Hoje, quis revisitar crónicas de 2011 e 2012, continuando este périplo que parece interminável. Falo aqui da fiação e da tecelagem, tal como das romarias às quais era habitual irmos na minha infância. Vai gostar, de certeza…

As romarias dos meus tempos de criança
Nos anos 50 e 60, se bem me lembro, eram cinco as romarias a que as pessoas do Casteleiro aderiam em massa: Senhora do Bom Parto, no Terreiro das Bruxas; Santo Antão, em Sortelha; São Bartolomeu (Sã’ Bert’Lameu, como diz o Povo), nos Três Povos; Senhora da Póvoa, no então Vale de Lobo (hoje Vale da Senhora da Póvoa); e a já referida romaria da Senhora do Carmo.
Alguns também iam à Senhora da Graça, no Sabugal, mas eram poucos. Outros, menos ainda, iam à Senhora da Quebrada, na Benquerença.
Senhora do Bom Parto
Uma procissão da Moita para o Terreiro das Bruxas, missa e regresso era o ritual suficiente.
Santo Antão
É em Sortelha, na segunda-feira de Pascoela, ou seja, o domingo a seguir à Páscoa.
Senhora da Póvoa
Esta era a rainha das festas e romarias para as pessoas do Casteleiro.
Senhora do Carmo
Uma romaria à moda antiga. O local é um ermo fora dos dias da festa.

Fiação, tecelagem e tinturaria no Casteleiro
Quando eu era pequeno, muita gente ainda plantava linho e procedia à sua fiação. E havia na aldeia alguns teares, que, imagino, seriam como o da imagem.
Sabemos, pelas respostas do Padre Leal ao inquérito a todas as paróquias que havia já no século XVII tecelagem na Freguesia.
Dois pisões e um tinte
Fiação, tecelagem, pisoaria, tinturaria – uma fileira de produção essencial nas aldeias da era pré-industrialização. Sabe-se hoje que o Casteleiro chegou a ter isto tudo.
Leia-se a propósito o que escreve o Padre, quando responde ao tal «Censo» do Marquês…
À pergunta 16 do capítulo III do questionário «O que se procura saber do rio dessa terra he o seguinte», o Cura Manuel Leal Pires responde: «Tem dentro do limite desta freguesia esta ribeira sete moinhos e três lagares de azeite, dois pizoins e algum dia teve também um tinte, porém hoje se acha demolido».
No que ora me interessa, atento nos «dois pizões» e «um tinte».
Pisão – espécie de moinho onde os tecidos eram batidos para ficarem muito compactados e por isso mais maleáveis (dentro do possível, com estes processos artesanais da época).
Tinte – palavra espanhola para pintura artificial (por exemplo, ainda hoje, «el tinte del cabello»). Era a palavra usada para as tinturarias artesanais que havia lá em muitas aldeias. E aqui também. Leia mais… [aqui]
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Obrigado por me ler! Até para a semana, à mesma hora, no mesmo local!
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«A Minha Aldeia», crónica de José Carlos Mendes
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Janeiro de 2011)
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