• NOTÍCIAS
    • Notícias
    • Entrevista
    • Reportagem
    • Primeira Página
  • CRONISTAS
    • Cronistas
    • Crónicas
    • Opinião
    • Poesia
  • Documentários
  • FICÇÃO/GÍRIA
    • Ficção (Artigos)
    • Ficção (Arquivo)
    • Gíria Quadrazenha
  • História
  • Acontecimento Ano
  • Personalidade Ano
  • FICHA TÉCNICA
    • Ficha Técnica
    • O Primeiro…
    • A Cidade e as Terras

Menu
  • NOTÍCIAS
    • Notícias
    • Entrevista
    • Reportagem
    • Primeira Página
  • CRONISTAS
    • Cronistas
    • Crónicas
    • Opinião
    • Poesia
  • Documentários
  • FICÇÃO/GÍRIA
    • Ficção (Artigos)
    • Ficção (Arquivo)
    • Gíria Quadrazenha
  • História
  • Acontecimento Ano
  • Personalidade Ano
  • FICHA TÉCNICA
    • Ficha Técnica
    • O Primeiro…
    • A Cidade e as Terras
Home  /  .Crónica • Às voltas da História • Capeia Arraiana (2024) • Desporto • Futebol • Media / Internet  /  A ligação de Villas-Boas aos primórdios do FC Porto
30 Abril 2024

A ligação de Villas-Boas aos primórdios do FC Porto

Por António Simões
.Crónica, Às voltas da História, Capeia Arraiana (2024), Desporto, Futebol, Media / Internet andré villas-boas, antónio simões, bobby robson, fc porto, guilherme pinto basto, jornal a bola, pinto da costa, prémio vítor santos, rei d. carlos, sousa cintra, travessa da queimada, troféu gandula, visconde de guilhomil Deixe Comentário

O outro lado da vida de André Villas-Boas que eu descobri na história do FC Porto, logo em 1893…

André Villas-Boas comemora com os apoiantes a esmagadora vitória sobre Pinto da Costa nas eleições do FC Porto (foto: Fernando Veludo/Lusa)

De André Villas-Boas se sabe bem como surgiu a treinar o FC Porto e, de fogacho (e encanto) agarrou a imortalidade nos quatro títulos conquistados nessa época de 2010/2011: a Liga Europa, o Campeonato (cedendo apenas três empates…), a Taça de Portugal, a Supertaça.

Crescendo com paixão quente pelo futebol (e pelo FC Porto, claro…) – aos 17 anos apercebeu-se de que Bobby Robson (que Pinto da Costa apanhara, de súbito, depois de Sousa Cintra o despedir em pleno voo, no regresso da eliminação do Sporting pelo Casino Salzburgo…) vivia no seu prédio e, despachado de timidez, meteu conversa (de futebol, claro…) com ele, sugerindo-lhe, depois, até a forma mais arguta de rentabilizar Domingos Paciência (que o destino, num dos seus caprichos, colocaria no seu caminho como treinador do SC Braga, na final Liga Europa). Robson achou-lhe piada ao topete – e, percebendo-lhe o génio, apontou-lhe caminho: um curso na Football Association. A idade ainda não lho permitia, fintou-se o BI – e foi assim que arrancou para a tal história que bem se sabe…

O que se sabe menos bem é da ligação ao FC Porto (ou melhor, aos primórdios do FC Porto…) que lhe corre no sangue. Oficialmente o título não existe (foi, claro, extinto pela República) mas se existisse o Visconde de Guilhomil seria ele, chamar-lhe-iam D. Luís André de Pina Cabral e Villas-Boas. A José Gerardo Coelho Vieira Pinto do Vale Peixoto de Villas-Boas fizera-o (em 1890) Visconde de Guilhomil, o Rei D. Carlos. Quando, oito anos após, José Maria Alpoim se tornou Ministro da Justiça chamou-o para secretário. A deputado subiu, no ano seguinte, o Visconde de Guilhomil (sendo reeleito para as cortes em em 1903 e 1905).

FC Porto de 1893 – o sangue dos Kendall

Tendo José Gerardo Villas-Boas seis filhos, Gonçalo Manuel (o quinto), casou-se com Margaret Neville Kendall. Comerciantes radicados no Porto, Edward, o pai, e Albert e Alfred Kendall, os tios de Margaret, ajudaram António Nicolau de Almeida a fundar o FC Porto em 1893. Disputaram os vários jogos a que o clube se atirou (sobretudo aquele em que, frente ao Lisbonense dos Pinto Basto, perdeu o primeiro troféu que o futebol português teve em disputa, oferecido por D. Carlos) e seria com a avó Margaret Neville Kendall que Luís André de Pina Cabral e Villas-Boas aprenderia a falar inglês…

Nesse FC Porto (de 1893) alinharam Arthur e Lacy Rumsey. Tinham uma irmã que jogava ténis, a Hilda e, casando-se, entretanto, com António Nicolau de Almeida (negociante de vinho do Porto que também praticava o jogo do pau, a velocipédia, o críquete e o golfe com os Kendall e os Rumsey…), ela pediu-lhe que largasse o futebol (por ser «perigoso e violento») e se dedicasse mais ao ténis.

Tal como o futebol, o ténis fora introduzido em Portugal por Guilherme Pinto Basto, algures por 1882 e até 1901 ele não perdeu um único desafio por cá. Pelo caminho, tornara D. Carlos (que no tiro chegara a destacar-se num torneio internacional) fervoroso jogador de ténis. Ambos transformaram, na Parada, os torneios do Sporting Club de Cascais em «acontecimentos mundanos». Ambos fizeram parte da seleção de Lisboa que na viragem do século defrontou a seleção do Porto com Hilda e António Nicolau de Almeida.

E quando, em 1902, Cascais passou a ter Campeonatos Internacionais, D. Carlos entrou em «pares mistos» com um… homem a parceiro: João Pinto Basto, primo de Guilherme e, à edição de 1904, foi com Angélica Plantier, quedando-se, porém, pela primeira eliminatória. Angélica estava no início de carreira que foi para lá dos anos 20 e depois decidiu colocar à venda os mais de 300 troféus que conquistara e entregar a verba para obras de beneficência em Santo Condestável…

Visconde no FC Porto para ser grande

Vendo largos anos suspenso o seu Foot-ball Club do Porto, António Nicolau de Almeida não deixou de estimular José Monteiro da Costa a refundá-lo. Oficializando-o a 2 de agosto de 1906, decidiu manter-lhe as «cores da bandeira da pátria» e, reconhecendo-se-lhe o espírito republicano, a quem estranhasse que não lhe pusesse as «cores da bandeira da cidade», Monteiro da Costa explicou-o: «Azul e branco serão as nossas cores porque tenho a esperança de que o nosso clube há de ser grande, não se limitando a defender apenas o bom nome da nossa cidade…»

No FC Porto refundado logo apareceu, como um dos seus primeiros sócios, José Gerardo Coelho Vieira Pinto do Vale Peixoto de Villas-Boas (o Visconde de Guilhomil que é bisavô de André Villas-Boas).

Para lhe dar toque de modernidade, Sara, a irmã mais velha de José Monteiro da Costa, tratou, num ápice, de abrir no Campo da Rua da Rainha classe de ténis para senhoras – e juntou-lhe a patinagem.

Sócias do FC Porto só o poderiam ser com autorização dos pais ou dos maridos. Era sinal dos tempos, desses tempos em que o Código Penal permitia que marido que assassinasse esposa adúltera «redimisse a falta» com apenas seis meses de desterro da comarca, que se achava que mulher magra era «sinónimo de fraca saúde, maldade ou ambição desmedida» e que, se alguma «mais afoita», quisesse jogar ténis ou fazer patinagem, a «boa moral» obrigava-a a jogá-lo ou fazê-la coberta até aos pés – e de chapéu…

Tendo D. Carlos fechado as Cortes para entregar a Ditadura a João Franco, António Cabral, seu líder de bancada, taramelara aos jornalistas: «Há um governo que quer seguir o caminho da honra e não receia uma oposição de merda.»

José Maria Alpoim, que já criara a Dissidência Progressista (onde se acamaradou o Visconde de Guilhomil) sentiu-se ofendido e desafiou-o a duelo à pistola. Foi em Monsanto, num descampado junto ao forte, cabendo a arbitragem ao Visconde da Ribeira Brava. À ordem, Alpoim e Cabral «visaram alto, acima da elevada cartola do adversário» – e não houve sangue, mas quem se lembrava dizia que se fosse um ano depois, talvez a história tivesse sido diferente…

A 11 de julho de 1907, na casa do Visconde da Ribeira Brava, à Avenida da Liberdade, lançaram-se, em reunião secreta com Afonso Costa e Alexandre Braga (figuras principais do Partido Republicano), ideias de movimento que «atentasse contra Franco». Eram precisas armas – e foram encomendas a Gonçalo Heitor Ferreira, carbonário com loja à beira da estação do Rossio – e pagou-as o Visconde da Ribeira Brava.

A 31 de Janeiro de 1908, D. Carlos promulgou em Vila Viçosa o decreto que permitia a João Franco a deportação para as colónias dos presos políticos e a quebra de imunidade parlamentar a todos os opositores do regime. Assinou-o, murmurou: «Estou a assinar a minha sentença de morte.»

No dia seguinte, a família real regressou de Vila Viçosa. O cocheiro Bento Caparica largou da estação o landau. D. Carlos levava um revólver no bolso do capote. De repente, do outro lado da praça, homem de longo varino e barbas, vindo da placa central do Terreiro do Paço, tirou carabina da capa, assentou o joelho em terra e disparou. Era Manuel Buíça, professor de um colégio privado, filho de um padre. O primeiro tiro acertou no pescoço do rei, matando-o no instante. Vulto franzino de Browning FN em punho cortou o cordão de curiosos e polícias, pôs o pé no estribo da carruagem e disparou duas vezes sobre D. Carlos já sem vida. Era Alfredo Costa, sindicalista, caixeiro dos Grandes Armazéns do Chiado.

Apavorada D. Amélia fustigou-lhe a cabeça com ramo de flores que uma afilhada lhe dera na gare e antes de D. Luís Filipe se levantar e usar o seu Colt, Costa atingiu-o, mas foi Buíça quem, depois, acertou em cheio na cabeça do Príncipe Real…

Com o Rei morto… ainda havia Kendall no FC Porto

Guilherme Pinto Basto fora à estação receber D. Carlos. Trocaram «dois dedos de cavaqueira» – e ao aperceber-se do primeiro disparo, correu, temerário, para o centro do fogo – à «caçada dos regicidas».

Agarrou Alfredo Costa, entregou-o à polícia que ali mesmo o matou a tiro e espadeirada. Depois, entrou no Arsenal e ajudou a tirar os corpos da carruagem: o rei morto, o príncipe a agonizar. Quando de lá saiu, Pinto Basto foi ao escritório escrever crónica para jornal inglês a contar o drama. A primeira página do «Evening Standard» foi toda dramático desenho da… «matança».

Ao vê-los cadáveres, sobre fria laje, D. Maria Pia descarregara a ira em João Franco: «Diziam que o senhor era o coveiro da monarquia. Foi pior. Foi o assassino de meu filho e de meu neto.»

Envolvendo-se José Maria Alpoim com o Visconde da Ribeira Brava na Dissidência Progressista, o Visconde de Guilhomil não os acompanhara, porém, no encosto aos republicanos e, quando, a 5 de outubro de 1910, a monarquia se esfarelou, José Geraldo de Villas-Boas desligou-se da política.

Porém, por abril de 1911 ainda se viu um… Kendall a jogar futebol pelo FC Porto (na derrota frente aos franceses do Vie ao Grand Air du Medoc) e, dois anos volvidos, contar-se-ia que fora pelo amargor que a revolução republicana lhe causara que a morte apanhara, de súbito, o Visconde de Guilhomil.

Já nos anos 60, haveria de fazer-se igualmente a ligação dos Villas-Boas (e dos Kendall da fundação do FC Porto) aos Pinto Basto através do casamento de Rui Gonçalo do Valle Peixoto de Villas-Boas com Maria da Conceição Ulrich Pinto Basto, neta de Frederico Pinto Basto, que com Guilherme e Eduardo, os irmãos mais velhos, estivera (por outubro de 1988) na primeira «demonstração de football» que se levara a Cascais – por entre o entre o «glamour» do ténis…

:: ::
«Às voltas da História», crónica de António Simões
(Cronista no Capeia Arraiana)

:: ::

::  ::  ::  ::  ::

Que me perdoem todos os outros ilustres jornalistas que passaram pela Travessa da Queimada mas considero o António Simões o mais brilhante e completo jornalista que conheci no jornal «A Bola». Com ele partilhei muitas horas na elaboração de muitas publicações e com ele aprendi o que era o jornalismo desportivo das grandes histórias e em especial da «sua modalidade»: o atletismo.

António Simões nasceu em Angola a 30 de outubro de 1963. Entrou no jornalismo a correr pela mão de Moniz Pereira. Nunca quis ser historiador, mas sempre quis contar histórias. Aprendeu a arte no jornal «A Bola», para onde entrou em 1985. Ganhou por cinco vezes o Troféu Gandula e por duas o Prémio Vítor Santos do Clube de Jornalistas do Porto. Editou «A Bola – Edição Especial» e «Bola7».

Foi enviado especial aos Jogos Olímpicos de Atlanta, Sydney, Atenas, Pequim e Londres – e a todas as edições de Campeonatos do Mundo de Atletismo desde 1987. A cobertura de Atlanta-1996 deu-lhe «Prémio IBM de Reportagem».

Na Travessa da Queimada, redação do jornal «A Bola», escreveu e editou «50 Anos de Desporto em Portugal», «Glória e Vida de Três Gigantes – FC Porto, Benfica e Sporting»; «100 Figuras do Futebol Português», e entre outros, «Os Maiores Clubes do Mundo».

No âmbito das comemorações do Centenário da República, uma série de 12 suplementos de «A Bola» valeram-lhe o Prémio Nacional de Reportagem Norberto Lopes. Desse trabalho, cruzando os dois mundos, nasceu um livro: «Desporto com Política nos 100 Anos da República…» É dele, também, a autoria do livro «Eusébio como nunca se viu».

Obrigado António por me deixares partilhar estas tuas crónicas.

José Carlos Lages

Partilhar:

  • WhatsApp
  • Tweet
  • Email
  • Print

Relacionados

Partilhar nas Redes Sociais
Share on Facebook
Share on LinkedIn
Share on Twitter
Share on StumbleUpon
Share on Reddit
Share on Tumblr
Share on Delicious
Share on VK
Share on Whatsapp
António Simões

Crónica: Às voltas da História

 Previous Article Aos senhores da política
Next Article   Ideais por cumprir

Related Posts

  • A Maria Teresa Horta que eu escrevi em «A Bola»

    Quinta-feira, 6 Fevereiro, 2025
  • Carlos Lopes – nos 100 anos do nascimento de Mário Soares (2)

    Quinta-feira, 26 Dezembro, 2024
  • Carlos Lopes – nos 100 anos do nascimento de Mário Soares (1)

    Quinta-feira, 19 Dezembro, 2024

Leave a ReplyCancel reply

Social Media

  • Connect on Facebook
  • Connect on Twitter

RSS

  • RSS - Posts
  • RSS - Comments
© Copyright 2025. Powered to capeiaarraiana.pt by BloomPixel.
 

Loading Comments...