:: 1993 :: :: O ano iniciou com visitas às serras do Caramulo e da Estrela até ao Gerês. Em Abril foi tempo de rumar a Doñana e em versão familiar a Santa Cruz, o estuário do Sado e a Serra da Arrábida. Com alunos nova visita à Reserva Natural do Estuário do Sado. E a 15 de Julho de 1993 iniciava um périplo europeu de quase sete mil quilómetros. Deixando para trás os altos cumes dos Alpes, seguiu-se Turim e a Côte d’Azur passando por Nice, Monte Carlo, Cannes e St. Tropez.
:: :: :: :: ::
1993
:: :: :: :: ::
06.03.1993 – das Serras do Caramulo e Estrela ao… Gerês
A 6 de Março de 1993 estava a partir rumo à Serra da Estrela, com alunos… como acompanhante. Efectivamente, a organização era, desta vez, do colega responsável pelo Clube de Áudio Visuais, contudo, a equipa de professores era a mesma. Com turmas que, neste caso, eram consideradas problemáticas… esta saída de campo foi a prova provada de que, quando se faz algo mais do que cumprir programas e se dá liberdade com responsabilidade… tudo corre sem problemas.
A caminho da Estrela, passamos primeiro pela Serra do Caramulo, incluindo a visita ao respectivo Museu Automóvel. E, na Estrela, receberam-nos as instalações da velha Pousada de Juventude das Penhas da Saúde.
A manhã do dia seguinte foi dedicada às muitas brincadeiras na neve e o regresso ainda contou com um almoço na sempre simpática vila de Alpedrinha… «terra adoptiva» de um dos professores da equipa.
Menos de um mês depois, em dia tradicionalmente dedicado à mentira, partia de verdade para mais uma actividade no Gerês, com alunos da disciplina de Ecologia. O Clube «Amigos da Natureza», tendo sobrevivido vários anos à morte da experiência pedagógica que o criou, foi perdendo condições para subsistir como tal, voltando as actividades de campo, como outras, a fazer-se no âmbito das turmas a cargo dos professores que as dinamizavam.
Esta sétima visita ao Gerês contou com a colaboração de dois novos professores nestas «andanças»… um deles pouco mais velho que os alunos e as senhoras Marias voltaram a receber-nos, depois da também habitual visita a Tourém. E de novo a neve brindou as terras do Barroso durante a nossa estadia, para gáudio de quem nem queria acreditar no que via, ao acordar em terras de Pitões.
Desta vez, trocámos o Vidoeiro pela Pousada de Juventude de Vilarinho das Furnas. E à chegada, no final da tarde do segundo dia, o pessoal teve uma grata surpresa: a Pousada até tinha… Discoteca! Foi uma festa! Não foi festa foi o tempo porque o dia 3 de Abril de 1993 foi dos dias mais chuvosos de que há memória no Gerês. Não chegámos sequer a fazer o percurso completo da Geira romana… recolhendo assim mais cedo à Pousada de Juventude.
O dia 4 era o regresso a casa…
:: :: :: :: ::
:: :: :: :: ::
12.04.1993 – De Doñana em versão familiar a Santa Cruz, Estuário do Sado e Arrábida
Englobando embora algumas actividades com alunos, como as descritas no capítulo anterior, a Primavera de 1993 foi caracterizada por «aventuras em estilo familiar», e/ou com os amigos que, ao longo das fragas e pragas da vida, se iam tornando nos nossos fiéis confessores e companheiros. Ou não é esse o sabor da amizade e da vida?…
A 12 de Abril, poucos dias depois de regressados do Gerês, partíamos para Doñana com pais, filhos, tios, dois casais amigos e filhos dos amigos. Como várias outras vezes sucedeu eu ia fazer de «cicerone», mostrar-lhes os paraísos que já conhecera e dera a conhecer…! E, claro, lá ficámos no camping «Rocío Playa», em Matalascañas, uns em bungalows e outros, os tios, na respectiva autocaravana. Ponto alto, mais uma vez, a visita ao coração do Parque Nacional, nos jipões que nos levam a fazer 80 quilómetros sem estradas.
Mas desta visita a Doñana, uma história ficou também para sempre gravada na memória de um dos nossos amigos…! O meu pai é, por natureza, uma pessoa «acelerada» e «despachada»; no Palácio del Acebrón, quando íamos todos em amena cavaqueira, prontos a começar a ver a exposição temática ali patente… vinham os meus pais já a descer a escada, com a exposição vista.
28.04.1993 – Reserva Natural do Estuário do Sado
Ainda em Abril, a 28, levava os alunos de Ecologia (10.º Ano) à Reserva Natural do Estuário do Sado.
Entretanto, o Clube de Áudio-Visuais da Escola, «morto pela doença» que vitimou a experiência pedagógica que os tinha criado tinha-me deixado o «bichinho» das montagens em vídeo, que havia de ficar até hoje. Todas as «aventuras» passaram a ter a sua «reportagem».
A 11 de Junho passávamos três dias em Santa Cruz, com a mesma «equipa» de amigos. E a 28 de Junho, a Escola organizava um passeio de professores onde tantas vezes tinha levado já alunos: a costa da Arrábida, do Espichel ao Portinho.
:: :: :: :: ::
:: :: :: :: ::
15.07.1993 – Do Luxemburgo à Camargue com os Alpes de permeio
A 15 de Julho de 1993 iniciava um périplo europeu de quase sete mil quilómetros.
Três anos antes, tínhamos percorrido as costas da Normandia e Bretanha. Agora, o destino era o centro e sul da Europa com especial destaque para as fragas da região alpina. Esta «aventura» teve também várias fases e intervenientes: uma primeira fase foi de convívios e encontros familiares, em Tours (onde igualmente havíamos estado em 90) e no Luxemburgo onde, em casa do meu irmão, havíamos também passado o Natal de 1990.
Nesta viagem até Tours e Luxemburgo, acompanhou-nos um sobrinho e ao Luxemburgo foram ter o filho mais velho (vindo de Londres, de avião) e os cunhados e outro sobrinho (vindos de Portugal, de carro). Depois de uma visita ao Parque dos Strunfs, em Metz, França, reunida estava a «equipa» para partir no último dia de Julho rumo aos Alpes.
Saarbrücken, Estrasburgo e a floresta negra foram as primeiras passagens, com Schaffhausen e as cascatas do Reno como primeiro destino. Seguiu-se Zürich, Lucerna, Interlaken, Faulensee, Lausanne e Montreux; o paraíso dos lagos da Suíça… a caminho de Chamonix e do Monte Branco!
No dia 4 de Agosto, estávamos a quase quatro mil metros de altitude, na Aiguille du Midi envolvidos pela magia da montanha e pelo branco das neves eternas. A minha tentação era passar para Itália ao longo da montanha mas… passámos por baixo da montanha, no túnel do Monte Branco. Seis anos depois, um incêndio de grandes proporções provocaria a morte a 39 pessoas e o encerramento do túnel até 2002.
Do outro lado do túnel do Monte Branco, tínhamos o vale de Aosta e o Parque Nacional Gran Paradiso, o mais antigo e mais importante parque nacional italiano. Acampámos em Pont-Breuil, no vale de Valsavarenche, a principal via de acesso ao maciço do Gran Paradiso.
E o dia 5 de Agosto foi dedicado àquele grande paraíso da montanha. De Pont, subimos ao Refúgio Vittorio Emanuele II, a 2732 metros de altitude, e daí até praticamente aos três mil metros, aos pés do imponente Gran Paradiso embora perdendo alguns desistentes pelo caminho. Restaram quatro «heróis»… este carola das fragas, dois filhos e um sobrinho. Mas, depois da descida e apesar do esforço da caminhada ainda houve energias para uma «guerra» na tenda dos quatro jovens, todos entre os 11 e os 15 anos.
06.08.1993 – Nice, Monte Carlo, Cannes e St. Tropez
Deixando para trás os altos cumes dos Alpes, seguiu-se Turim e a Côte d’Azur. A 7 e 8 de Agosto estávamos em Nice e em Monte Carlo, e a 9 em Cannes e St. Tropez.
Os dois dias seguintes foram dedicados à Camargue, o espectacular delta do Ródano, a «Doñana francesa». É um mundo de água e terra, de cavalos e bandos de aves aquáticas, numa planura a perder de vista.
Últimas etapas deste périplo: a medieval Carcassonne, o pog de Montségur, último refúgio dos cátaros, Andorra e Barcelona, sem dúvida a mais monumental cidade espanhola mas também onde apanhámos a mais monumental tromba de água nas tendas.
A 17 de Agosto estávamos de regresso a casa. Santa Cruz completou o mês, como quase sempre.
:: ::
«Por fragas e pragas…», crónica e fotos (copyright) de José Carlos Callixto
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana)
:: ::
Leave a Reply