A maioria dos portugueses acaba de comemorar o 1.º de Dezembro – o dia da independência nacional – data da libertação de Portugal do domínio castelhano.

A História ensinou-me que naquela longínqua madrugada um grupo de conspiradores invadiu o Paço da Ribeira em Lisboa, para derrubar a dinastia castelhana, que governava Portugal desde o ano de 1580.
Miguel Vasconcelos, o representante do poder do poder filipino é morto e o corpo lançado por uma janela. É dado o primeiro passo para D. João IV ser proclamado e coroado Rei de Portugal.
O feriado da Restauração de Portugal foi instituído em 1910, e apenas suspenso no ano de 2012, devido à crise económica vivida neste País.
Esta data está na cimeira das comemorações porque tem uma enorme carga simbólica de valor colectivo: a independência e a existência de uma Nação capaz de dirigir o seu próprio destino. Este facto importante da nossa História, que reforça a identidade nacional, é amplamente celebrado de norte a sul do país. A nível governamental, as comemorações oficiais centralizam-se na Praça dos Restauradores, junto ao Monumento, que assinala esta efeméride, e desfilam várias Bandas Filarmónicas na Avenida da Liberdade em Lisboa.
Segundo dados recolhidos nestes últimos anos, a comemoração a nível regional tem aumentado, principalmente nas Zonas Fronteiriças. Em Elvas, por exemplo, onde as populações mais sofreram as mais duras consequências da luta pela Restauração, as cerimónias são realizadas com pompa e circunstância. Estas manifestações de alegria estendem-se a outras localidades, como Guimarães, Montijo, Pedrogão Grande, Fundão…
No Fundão, o 1.º de Dezembro comemora-se de uma forma muito singular. O saudoso António Paulouro, director do Jornal do Fundão, defendia a tese de que já estas celebrações iniciaram-se ainda em 1640, porque um grupo de conjurados fundanenses esteve na luta da Restauração. Quando as badaladas soam no sino da Igreja Matriz o começo do dia 1 de Dezembro, as pessoas saem para as diversas ruas da cidade, a fim de celebrar o acto de «Encorrer com os espanhóis», numa arruada ao ritmo de uma Filarmónica, que termina diante do edifício da Câmara Municipal, onde todos cantam o Hino da Restauração. Esta cerimónia chegou a ser proibida nos anos sessenta, porque também era se aproveitava para uma evocação à liberdade e manifestação de oposição ao Estado Novo. Aconteceu que no ano de 1967, foram presos vinte manifestantes, presas, levadas a tribunal, mas o juiz absolveu-as.
Também é organizada pelo Município Fundanense, e já vai na terceira edição, «A Corrida dos Restauradores», onde «competem» mais de quinhentos atletas de todas as idades.
Na minha aldeia arraiana, a Bismula, no concelho do Sabugal, a Comemoração da Independência de Portugal era o acto não religioso mais importante daquelas gentes. Todas as crianças e adolescentes da Escola Primária, dirigidas pelos seus professores(as), marchavam para junto do Monumento vestido com as cores da bandeira portuguesa, onde já estavam os nossos Pais e população em geral. Não conheço, aliás, outra aldeia com um monumento em granito maciço como este, obra do canteiro António Martinho, natural do Louriçal do Campo (Castelo Branco).
No final dos discursos patrióticos alusivos a este acontecimento, todos cantavam o Hino Nacional de cor e salteado.
É uma tradição que, muitos anos depois, ainda se mantém em alguns concelhos, sobretudo no interior de Portugal, e também sabemos, que infelizmente muitos portugueses não conhecem o verdadeiro significado da Restauração de Portugal.
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«Aldeia de Joanes», crónica de António Alves Fernandes
(Cronista no Capeia Arraiana desde Março de 2012)
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