CONSERVATÓRIO NACIONAL :: Com a excelente ajuda do meu amigo Francisco Vinhas, funcionário do Conservatório Nacional, que agradeço, dedico esta sexta crónica sobre o meu bairro a esta escola de artes quase bicentenária. (parte 6)

BAIRRO ALTO (6)
diz-se de muitos artistas
que têm uma dose de loucura
talvez porque são vanguardistas
e até pelo seu jeito e postura
mas será que tem relação
a escola de artes ser num edifício
que numa anterior utilização
funcionou como um hospício
estou a brincar como é evidente
mas o Convento dos Caetanos
é sem dúvida surpreendente
pelas mudanças ao longo dos anos
edificado como convento
para glória do divino
passou a escola de talento
de uso mais libertino
estaria o prédio em ruína
colapsado em algumas partes
quando surgiu a ideia genuína
de criar a Escola de Artes
foi com Almeida Garrett a dirigir
que a obra foi executada
e em 1836 lograram construir
uma escola que hoje é consagrada
ensinou-se desde sempre a dançar
música, mimica e declamação
Também se aprendeu a representar
cada arte tinha a sua secção
hoje o Conservatório Nacional
é diferente no seu conceito
a evolução é lógica e natural
mas continua a ensinar a preceito

O Convento dos Caetanos foi mandado construir para ser morada da Ordem dos Clérigos Regulares (Teatinos) por alturas de 1650. Funcionou como igreja e até como hospício até que quase foi destruído em 1755 e por esse motivo viria a sofrer modificações significativas na sequência do terramoto.
Com a extinção das ordens religiosas em Portugal e por proposta de Almeida Garrett o edifício foi escolhido para instalar em 1836, por decreto da rainha D. Maria II, o Conservatório Geral de Arte Dramática. Mais tarde o nome do estabelecimento foi alterado para Conservatório Real de Lisboa e, depois da implantação da República em 1910, passou designar-se Conservatório Nacional.
Ao longo dos anos foram várias as artes que foram leccionadas neste conservatório e vários dos seus alunos atingiram o estrelato entre tantos e tantos vou destacar apenas alguns correndo o risco de ser injusto para outros tantos que mereciam ser nomeados.
No teatro, Marco Horácio, Diogo Infante, Marco António del Carmo. No cinema, David Fonseca. Na música, Cláudio Pascoal. Na dança, Catarina Furtado, Telmo Moreira, Sandra Rosado, Liliana Mendonça, Romeu Runa, Rita Judas, Filipa Castro (primeira bailarina da Companhia Nacional de Ballet) e Marcelino Sambé (primeiro bailarino do Royal Ballet de Londres).
Na próxima crónica vou abordar as casas de fado no Bairro Alto…

:: ::
«Quiosque da Sorte», poesia de Luís Fernando Lopes
:: ::
Leave a Reply