Querido(a) leitor(a), hoje vou publicar a quarta parte do artigo que escrevi para um Jornal que saiu há uns anos aqui no concelho do Sabugal num dia de festa das Associações Concelhias. O jornal intitulava-se «A Salto». A minha crónica está dividida em seis partes. A de hoje intitula-se «os passadores». É um artigo sobre a Igreja Católica, que tinha tanto ou mais poder do que os políticos nos anos 60 do século passado. (Parte 4 de 6.)

(Continuação)
A história da emigração concelhia sabugalense não cabe na folha de um jornal. Aí caberá a razão da partida, algumas consequências que trouxe para o Concelho e alguns factos que giraram à sua volta.
A razão da partida já foi dada, podemos acrescentar que depois do começo da Guerra Colonial, jovens do concelho do Sabugal emigraram para não participarem nela, a partir desse facto, os senhores do Regime começaram a conotar a emigração, principalmente a clandestina, com o Partido Comunista Português.
O que era a emigração clandestina? Partir sem passar pelos organismos estatais que estavam relacionados com a emigração, era a fuga. Essa fuga tinha várias explicações, entre elas estava a rejeição do candidato emigrante de se submeter à burocracia que podia levar um ano, ou até mais, a estar conforme, podia também ser-lhe negada a autorização para emigrar.
Surgem então uns novos actores na história da emigração, os «Passadores». Estes, pagando-lhes pura e simplesmente levavam o candidato a emigrar até ao seu destino, onde lhes estava garantido um trabalho. Qual era a escolha mais inteligente do candidato? O «Passador». Salvo uma ou outra excepção estes «passadores» eram pessoas éticas, os candidatos à emigração sabiam que os perigos eram muitos, as dificuldades também, mas confiavam neles.
No plano económico o que trouxe a emigração para o Concelho? Um desenvolvimento mais harmonioso, houve comércio que singrou muito, a construção civil. E as remessas de divisas enviadas pelos emigrantes? A maior parte foi para sustentar a Guerra Colonial, falava-se nessa altura que podia servir esse dinheiro para desenvolver o Concelho se fosse cá aplicado, mas o Regime tinha outras prioridades onde empregar o dinheiro.
Hoje fico por aqui para não dividir a próxima crónica.
(Continua)
:: ::
«Passeio pelo Côa», opinião de António Emídio
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Junho de 2008)
:: ::
Leave a Reply