O Padre Joaquim Alves Brás nasceu em Casegas (Covilhã), em Março de 1899, num território do Interior deste país cuja população vivia da ruralidade, trabalho para sustento familiar e num ambiente social muito cristão.
Por motivos de uma doença que vai acompanhar Joaquim Alves Brás toda a vida, só aos dezoito anos com uma vontade férrea de ser sacerdote foi frequentar o Seminário Menor do Fundão.
É ordenado sacerdote em 2 de Julho de 1925, na Capela Episcopal da Guarda por D. José Alves Matoso, celebrando a primeira missa no Seminário do Fundão.
A celebração do ano jubilar, que assinala os cem anos da ordenação sacerdotal do Padre Joaquim Alves Brás, teve início no dia 19 de Julho de 1924 e terminou a 19 de Julho de 1925.
Apesar de uma morte prematura, vítima de acidente de viação, aos sessenta e seis anos, deixou uma vasta obra em prol de diversas instituições que formam a Família Blasiana: Obra de Santa Zita, Centro de Cooperação Familiar, Instituto Secular das Cooperadoras da Família, Movimento por um Lar Cristão, Fundação Monsenhor Alves Brás e Movimento Juvenil Focos de Esperança.
A Família Blasiana elaborou um programa que se iniciou no ano corrente com uma caminhada pedestre pelos itinerários do Padre Alves Brás na cidade da Guarda. Preocupado com as jovens, «as criadas» como eram tratadas e exploradas, contra os poderes políticos, o Governo Civil e com frontalidade, o Bispo da Diocese, fundou naquela cidade a Obra de Previdência e Formação das Criadas, mais tarde denominada Casa de Santa Zita, a fim de lhes dar dignidade e esperança. Esta obra com o espírito do seu fundador, vencendo obstáculos e dificuldades, foi-se espalhando por diversas localidades do País e chegou a Madrid.
Tinha toda a lógica percorrer os espaços egitanienses de Alves Brás, o hospital onde visitava os doentes, a Sé, a Igreja de São Vicente, a Casa de Santa Zita e terminar no Seminário Maior onde foi director espiritual dos seminaristas.
Seguiu-se no dia 14 de Julho uma homenagem na Paróquia das Donas, no concelho do Fundão, onde foi durante cinco anos pároco, 1925-1930, até que por motivos de saúde ser transferido para o Seminário da Guarda.
No ano de 2025 estão agendados dois eventos: Congresso Internacional «Cuidas das Famílias com (o) Padre Brás», de 17 e 18 de Maio, e «Peregrinação/Encerramento do Ano Jubilar» em 19 de Julho de 2025.
A homenagem nas Donas decorreu com um vasto programa e a participação de muitos elementos e amigos desta Obra de Santa Zita, vindos de diversas casas do país e de Espanha, com destaque para os números da Covilhã, Guarda e Castelo Branco.
No Octógono do Fundão decorreu uma sessão solene com a actuação do Coro do Orfeão da Covilhã e com testemunhos pessoais sobre a pessoa e obra do Padre Alves Brás.
O Padre José António Dionísio, pároco da Santíssima Trindade da Covilhã, fez uma descrição biográfica alongada, que despertou a atenção de centenas de ouvintes.
Registei algumas das suas referências: um padre preocupado e lutador por causas sociais e humanas; fez da sua missão uma vida de caridade, desempenhou-a com trabalho, empenho, suor, lágrimas, combativo contra os poderes da época e que «não desempenhava o seu presbitério como um funcionário público».
Para o Presidente da Junta de Freguesia de Casegas, «é um filho da nossa terra, que consideramos um santo, um exemplo a seguir, e que permanece para sempre na memória de todos nós».
Fez uma alusão a diversos livros publicados por diversos autores sobre a vida e obra do Padre Alves Brás. Nunca esqueceu a visita e as palavras de conforto e esperança dirigidas à sua mãe, viúva do pai, vítima de um acidente em França.
Referiu-se à obra realizada na sua Freguesia, disponibilizando terrenos para a Casa Santa Zita, infraestruturas para o seu funcionamento, a construção de uma creche, um salão polivalente… O Museu da Obra de Santa Zita está instalado na casa onde nasceu o Padre Alves Brás.
A população de Casegas está-lhe muito grata e apoia totalmente o processo da sua Canonização, esperando que a Santa Sé lhe faça justiça.
Uma colaboradora realça que aos dezoito anos o conheceu em Fátima, e imaginou a interrogação: «Que lugar tem o Padre Alves Brás na tua vida?»
«Fiquei fascinada por ver uma pessoa dinâmica, apaixonado por Deus, de tal forma que teve eco no meu coração.
Comecei a frequentar a Casa de Santa Zita em Lisboa. Entusiasmava, com o seu espírito de dedicação aos mais pobres, aos simples, frágeis, aos desprotegidos.
No Fundão, o Seminário Menor, onde o Padre Alves Brás estudou, é hoje um centro de acolhimento, seguindo o seu ideal de vida.
Foi um profeta que transformou várias vidas de muitas famílias. Teve um sonho e concretizou-o com muita coragem.»
Uma cooperadora comparou a vida de Alves Brás a um diamante numa aventura fascinante de lapidação.
Salientou cinco características: incansável no trabalho em prol da família mais carenciada; um coração atento às dificuldades; um visionário que via as necessidades; um homem de grande Fé.
De tarde, recordou-se na freguesia da Donas a primeira e única paróquia a cargo do Venerável Monsenhor Brás. Digo Venerável, porque em 2008, o Papa Bento XVI tornou público o «Decreto de Reconhecimento de Heroicidade das Virtudes do Servo de Deus, Joaquim Alves Brás».
A recordação da passagem por aquele paróquia centralizou-se numa oração do terço que «ele aprendeu a rezar no seio familiar todos os dias e introduziu nesta comunidade junto das famílias».
Seguiu-se a Eucaristia presidida pelo Bispo da Diocese da Guarda, acompanhada por dois grandes écrans no exterior da Igreja Paroquial, dada a grande participação de pessoas.
No final desta liturgia foram projectados dois vídeos, o primeiro sobre a vida e obra do Padre Alves Brás e o segundo muito interessante e revelador da proximidade do Pároco junto de todas as pessoas da Paróquia das Donas e das obras concretizadas na Igreja, capelas, arranjo dos paramentos litúrgicos.
No interior da Igreja foi descerrada uma placa que assinala a presença do Padre Alves Brás para memória futura.
No final, a responsável do Instituto Secular das Cooperadoras da Família afirmou:
«Vamos daqui de coração cheio. Uma palavra de gratidão para todos aqueles proporcionaram esta homenagem, as muitas cooperadoras, os elementos da Covilhã, da Guarda, de Castelo Branco, o Luís Nobre, o pároco das Donas, e a incansável comunidade local. Esta instituição secular abrange cerca de três mil utentes – idosos, crianças e jovens e apoio à Família –, cumprindo a mensagem do seu Fundador: «Estar aberta a todos»
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«Aldeia de Joanes», crónica de António Alves Fernandes
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Março de 2012)
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