No passado dia 17 de Outubro o Ahli Arab Hospital, na Faixa de Gaza, foi vítima da queda de uma arma letal, causando centenas de mortes.
Não cheguei a entender o motivo deste acidente, ou incidente, mas que foi dramático sem dúvida.
Como sempre a comunicação social especula, mas no que respeita ao médio oriente ainda sei algo mais do que é dito.
Esta infra-estrutura, foi construída em 1882, pela Sociedade da Missão da Igreja Inglesa e ainda hoje, com outro edifício, ainda pertence a esta congregação cristã, mais concretamente pertencente ao Episcopado anglicano de Jerusalém.
Tem tratamentos médicos avançados, como oncologia, e sem dúvida um equipamento moderno num território carente de tratamento clínico para patologias mais complexas.
A sua localização é na cidade de Gaza, no tal corredor controlado pelo Hamas.
Durante este conflito, foi atacado no dia 4 de Outubro por um míssil de Israel, embora provocando poucos danos, mas morto quatro inocentes.
Segundo consegui apurar, por diversos órgãos de informação não portugueses, o estado judaico já tinha dada ordem para a evacuação do hospital. Porém, com capacidade para 400 camas, tinha cerca de 1000 pacientes e cerca de 5000 cidadãos recolhidos, supostamente nos abrigos da instituição.
De facto, grande parte destes «sem abrigo» acabaram por abandonar a instituição, ficando apenas os mais vulneráveis, totalizando as tais 1000 pessoas.
Porquê atacar um hospital cristão, apenas com doentes e pessoas vulneráveis, normalmente crianças e idosos, na véspera do dia do Presidente Biden?
Sinceramente não vejo qualquer lógica. E por ser cristão, na verdade, pode ter sido o motivo para empobrecer a vinda do homem que vem do Ocidente. Será que o facto de ser cristão foi motivo, mesmo tratando dos habitantes residentes em Gaza?
Obviamente com os milhares de satélites que hoje acompanham este conflito não será difícil comprovar as teses apresentadas. Uma foi um ataque propositado de Israel e a outra foi um míssil do Hamas, ou Jihad, ou que seja, ficou a meio caminho com o objectivo de chegar a Haifa, em Israel.
O que me prendeu a atenção foi o facto de ser cristão e ter albergado fugitivos que não têm para onde ir. O Hamas bloqueou a fuga para Sul, e ir para Israel seria morte certa, porque tudo o que mexe, na fronteira, é logo abatido, seja quem for.
Tendo sido entrevistado um padre anglicano não hesitou em acusar Israel, mas nós cristãos, não nos podemos esquecer que Jesus Cristo foi morto com a conivência dos Judeus.
O que na verdade irrita é que qualquer serviço de segurança sabe, porque usa satélites e vê todas as movimentações. Mas deixam os jornalistas entreter o espectador numa balança de culpas: ou são uns ou outros.
Porém, na verdade é que cai esse objecto mortífero e mata 500 inocentes.
Mas voltando um pouco atrás, logo no início, ando com muitas dúvidas como um estado praticamente policial, com uma segurança e vigilância que até detecta insectos, deixar passar tão facilmente uma horda de suicidas (não é difícil entender que o Hamas está há muito encurralado), com uma crise política no Estado Judaico, com início em 2019, sobre uma reforma que daria possibilidade ao Benjamim, acusado de corrupção pelo ministério público, de poder se perpetuar no poder.
É que o acordo de 2020, permitia a rotatividade da cadeira de primeiro ministro entre um tal Gantz (que nem se houve falar) e o nosso amigo Benjamim.
Obviamente, em termos estritamente internos, o Benjamim, com este conflito, seguramente ganhará umas novas eleições, só que, a ferro e fogo, e, quem sabe, se o tal ataque «surpresa» com sangue derramado do seu próprio povo, não seria provavelmente de um eleitorado menos amigável.
Pode ser especulação. Admito. Mas não há fumo sem fogo.
Porém, não me esqueço que Isaac Rabin (talvez dos judeus mais sensatos da história de Israel) foi morto pelos seus pares, quando todos apontavam o dedo aos palestinos.
E como dizia «Hamlet», personagem mítica de Shakespeare: «Algo se passa no Reino da Dinamarca!»
Carvalhal, 17 de Outubro de 2023
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«No trilho das minhas memórias», por António José Alçada
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Junho de 2017)
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