Às terças-feiras é tempo da poesia de Georgina Ferro. A poetisa raiana junta a sua sensibilidade artística ao amor e às memórias pelas gentes e terras raianas…
AQUELES OUTONOS QUE ME LEMBRO!…
Quando menina, lá na aldeia,
Nesses dias de cheiro a mosto
De céu de arrebol ao sol posto,
Achegava tão cedo a ceia!
Ainda a lida nas herdades
Tinha fainas para acabar
Já os sinos toavam no ar
Com o chamamento das Trindades
A noite descia tão depressa
Que eu via o tempo a correr
Sem fôlego para poder deter
A luz que no horizonte cessa
Depois, à chama do candeeiro
Havia tanto para contar
Naquele aconchego do lar
Tão confortante e verdadeiro
O milho despia o folhelho
Na algazarra da desfolhada
Dava um beijo à namorada
Quem achasse, por lá, grão vermelho
Esgravatavam-se os cornachos
Preparava-se roca e fuso
Faziam-se as meias de uso
Penduravam-se vagens e cachos
Encurtavam mais e mais os dias
A neve começava a tombar
O Natal estava a chegar
As noites eram longas e frias.
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«Gentes e lugares do meu antanho», poesia de Georgina Ferro
(Cronista no Capeia Arraiana desde Novembro de 2020)
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