Colha-se a mudança no poema e ainda que em silêncio, sem voz nem tom, saboreie-se-lhe a vontade e a confiança. Guarde-se, do tempo, a novidade e a esperança sem lhe apagar nem a lembrança nem a saudade. E, sim, a mudança reanimará a vida.
Mude-se o querer se ele for inacessível. Mude-se o modo quando o fim não resultar. Mude-se a circunstância quando se perder a confiança. Mude-se o jogo se não for limpo.
Enfim, diz o poeta que o tempo é composto de mudança.
Segue a vida de mudança em mudança. Evite-se o trivial quando for suspeito, remova-se o simples quando deixar de o ser, destitua-se o habitual quando não for confiável.
Mude-se para que não fiquemos à margem de nós próprios.
Cancele-se a naturalidade se ela for disfarçada porque pode ser pedante. Recuse-se a desordem, a arbitrariedade e a desumanização porque, em conjunto ou isoladas, serão sempre perigosas.
Seguir em frente será, fatalmente, coreografar a mudança tateando e delineando o ideal.
E, se nesta dança, acharmos a adversidade, troquemos-lhe as voltas e avancemos porque quem muda Deus o ajuda.
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«Terras do Jarmelo», crónica de Fernando Capelo
(Cronista no Capeia Arraiana desde Maio de 2011)
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