No dia 9 de Novembro, com a Peregrinação Diocesana de Setúbal a Fátima, deu-se início às comemorações do cinquentenário da «Diocese da Esperança», que se prolongarão até Outubro de 2025, constituída uma Comissão para esse efeito. Na Cova da Iria reuniram-se cerca de dez mil pessoas, entre elas muitos escuteiros, provenientes de todas as paróquias da Diocese de Setúbal.
No programa da Peregrinação, além da saudação a Nossa Senhora, Recitação do Rosário, Celebração Eucarística na Basílica da Santíssima Trindade, presidida pelo Cardeal D. Américo Aguiar, Bispo de Setúbal, na Basílica da Santíssima Trindade, terminou neste local uma sessão jubilar comemorativa, com incidência nos vinte anos de episcopado de D. Manuel Martins – 1975-1998 –, naquela diocese.
O Bispo de Setúbal na Eucaristia justificou o simbolismo da entrega do Documento Final do Sínodo. Com a necessidade de «acolher e colocar em prática», os resultados daquele acontecimento, que deve ser uma reflexão séria sobre o nosso modo de ser Igreja. Salientou que há necessidade de sermos mais ousados nas novas estratégias de evangelização. Muitas vezes fica-se preso ao passado, à mentalidade de que foi «sempre assim», limitando a nossa capacidade de levar o Evangelho a todos os cantos do mundo.
Papel fundamental de D. Manuel Martins sempre ao lado dos pobres
Na Sessão Jubilar Comemorativa – A Memória Agradecida – entre os convidados oradores, Prof. Eugénio da Fonseca, Dr.ª Margarida Rebelo, Casal José e Lina Santos e a Irmã Fátima Ferraz, estavam dois filhos das gentes arraianas do concelho do Sabugal, Monsenhor José Gusmão, natural de Aldeia da Ponte, actualmente a colaborar com as paróquias de Setúbal e Francisco Alves Monteiro, natural da Bismula, dirigente da Região de Setúbal do Corpo Nacional de Escutas.
Todos os oradores salientaram a missão pastoral de D. Manuel Martins, que com a sua actuação evangélica conquistou o coração e admiração dos residentes daquela diocese e de uma grande maioria de portugueses.
Vou debruçar-me sobre as palavras do Chefe Escutista, Francisco Alves Monteiro, com mais de sessenta anos de filiação no Corpo Nacional de Escutas.
Iniciou a sua intervenção com uma resenha histórica do Escutismo na Região de Setúbal, salientando que o CNE é uma organização pacífica, universalista, ambientalista, funcionando num sistema que privilegiava a democracia de base de uma forma natural.
Até à década de sessenta, o Escutismo da Região de Setúbal estava agregado à Diocese de Lisboa, começando a beneficiar de certa autonomia em relação a Lisboa com a criação da Zona Pastoral de Setúbal, que não foi muito pacífica esta nova situação.
Quando a Diocese de Setúbal foi criada, o Escutismo Católico era já uma força juvenil muito actuante na cidade do Sado, assim como em todos os agrupamentos abrangentes daquele espaço diocesano, causando a melhor das impressões a D. Manuel Martins.
A região de Setúbal é a primeira no País a ter raparigas no seu seio, a ter uma Chefe Regional, a inaugurar uma sede regional própria, um Parque de Escutismo na Serra da Arrábida e participação em inúmeras actividades. Fez também referência à prioridade dada à formação de dirigentes.
Atualmente o Escutismo da Junta Regional de Setúbal está implantado em quarenta paróquias da diocese, tendo três agrupamentos marítimos e um agrupamento aéreo.
Nas comemorações do cinquentenário da Diocese de Setúbal não se pode deixar de assinalar o contributo de duas pessoas, D. Manuel Martins e o Padre Alfredo Brito, natural de Vila Cova à Coelheira do concelho de Seia, que muito contribuíram para o êxito do Escutismo na Região de Setúbal, e que marcaram milhares e milhares de jovens. D. Manuel Martins fazia questão de estar presente na reuniões da Chefia da Junta Regional, de visitar e participar em muitas reuniões dos agrupamentos dos escuteiros e marcar presença em diversas actividades escutistas.
Manuel Martins e o Padre Alfredo Brito, em consonância com a Junta Regional, souberam sempre gerir os conflitos entre os assistentes dos agrupamentos relativos ao escutismo nas paróquias e por esta gestão não fechou qualquer agrupamento.
Neste sentido, no prefácio do livro «O Escutismo na Região de Setúbal», da autoria de Francisco Alves Monteiro, D. Manuel Martins, relembra que «já tinha saudades das convivências fraternas e formadoras das noites de sexta-feira. Passados estes anos, voltam as recordações: Parque de Escutismo na Arrábida, Inauguração da Sede Regional, vários acampamentos regionais, Jogos da Primavera, que deixaram história. Criação de muitos e muitos Agrupamentos por todo o lado, Sessões de Promessas e sei lá que mais. Tem a memória do escutismo dentro de si, com a medalha cunhada com a sua efigie por ocasião dos vinte anos da criação da Diocese e dos sessenta anos do aparecimento do Escutismo em Setúbal».
Para enriquecer este texto e com a autorização do autor Francisco Alves Monteiro, apresento um pequeno vídeo alusivo a D. Manuel Martins, um Bispo sempre ao lado dos pobres, dos desprotegidos, dos operários, dos trabalhadores, dos jovens, dos que passavam fome na Península de Setúbal…, que está e ficará na memória dos portugueses.
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«Aldeia de Joanes», crónica de António Alves Fernandes
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Março de 2012)
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