5.º ANO – Chegou o 5.º ano. Em casa ficou o Esteves e o Roldão. Não sei se o Sanches, o Duque, o Casal, o Silva e o Rosado continuaram até ao fim do 5.º ano. Meu irmão, repetente do 5.º ano, ficou em casa, abandonando o seminário. Meu primo passou para o 6.º ano, rumando a Évora. Comigo em Vila Viçosa ficou o quadrazenho Simão e no 4.º ano ingressou o Manuel Cipriano. Começámos com o habitual retiro. (parte 8)

(Continuação)
5.º ANO NO SEMINÁRIO DOS AGOSTINHOS EM VILA VIÇOSA
No 5.º ano de novo, pouca coisa. O padre Mendonça fora substituído na História pelo padre Melo. Nenhum episódio de relevo aconteceu, pelo menos que me lembre.
Um dia, na capela, fechei o olho direito e verifiquei que não via bem o fio do reposteiro. Fiz outras experiências e concluí que teria de ir ao oftalmologista. Acabei por ter de usar óculos.
Os banhos semanais continuaram a ser nas Chagas por só aí haver água quente.
Por vezes havia actividades culturais no Palácio Ducal. Nós éramos convidados a assistir. Fomos a uma conferência sobre Camões, sendo que a biblioteca possuía uma primeira edição ou cópia dos Lusíadas. Doutra vez fomos assistir à representação do «Auto da Barca do Inferno» de Gil Vicente pelo Teatro Universitário de Coimbra dirigido pelo Dr. Paulo Quintela.
No dia 17 de Maio de 1959 viemos inaugurar o Cristo Rei juntamente com os alunos de Évora, para encher uma camioneta. As flores eram tantas e tão bonitas que fui tentado a retirar as sementes de algumas para oferecer a minha mãe, amante de ter muitos vasos em casa. Visitámos a gruta de Santa Margarida na Arrábida e o Conventinho na mesma serra, bem como alguns cruzeiros e abrigos dos frades arrabidinos, em que o guia era Monsenhor Mendeiros, reitor do seminário de Évora.
Continuámos a ter dois passeios semanais para os lugares habituais e a fazer o passeio grande no feriado do 10 de Junho. Não me recordo para onde fomos nesse ano.
Houve Crisma na igreja dos Agostinhos, com a presença do arcebispo D. Manuel Trindade Salgueiro, natural de Ílhavo. Eu era ceroferário. O Moisés do 3.º ano deveria ter por padrinho o tio, padre de Veiros. Chegada a sua vez, como o tio não aparecia, mandaram-me avançar a mim para padrinho dele. E assim passei a ser o padrinho do Moisés, de Casegas, com quem mais tarde fiz grupo na caça para os lados da Abrigada, juntamente com o irmão Zé Covita, também ex-seminarista, e com o Mindo (Armindo), de Trás-os-Montes, amigo deles.

Passei para o 6.º ano com boas notas, tendo dito adeus ao Seminário Menor de Vila Viçosa, já que iria frequentar o Seminário Maior de Évora.
(Continua)
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«Quadrazenhos no Seminário», por Franklim Costa Braga
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Maio de 2014)
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