas de longa vida tão bem preenchida.
Para aquilatar da sua importância para a região transfronteiriça sabugalense e circundante basta ver o que tem feito para a promoção da nossa gastronomia e dos seus recursos, do bucho raiano, do cabrito tenrinho da Serra das Mesas/Malcata, do presunto e dos enchidos regionais, das castanhas do nosso concelho, das trutas do Rio Côa… Também não posso esquecer o seu papel na divulgação das festas e romarias das nossas aldeias e vilas, das piscinas fluviais do Rio Côa e de alguns afluentes, das belezas naturais das nossas serras – das Mesas, do Homem de Pedra, de Malcata, etc. – bem como dos vales encantados onde aqueles rios e as suas musas («Coágides» por analogia com as Tágides camonianas dos Lusíadas?) eles correm e elas se divertem e encantam os pescadores das trutas e barbos…
Não podemos esquecer neste momento de homenagem o seu papel na divulgação do melhor cartaz turístico concelhio que são as Capeias Arraianas, que lhe emprestam o nome, e que até já estão registadas como Património Imaterial Português, apesar da constante oposição de algumas pessoas mal-informadas, de alguns políticos de meia tigela que de vez em quando nos governam, ou de alguns membros de partidos extremistas que servem causas e interesses pouco claros ao criticarem tal manifestação cultural tão antiga que nem sequer se sabe bem quando começou, se enraizou e implantou na nossa região.
Como soe dizer-se nos artigos científicos quando se quer convencer os seus editores a aceitá-los e publicá-los em famosas revistas científicas internacionais, o «Capeia Arraiana» fills a gap, isto é, preenche uma lacuna ou vazio existente na nossa bela região raiana. Preenche e sabe como preenchê-lo muito bem.
Obrigado José Carlos Lages pelo seu papel de timoneiro nesta bela aventura que tem sido, e certamente vai continuar a ser, o «Capeia Arraiana» que a todos os bairristas sabugalenses encanta desde há quase duas décadas ao atingir a sua maioridade…
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«Observatório do Interior», por José R. Pires Manso
(Prof. Catedrático da Universidade da Beira Interior, membro da Assembleia Municipal do Sabugal no mandato 2021-25, natural de Foios, Sabugal)
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