É impossível, para quem saiba um pouco de História, não relacionar o passado dos anos vinte e trinta do século passado com o presente…
«Uma jornalista da CNN ouviu falar de um judeu muito velhinho que todos os dias, duas vezes por dia, ia fazer as suas orações ao Muro das Lamentações e decidiu entrevistá-lo.
Pôs-se ao pé do Muro à espera e passado um bocado lá apareceu ele a andar com dificuldade, em direcção ao sítio onde costumava rezar.
– Desculpe, eu chamo-me Rebecca Smith, sou repórter da CNN e gostava de o entrevistar. Como é que se chama?
– Morris Feldman.
– Senhor Feldman, há quanto tempo vem ao Muro rezar?
– Há uns sessenta anos.
– Sessenta anos! Isso é incrível! E o que é que o senhor pede nas suas orações?
– Peço que os cristãos, os judeus e os muçulmanos vivam em paz. Peço que todas as guerras e todo o ódio terminem. Peço que as crianças cresçam em segurança e se tornem adultos responsáveis. Peço amor entre os homens.
– E faz isso há sessenta anos, todos os dias! Como é que o senhor se sente?
– Sinto-me como se estivesse a falar para uma parede…»
Em 1922, o rei Vitor Emanuel III nomeou Benito Mussolini Primeiro-Ministro de Itália. Este, com o poder caído nas mãos do seu pequeno Partido Republicano Fascista, rapidamente abandonou as veleidades democráticas e instalou na Itália um regime autocrático, com todos os poderes concentrados na sua pessoa (il Duce) – o regime fascista. Dez anos depois, na Alemanha, Adolfo Hitler imita-o. Chegado ao poder através de eleições, instala um regime muito mais extremista, violento e expansionista, o regime nazi, um verdadeiro totalitarismo. Todos sabemos o que resultou daí: cinquenta milhões de mortos.
É impossível, para quem saiba um pouco de História, não relacionar o passado dos anos vinte e trinta do século passado com o presente. Parece que, de facto, a História nada nos ensina: «déjà vu».
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«Na Raia da Memória», crónica de Adérito Tavares
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Dezembro de 2009.)
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