Conheci bem o viver dos homens do campo no Sabugal e nas terras do Concelho, nos tempos da ditadura Salazarista. A maioria eram analfabetos e pobres. Conheci também uma classe que poderíamos considerar média, formada por funcionários públicos e uma classe rica de juízes e médicos. E, também, uma Igreja que representava a parte espiritual, e que recebia prebendas do Povo.




Tudo isto felizmente teve um fim, mas temos de nos libertar do que diz esta frase de Augusto Comte: «Os vivos foram governados desde sempre pelos mortos, é a lei fundamental da ordem humana.»
Pessoalmente não acredito nesta forma de pensar. Os tempos estão sempre em mudança e cada vez mais acelerada. No actual momento histórico e, quanto mais puxarmos pelo passado, mais dificil se torna chegarmos ao futuro. Os «técnicos de opinião» (opinion makers) têm de chegar a esta conclusão.
Toda a tradição é transformada um dia numa contra-tradição e é natural que assim seja. Há sempre uma tentativa para pôr fim à hegemonia do passado sobre o presente. Este pensamento está bem presente nas frases de Thomas Payne: «A vaidade e a presunção de governar mais além da tumba é a mais insolente das tiranias» e «os únicos tiranos que a humanidade conheceu foram sempre as sombras dos mortos.»
Pessoalmente, sinto medo das tradições que levam a um passado triste…
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«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Junho de 2008)
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