Às terças-feiras é tempo da poesia de Georgina Ferro. A poetisa raiana junta a sua sensibilidade artística ao amor e às memórias pelas gentes e terras raianas…
PELA MINHA ALDEIA
Tons de Outono, no meu vestido bordados,
Manga curta em balão, saia aos godés,
Chancas às risquinhas cor de rosa, nos pés,
Do chapéu de palha, dois lacinhos atados.
Saltito, às carreirinhas, atrás da tia,
Não me calo um poquenino, diz-me ela
Passo-lhe à frente a abrir a cancela
E tento rebolar pela erva macia
«Ainda apanhas as maleitas, meu taneno»
Ademoesta doce, quase invejosa,
«Vá, vem ajudar-me, não sejas preguiçosa»
Vem aguar estas faixazinhas de feno
E as minhas mãos pequeninas reboludas
Ajeitam as ervas ceifadas pelo chão
Esse oiro mesclado de fim de Verão
Quando as fontes se calam secas e mudas
O céu incendeia a cor de arrebol
A Terra enche-se de matiz cobreado
E a poeira levantada pelo gado
Lembra que o dia se despede do sol.
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«Gentes e lugares do meu antanho», poesia de Georgina Ferro
(Cronista no Capeia Arraiana desde Novembro de 2020)
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