Já andam por aí sinais de inverno, aquela estação álgida com data marcada para 21 de dezembro.
O afrouxo de luz já se fez em tons de chumbo a caminho de uma negridão baça que só ao frio diz respeito.
Tudo indica, pois, que o inverno, seduzido pelas brancuras da neve e geada geradas no âmago das escuridões noturnas, iniciou já o seu gélido retorno.
Sucederão, em breve, tempestades vespertinas oferecidas às noites longas como prémio de durabilidade.
Estarão próximos os temporais matutinos, trazidos às madrugadas por lufadas de vento nevado. Voltarão os escuros diurnos remolhados em chuva desalmada.
E, com isto, teremos saudades das claridades vivas sobre verdes maioritários.
Mas nem todas as manhãs serão escuras e decalcadas de tardes ofuscadas. Só no inverno se goza o fascínio das árvores mergulhadas em luz pálida e o êxtase da vegetalidade cantarolando cânticos invernais.
Surgirão momentos em que, como por milagre, avançarão sorrisos de sol limpo a fazer renascer em nós novos e alegres olhares, capazes de vencer a escuridão.
E gostaremos, então, do inverno!
Adivinha-se, em frente, a marginada primavera escondendo no ventre o mês de abril, sempre lírico e facilitador de tempo. A ânsia da sua chegada convocará tensões dogmáticas.
Estranhamente, ou não, todo o contexto fervilhará em fantasia. Contudo toda a diversidade eminente se encaixará. Tudo se acomodará de forma naturalíssima.
Enfim, estará garantida uma beleza sui generis e, tal genuinidade, per si, justificará intensidade na vida.
Continuaremos, sim, a querer acordar e, em cada novo dia, lançaremos ao mundo, com voz emotiva, um sempre melhor bom dia.
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«Terras do Jarmelo», crónica de Fernando Capelo
(Cronista no Capeia Arraiana desde Maio de 2011)
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