Esta é a primeira das crónicas que vou escrever sobre o Bairro Alto em Lisboa. É o bairro onde nasci, cresci e onde ainda hoje trabalho no meu pequeno comércio. (parte 1)
Foi em 1513 que Dom Manuel I autorizou que a Vila Nova de Andrade um terreno fora das muralhas da cidade fosse urbanizado. Algumas fontes advogam que o terramoto seguido de maremoto de 1531 terá ajudado a erguer e a ocupar o bairro devido ao medo da população que decidiu morar num lugar mais alto.
Tenha sido assim ou não o que é certo é que o bairro ganhou vida com as suas ruas perpendiculares em contraste com as anárquicas edificações que existiam dentro das muralhas. Com a construção da igreja de São Roque a nobreza atraída pela presença dos jesuítas passou a edificar no bairro o que lhe outorgou um ambiente popular e aristocrático ao mesmo tempo.
Prosperou pois assim o Bairro Alto até que um novo terramoto o de 1755 lhe traçou um destino que abordarei no próxima crónica.
BAIRRO ALTO (1)
Fora das muralhas da cidade
Num local amplo e desobstruído
há 500 anos na Vila Nova de Andrade
o bairro alto foi construído
nome óbvio que perdurou
não obstante um pequeno retoque
por algum tempo se chamou
bairro alto de São Roque
isto quando na vizinhança
os jesuítas se instalaram
e ganharam tanta preponderância
que até a corte dominaram
de traçado simétrico regular
terá sido habitado primeiro
por gente ligada ao mar
população de pouco dinheiro
mas a nobreza descobriu
virtudes naquele lugar
e logo aí construiu
palácios para habitar
ainda é patente a dicotomia
na existência lado a lado
das mansões da fidalguia
com as casas dos pé rapado
o sismo que quase arrasou
toda a cidade de Lisboa
duas premissas ao bairro colocou
uma má e outra boa
a boa é que pouco foi destruído
mas como tudo à sua volta ruiu
a má é que não foi envolvido
na reconstrução que se seguiu.
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«Quiosque da Sorte», poesia de Luís Fernando Lopes
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