A longa série de atentados terroristas perpetrados na Europa no decurso dos últimos anos por fundamentalistas islâmicos constitui um elemento marcante da era que atravessamos, em que os sentimentos da insegurança e da incerteza passaram a fazer parte integrante do quotidiano das pessoas no continente europeu.

O atentado de Arras
13 de Outubro de 2023. No centro da cidade de Arras (França), um homem de nacionalidade russa munido de armas brancas dirigiu-se pelas 11 horas da manhã ao liceu Gambetta, e, uma vez chegado à entrada deste estabelecimento escolar, matou à facada Dominique Bernard, professor de francês que ali se encontrava. Outro professor que o tentou defender ficou, por sua vez, gravemente ferido. Em seguida, o atacante entrou no liceu, gritando «Allahu Akbar» («Alá é Grande»), decidido a prosseguir o seus intentos criminosos. Entrando em pânico, houve quem fujisse ou se escondesse, mas também quem, agindo de forma mais serena, tenha chamado a polícia. Entretanto, outro funcionário da escola acabou por ser a terceira vítima do atacante. Até que a polícia chegou ao local do crime e o criminoso foi detido
No seu telemóvel foi encontrada uma mensagem de áudio onde declarava lealdade ao Estado Islâmico e dizia «ter ódio pela França, pelos franceses e pela democracia».
Quem foi o autor destes atos de terror? Mohammed Mogouchkov de seu nome, tem 20 anos e nasceu na Federação da Rússia, República da Inguchétia, predominantemente muçulmana.
Segundo afirmou o ministro do Interior francês Gérald Darmanin, o atacante, que é um antigo aluno do liceu Gambeta, tinha sido recentemente monitorizado pela Direção-Geral francesa de Segurança Interna, devido a ligações com o seu pai, que na sequência de uma investigação por radicalização foi expulso de França em 2018. Mas também devido a ligações com um irmão que está preso por envolvimento num ataque planeado ao Palácio do Eliseu, a residência do Presidente da República.
Aliás, Mohammed era seguido pela polícia francesa que conhecia a sua radicalização, estando classificado como «S», ou seja, alguém que representa um risco para a segurança. Todavia, por ter entrado no país antes dos 13 anos, Mohamed não podia ser legalmente deportado para o país de origem. Importa ainda acrescentar que a sua família já tinha antes estado para ser expulsa de França em 2014, mas, no momento do embarque, os pais de Mohammed acompanhados dos seus cinco filhos, recusaram entrar no avião que os levaria para a Rússia.
Entretanto, várias associações de apoio aos imigrantes e refugiados vieram a terreiro contestar publicamente a expulsão desta família, que, segundo alegavam, estava perfeitamente integrada na sociedade francesa. E o governo francês acabou por anular a ordem de expulsão. Só que a história da suposta integração da família de Mohammed Mogouchkov não passou duma falácia na qual só os activistas das ditas associações quiseram fazer acreditar o governo francês, uma vez que, quatro anos mais tarde, 2018, o pai de Mohammed, foi como se disse, expulso de França por radicalização. A restante família do atacante continuou, porém, a viver em terras gaulesas continuando os filhos a frequentar as escolas francesas e a tirar partido do estado social francês e da legislação francesa.
Entretanto, na sequência de mais este ataque terrorista, foi respeitado um minuto de silêncio nas escolas francesas em homenagem às vítimas de atentados nas escolas e, no dia 15 de Outubro, ocorreu uma manifestação pública de pesar em memória de Dominique Bernard na praça central da cidade de Arras, não muito longe do complexo escolar de Gambetta, palco do ataque. A sirene da cidade tocou várias vezes na praça, que estava repleta de pessoas recolhidas num silêncio mortal.
Por sua vez, o presidente da República Emmanuel Macron fez questão de marcar a sua solidariedade com a família desta nova vítima do «jihadismo islâmico» durante as cerimónias fúnebres que decorreram, a 19 de Outubro, na catedral de Arras, tendo, além disso, condecorado a título póstumo Dominique Bernard com as honras de Cavaleiro da Legião de Honra de França.
Entretanto, desde o dia do atentado, e tendo em conta o reacendimento do conflito Hamas-Israel e o apelo do Irão para que todos os muçulmanos reajam aos bombardeamentos israelitas na faixa de Gaza, a França esteve em «alerta de ataque de emergência», o nível mais elevado do sistema Vigipirate e 7000 soldados foram enviados um pouco por todo o país. Aliás, «o clima de jihadismo foi evidente desde o dia em que o Hamas atacou Israel», declarou a 14 de Outubro o ministro do Interior, Gérald Darmanin, ao mesmo tempo que apresentou, a este propósito, uma «linha firme de resposta: a expulsão sistemática de qualquer estrangeiro (…) considerado perigoso pelos serviços de informação». Por outro lado, o receio de novos atentados levou, na mesma data, à evacuação do Museu do Louvre e do Palácio de Versalhes, com base em falsos alarmes.
O assassínio de Dominique Bernard não pode deixar de trazer à memória outras situações análogas acontecidas em França desde 2016.
O atentado da Normandia de 2016
Foi, por exemplo o caso, quando em 26 de Julho de 2016, o padre católico Jacques Hamel foi barbaramente degolado por dois terroristas ligados ao Estado Islâmico, no momento em que celebrava a missa na igreja de Saint Ettienne du Rouvray, região da Normandia, em França. Após a sua morte, o Imã local Mohammed Karabila, com quem o Padre Hamel trabalhava desde 2015 num comité inter-religioso, fez questão de condenar de forma veemente o erro praticado pelos atacantes e descreveu o sacerdote católico como um «amigo e alguém que deu a sua vida pelos outros».
O atentado num subúrbio de Paris de 2020
Por sua vez, em 16 de Outubro de 2020, Samuel Paty, um professor francês de história e geografia, foi, como tive ocasião de descrever numa crónica aqui publicada, foi barbaramente decapitado com uma arma branca por um jovem refugiado checheno de confissão muçulmana, pouco depois de ter saído da escola onde dava aulas, situada na comuna de Conflans-Sainte-Honorine, na região de Paris.
De facto, a longa série dos atentados terroristas perpetrados na Europa,no decurso dos últimos anos, por fundamentalistas islâmicos constitui, infelizmente, um elemento marcante da era que atravessamos, em que os sentimentos da insegurança e da incerteza passaram a fazer parte integrante do quotidiano das pessoas no continente europeu.

O atentado de Bruxelas de 16 de Outubro de 2023
Entretanto, também a 16 de Outubro, mas do ano em curso, ou seja, três dias depois do assassínio de Dominique Bernard, um imigrante ilegal de nacionalidade tunisina, Abdesalem Lassoued de seu nome, que se deslocava ao final da tarde numa motocicleta numa rua da capital da Bélgica, Bruxelas, resolveu perseguir um pequeno grupo de adeptos de futebol suecos vestidos com a camisola da sua seleção que viajavam num táxi para assistir ao jogo entre a Bélgica e a Suécia e, aos gritos de «Allahu Akbar» («Alá é Grande») disparou contra eles tiros de metralhadora quando os mesmos saíam do táxi, matando dois desses cidadãos suecos e ferindo o condutor do veículo. Em seguida, pôs-se em fuga, mas acabou por morrer na sequência de uma troca de tiros com a polícia belga, quando era transportado para um hospital de Bruxelas.
Entretanto, entre o atentado e a sua morte, o atacante publicou sob o nome de Slayem Slouma um vídeo nas redes sociais onde reclamou a autoria do ataque e disse ter-se inspirado nas ações do Estado Islâmico e afirmando que tinha matado as referidas duas pessoas «para vingar os muçulmanos e que quem vive pela religião também morre por ela».
Relativamente às motivações do atentado terrorista, os investigadores do atentado em Bruxelas excluíram num primeiro momento que as mesmas estivessem diretamente ligadas com o atual conflito entre Hamas e Israel. Todavia, a 17 de Outubro, vieram informar que Abdesalem Lassoued tinha «partilhado várias demonstrações de apoio ao povo palestiniano nas redes sociais». Para o porta-voz da procuradoria belga, isso significa que, afinal, «esse tema pode ter tido influência», acrescentando, por outra via, que «o atacante também poderá ter optado por atacar cidadãos suecos pelo facto de ter sido anteriormente expulso da Suécia».
O certo é que, também a 17 de Outubro, o grupo que se designa como Estado Islâmico veio reivindicar o atentado realizado no dia anterior. Por sua vez, a agência noticiosa Amaq, que faz a propaganda deste grupo, publicou um comunicado em que assegurou que «um combatente do Estado Islâmico levou a cabo, no dia 16 de Outubro, um ataque armado contra vários cristãos da Suécia, país que participa na coligação internacional contra o Estado Islâmico».
Por outro lado, fontes da agência noticiosa italiana Ansa indicaram que Abdesalem Lassoued tinha desembarcado em 2011 na ilha italiana de Lampedusa numa pequena embarcação. Após uma breve permanência em Itália, Abdesalem viajou depois para a Suécia de onde entretanto, veio efetivamente a ser expulso pelas autoridades suecas e tendo regressado, em 2016 a Itália, onde foi considerado como «radicalizado» pelos serviços de segurança DIGOS. Nessa ocasião, Abdesalem Lassoued terá manifestado a intenção de aderir ao combate jihadista.
Em seguida, após um périplo por vários paises europeus, entre os quais Portugal, partiu para a Bélgica, onde se encontrava no momento do ataque terrorista de 16 de Outubro. Fontes policiais belgas vieram, entretanto, confirmar que Abdesalem Lassoued tinha anteriormente pedido asilo na Bélgica, mas que o mesmo tinha sido rejeitado, tendo-lhe sido dada ordem para abandonar este país.
Assim sendo, é caso para perguntar: «Por que razão, as autoridades belgas não atuaram em devido tempo, como era seu estrito dever, no sentido de fazer cumprir esta ordem de expulsão?»
A guerra Israel-Hamas pode contagiar o continente europeu?
Segundo alguns especialistas em matéria de terrorismo, os crimes hediondos do Hamas perpetrados a 7 de Outubro contra centenas de civis indefesos no território de Israel podem servir como uma espécie de «modelo» para novos ataques islamistas na Europa. De facto, numa altura em que as imagens de mortos, feridos e reféns continuam a dominar as notícias dos telejornais de todo o mundo, o terrorismo de inspiração islâmica voltou a aparecer na Europa. O que coloca, naturalmente, a questão seguinte: «Poderá uma situação influenciar a outra?»
Embora não haja, até ao momento, uma prova indiscutível de uma ligação direta entre os ataques acima descritos em Arras e em Bruxelas com os ataques terroristas do Hamas no território de Israel que mataram mais de mil israelitas e com a resposta militar de Telavive sobre Gaza, que também já matou, até à data, milhares de habitantes de Gaza, esses especialistas sugerem que existe um potencial para a radicalização islamista na Europa que não pode nem deve ser subestimado.
Efetivamente, os ditos especialistas admitem a possibilidade de novos ataques individuais – os chamados «lobos solitários» – nos próximos tempos. Trata-se de uma situação habitual. Quando há um ataque terrorista bem sucedido e em larga escala, isso cria um fenómeno de emulação por parte de indivíduos radicalizados que alimentam um sentimento de vingança e que os inspira a pensar que «é o momento de entrar em ação». Aliás, numa situação como a da atual guerra do Hamas contra Israel, as ações terroristas individuais são bastante mais comuns do que a ação levada a cabo por grupos organizados, que precisam de muito mais tempo para preparar e montar um ataque desta natureza.

Os ataques terroristas da última década
A propósito, e porque a memória das pessoas é curta, vale também a pena chamar a atenção para o facto de que o conflito israelo-palestiniano, que já dura há 75 anos, já tinha sido invocado em vários ataques de caráter terrorista no decurso da última década.
Isso sucedeu, por exemplo, com o ataque de Mohammed Merah, francês de origem marroquina, em 2012, a uma escola judaica de Montauban, em Toulouse, que vitimou três militares e quatro civis. Ou com o atentado perpetrado pelos irmãos Said e Cherif Kouachi ao jornal Charlie Hebdo de Paris, em 7 de Janeiro de 2015, que causou 12 mortos e 11 feridos. Ou com os dois ataques terroristas de Amedy Coulibaly perpetrados dois dias mais tarde, tendo o primeiro sido levado a cabo em Montrouge (comuna da região de Paris) que vitimou um agente da polícia e feriu um trabalhador de limpeza de rua e o segundo num supermercado judaico Hyper Cacher na região de Porte de Vincennes (Paris).
De facto, em cada um destes casos, os atos de terrorismo foram «justificados» pelos atacantes como «formas de vingança pelas mortes de palestinianos e pela defesa dos muçulmanos».
Por outro lado, importa também lembrar que a série de atentados terroristas posteriormente ocorridos em 2015 e 2016 foram inspirados no «apelo à resistência islâmica mundial» lançado pelo djiadista Aboud Moussab al-Souri que já em 2005 defendia a realização de «ataques terroristas na Europa pela juventude muçulmana imigrante, a fim de alcançar a derrota final do Ocidente e o triunfo mundial do islamismo».
De entre estes atentados, entretanto reivindicados pelo Estado Islâmico, que no seu conjunto fizeram 130 mortos e 413 feridos, destacamos os ocorridos em 13 de Novembro de 2015 no centro de Paris, em cafés e restaurantes, bem como na sala de espetáculos do Bataclan, orquestrados pelo belgo-marroquino Abdelhamid Abaaoud e levado a cabo por um grupo de terroristas entre os quais os belgo-marroquinos Salah Abdeslam e Mohamed Abrini. O mesmo sucedeu como os atentados de 22 de Março de 2016, igualmente reivindicados pelo Estado Islâmico, que fizeram 35 mortos e 340 feridos e que foram perpetrados pelos belgo-marroquinos Ibrahim e Kalid El Bakraoui no aeroporto de Bruxelas (Zaventem) e, mais tarde na estação de metro de Maelbeek situada junto à sede da Uniao Europeia no centro de Bruxelas.
Em consequência destes atentados terroristas, a que se somam outros ocorridos, desde o início do século até à presente data, em diversos países da Europa (Reino Unido, Alemanha, Espanha, Paises Baixos, Suécia, Dinamarca), tem vindo a instalar-se nas sociedade europeias uma percepção mais ou menos subliminar de insegurança que, de forma recorrente, tem desencadeado na vida dos cidadãos da Europa um sentimento de incerteza e a amarga sensação de terem que viver em permanente estado de alerta nos espaços públicos.
As causas profundas dos atentados terroristas na Europa
Atentado após atentado, vive-se, sobretudo de há uma década a esta parte, nalguns destes países europeus, um ambiente de guerrilha psicológica promovida por alguns líderes religiosos islâmicos radicais e instigada por organizações fundamentalistas completamente obcecadas por um ódio visceral aos chamados «infiéis do califado».
Esta guerrilha, sustentada pelo dinheiro de alguns Estados petrolíferos do Médio Oriente, é veiculada através da internet e das redes sociais e também no interior de um certo número de mesquitas islâmicas implantadas em algumas das principais cidades da Europa e tem vindo a ser executada, nos anos mais recentes, por indivíduos radicalizados acorrentados a uma obediência cega às teses do «jihadismo islâmico», para quem o respeito pela vida humana das pessoas e dos crentes não-islâmicos, se encontra banido do respetivo código de valores.
Por sua vez, obnubilados por históricos complexos de culpa ou manietados pelo sentimento da sua própria impotência, os dirigentes de alguns desses Estados europeus limitaram-se, durante décadas a fio, a empurrar com a barriga a resolução dos difíceis problemas da integração dos imigrantes nas sociedades europeias que os acolhem:
– Descurando, de forma irresponsável, a busca de soluções, de médio e de longo prazo, adequadas a uma sociedade emergente, onde o multiculturalismo foi progressivamente ganhando raízes e se transformou numa realidade incontornável;
– Convencendo-se de que, através de uma aceitação meramente passiva nos Estados europeus de acolhimento, os imigrantes se haveriam de converter, por milagre, em cidadãos respeitadores dos valores civilizacionais da Europa;
– Permitindo que neles se formassem «tribos hostis» à coexistência pacífica entre diferentes culturas, crenças e civilizações. Deixando que se criassem guetos revivalistas que erguem barreiras defensivas em torno de «enclaves identitários» construidos com a argamassa da imposição dogmática das suas culturas e civilzações ancestrais importadas de outros continentes;
– Tolerando a formação de verdadeiras «sociedades paralelas», onde se fomenta o ódio e a guerra dos imigrantes contra os países que os acolhem. Consentindo que se constituissem no interior dos Estados de direito de auntênticas «zonas de excepção», onde o primado da lei do Estado de acolhimento é letra morta. Permitindo, em suma, a existência de «territórios perdidos», sem controlo, onde se formam, se organizam e se movimentam livremente os sequazes e os executantes do «jihad islâmico» que, em vagas sucessivas, tem espalhado o terror no continente europeu.
De facto, diz-nos a experiência que as mesmas causas produzem sempre as mesmas consequências. E é precisamente isso que, desde 13 de Outubro passado, voltou a acontecer na Europa.

Reflexão final
Os atentados terroristas acima descritos não podem deixar de interpelar os cidadãos conscientes da Europa e obrigam-nos a refletir sobre o seu significado e o seu contexto, bem como sobre a forma como é preciso reagir a eventos desta natureza que, desafortunadamente, já fazem parte do quotidiano de muitos paises europeus.
Nesta perspetiva, vale a pena relembrar a referência relativa a este tema existencial feita pelo Papa Francisco na sua Encíclica «Todos Irmãos», ao recordar o apelo à paz, à justiça e à fraternidade que ele fez em conjunto com o Grande Imã do Islão Ahmad Al-Tayyeb, no final de um encontro inter-religioso realizado em Abu Dabi, em Fevereiro de 2019, no qual ambos declararam que «as religiões nunca incitam à guerra e não solicitam sentimentos de ódio, hostilidade, extremismo, nem convidam à violência ou ao derramamento de sangue».
«Estas calamidades», acrescentaram, nesse encontro, os ditos líderes religiosos, «são fruto de um desvio dos ensinamentos religiosos, do uso político das religiões e também das interpretações de grupos de homens de religião que abusaram – nalgumas fases da história – da influência do sentimento religioso sobre os corações dos homens» (…). Mas, «Deus, não precisa de ser defendido por ninguém e não quer que o Seu nome seja usado para aterrorizar as pessoas».
Infelizmente, o apelo conjunto destes dois líderes religiosos mundiais não foi ouvido pelos instigadores nem pelos autores dos crimes terroristas atrás descritos que, infelizmente, se somam aos crimes abomináveis que continuam a ser diáriamente praticados na guerra sem quartel entre o Hamas e Israel, sendo certo que tais crimes atentam contra os valores fundamentais da paz, da liberdade, da fraternidade e do respeito pelas diferenças dos credos religiosos.
Por isso mesmo, a melhor forma de honrar a memória das inúmeras vítimas inocentes do fanatismo religioso que na última década tem grassado na Europa é que tudo seja feito para que estes valores fundamentais da Humanidade sejam, em todas as circunstâncias, devidamente proclamados, promovidos e respeitados.
O cumprimento destes objetivos inadiáveis cabe, desde logo, aos líderes das diversas confissões religiosas que existem na Europa, mas é algo que, acima de tudo, se reclama e se exige aos Governos dos Estados europeus em matéria de reforço das regras aplicáveis aos fenómenos migratórios e à adequada integração dos imigrantes nos países de acolhimento. Mas o mesmo se exige, das Autoridades nacionais de Segurança responsáveis pela prevenção e pela manutenção da ordem nos espaços públicos, bem como dos Tribunais que devem passar a julgar e a aplicar, com rigor e em tempo útil, penas dissuasivas a quem não cumpra a lei e não respeite o Estado de direito nesses países ou neles cometa crimes terroristas.
Sem estas medidas, não haverá, no presente e, muito menos no futuro, lugar para a recuperação de um consistente e duradouro sentimento de segurança por parte dos cidadãos que vivem na Europa, nem haverá lugar para a coexistência pacífica entre diferentes culturas, crenças e civilizações nela existentes, nem haverá razões para garantir a sobrevivência, a longo prazo, dos supracitados valores fundamentais da Civilização Europeia, tal como hoje a conhecemos.
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«Portugal e o Futuro», opinião de Aurélio Crespo
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Julho de 2020)
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