O 38.º «Festival Ó Forcão Rapazes!» realizou-se no dia 16 de agosto na praça do Soito com a participação das nove equipas representantes de Aldeia da Ponte, Aldeia do Bispo, Alfaiates, Fóios, Forcalhos, Lageosa da Raia, Ozendo e ainda de Aldeia Velha e Soito como organizadores da festa. Fora da praça o colorido das camisolas dos jovens indicava as suas origens. As bancadas encheram-se de famílias raianas onde se incluíam os ruidosos apoiantes das equipas participantes. Os bois* da ganadaria Zé Noi apresentaram-se imponentes, bravos e com vontade de bater forte no forcão. O problema foi, no entanto, a diferença no peso, na qualidade e na resistência dos dois forcões disponíveis na praça… (Parte 1 de 5).
A tarde de sexta-feira, 16 de agosto, apresentou-se seca e quente como é normal nas terras da Raia sabugalense. A seguir ao almoço os caminhos iam dar à praça do Soito e ao reencontro entre amigos naquela que é a maior festa da identidade raiana… a Capeia.
O «Festival Ó Forcão Rapazes» que começou por se chamar «Concurso Ó Forcão Rapazes» vai na sua 38.ª edição e atualmente alterna a sua realização entre as praças do Soito e de Aldeia da Ponte.
Participam anualmente nove equipas representando: Aldeia da Ponte, Aldeia Velha, Aldeia do Bispo, Alfaiates, Fóios, Forcalhos, Lageosa da Raia, Ozendo e Soito. Antes de tudo começar é feito o sorteio de entrada na praça e dos bois.
A organização vai passando anualmente por duas equipas que ficam responsáveis pela concretização do evento. Este ano tocou a Aldeia Velha e ao Soito e aos respectivos presidentes de Junta de Freguesia, Paulo Ramos e Tiago Nabais. No entanto considero que o Festival, propriamente dito, decorre um pouco em roda livre sem uma «voz de autoridade». Considero mesmo que devia ser nomeado um diretor (ou o que quiserem chamar) do Festival. O que aconteceu este ano na prática foi que o speaker de serviço recebia ordens avulsas do interior da arena suportando a responsabilidade do alinhamento e andamento das exibições das equipas.
A organização do Festival obriga a um grande trabalho de bastidores. No geral consideramos que as duas aldeias organizadoras tiveram nota muito positiva no abrilhantar do espetáculo.
Positivo
– A imponência e bravura dos bois selecionados pela ganadaria Zé Nói que entravam em praça com vontade de «bater e vencer o forcão».
– A assistência, participante e ruidosa, que defendeu com muita animação as respetivas equipas.
– A festa entre todos os participantes no final do Festival no centro da arena onde o colorido das camisolas e a muita juventude com que se apresentaram os representantes das aldeias deixam boas indicações para o futuro da tradição.
Negativo
– A apresentação de dois forcões completamente diferentes. Um mais recente e mais pesado que apenas foi escolhido por quatro equipas e o outro mais velho e com galhas secas, que obrigou a constantes reparações prejudicando o ritmo do espectáculo com elevados tempos de espera.
– A falta (terá sido esquecimento) de um bom sistema de rega da praça que obrigou igualmente a prolongados e desnecessários tempos de intervalo.
– A decisão de as lides nunca terem música durante os 10 minutos das mesmas também é discutível mas aceita-se. Ficou um pouco de nostalgia do som das charangas que costumam estar presentes.
– E por fim, e não menos importante, a irresponsabilidade (do ganadero ou da organização) que manteve em praça o boi da equipa dos Fóios. Nas próximas edições alguém vai ter de assumir em lugar visível essa e outras responsabilidades durante o festival. E mais não digo para não ajudar os anti-touradas.
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* Bois – O Manuel Monteiro, fotógrafo emérito de tudo o que de bom a Raia tem, esteve à conversa comigo durante todo o Festival. Fui ouvinte atento das sua deliciosas estórias e a determinado momento diz-me: «Não te esqueças que na Capeia são bois e nunca touros.» Será um bom tema de discussão um destes dias!
Obs: A reportagem do «Festival Ó Forcão Rapazes» tem cinco partes. Continua com mais quatro partes e com as fotografias das nove equipas.
(Continua)
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«A Cidade e as Terras», opinião de José Carlos Lages
(Fundador e Director do Capeia Arraiana desde 6 de Dezembro de 2006)
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