Nesta quarta crónica sobre o Bairro Alto partilho uma brincadeira que escrevi com os nomes das ruas do meu bairro e tento resumir o que se sabe sobre a origem de alguns desses nomes. (parte 4)
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NASCI NO BAIRRO ALTO
(poema dedicado a todos os que nasceram no bairro e o amam)
de ATALAIA estava a ROSA
mas ficou na CARA QUEIMADA
queixou-se ao TEIXEIRA pesarosa
num banco do CAMÕES sentada
ao pé do POÇO DA CIDADE
HORTA SECA é contradição
mas a LUÍSA TODI com dignidade
bebeu ÁGUA DA FLOR por tradição
FIÉIS DE DEUS em SÃO ROQUE
maçons no GRÊMIO LUSITANO
o DIÁRIO DE NOTÍCIAS se à choque
tem um exclusivo do catano
se a BARROCA desmorona
ficam os MOUROS sem NORTE
mas se as GÁVEAS ficarem à tona
é um SÉCULO de muita sorte
SÃO PEDRO DE ALCÂNTARA era frade
em BOA HORA veio para Portugal
das SALGADEIRAS tinha piedade
o BAIRRO ALTO é imortal
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Ruas do Bairro Alto
Aproveitando um trabalho de investigação do meu amigo José Silveira que compilou o que os olisipógrafos têm escrito acerca das origens dos nomes das ruas do Bairro Alto aqui deixo uma pequena resenha.
A Travessa dos Fiéis de Deus tomou esse nome porque ali existia uma Capelinha por volta da segunda metade do século XVI.
Já a Rua da Horta Seca está situada em terras de cultivo, quando a horta secou é fácil admitir este baptismo.
As Rua do Diário de Notícias e Rua do Século que foram respectivamente «dos Calafates» e «Formosa», mudaram o nome para se referirem aos dois importantes jornais que albergaram durante muitos anos.
A Travessa da Boa Hora deve o seu nome a uma ermida que estava situada nesta travessa junto à Rua da Rosa que foi destruída pelo terramoto de 1755 provavelmente onde hoje está situada a escola primária.
Já a Rua das Salgadeiras que foi Rua da Salgadeira (no singular) terá este nome devido a ali ser uma zona onde se salgava o peixe para conservação até à sua comercialização.
A Travessa do Poço da Cidade terá tomado este nome devido à existência de um ou mais poços nesta artéria que na altura era designada como rua.
A Rua da Rosa deve o seu nome provavelmente a uma rosa dos ventos que embelezava um dos edifícios, ou a uma rosa que servia de delimitação a propriedades. no entanto ainda é referido que ali poderia ter morado uma tal Rosa que seria proprietária e que quando morreu originou muitas partilhas chegando a referir-se que essa rua se terá chamado Rua da Rosa das Partilhas.
Sobre a Rua da Atalaia está apenas mencionado que é um dos nomes mais antigos que existe registo e que se deve provavelmente ao facto de o alto desta rua ser propício a estar de atalaia ou seja de sentinela.
Sobre a Rua do Norte e Rua das Gáveas elas têm tudo a ver com um bairro que era habitado por marinheiros.
Acerca da Rua do Grémio Lusitano ela deve o nome à loja maçónica ali existente.
E finalmente a Travessa da Queimada chama-se assim por uma das primeiras proprietárias ser uma fidalga de seu nome Ana Queimada.
Na próxima crónica sobre o Bairro Alto vou dissertar sobre duas ocupações muito frequentes no bairro, ou seja, vou falar das prostitutas e dos malandros.
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«Quiosque da Sorte», poesia de Luís Fernando Lopes
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