A sensibilidade divorciou-se da razão e, assombrou-se, por isso, um tempo já, de si, imperfeito…
Ponderados os presságios e verificadas as sequelas de um desacerto assim, vieram, ao de cima, o fanatismo e a barbaridade.
A desrazão e a crueldade de certos ditadores, obscenos e demenciais, fizeram resultar o desprezo pela vida humana e a vulgarização da morte.
Vendo bem, esses tiranos não passam de raposas aninhadas em tocas de ouro assumindo a criminosa escolha de ordenar a morte dos seus semelhantes. Dos seus redutos dourados ordenam disparos eivados de destruição e perecimento.
As ideologias, as crenças e as religiões, enodoadas de grandes interesses económicos entram no lance e determinam a aversão a valores culturais e o extermínio de preceitos fundamentais.
Põe-se, pois, a questão da lei e do direito. Mas, enquanto se mata pede-se justiça. O ambiente é de terrorismo repartido. O mau opõe-se ao vil. Quem, nessa simetria, pode vislumbrar a verdade? Quem, conscientemente, pode aplaudir ou aceitar qualquer das partes? Pelos disparos se esvaem todas as razões.
Os que conseguem chorar os mortos verterão lágrimas de mágoa e revolta e nunca entenderão a impiedade de quem matou.
Não obstante, segue a guerra como se de um desconcertante jogo virtual se tratasse desafiando o caos e a morte que são absolutamente reais e de fim imprevisível.
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«Terras do Jarmelo», crónica de Fernando Capelo
(Cronista no Capeia Arraiana desde Maio de 2011)
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