
Hoje, é dia de homenagearmos António Paulouro figura central do Fundão e da Beira Interior. Reconhecido como uma das maiores figuras do jornalismo regional faleceu com 87 anos a 29 de Agosto de 2002, no Fundão.
:: :: :: :: ::
Agraciado com a Grã Cruz da Ordem da Liberdade em 1985, atribuída por Ramalho Eanes, então Presidente da República.
Homenagem da Universidade Pontifícia de Salamanca, em 1986 com a atribuição da Placa de Prata.
Em Outubro de 1990 é condecorado com a Medalha de Prata de Mérito Municipal da Câmara Municipal da Covilhã.
Em 1993 recebe a Medalha de Ouro da Cidade do Fundão atribuída pela Câmara Municipal.
:: :: :: :: ::

Nasceu, viveu e morreu no Fundão
António Paulouro é um dos jornalistas mais reconhecidos da Beira Interior. Dedicou toda a sua vida à defesa dos valores das Beiras (Baixa e Alta), à defesa do Jornalismo de intervenção e de qualidade, sendo que a Liberdade foi a pauta central de todos os seus colaboradores por ele incentivados.
António Paulouro nasceu a 3 de Maio de 1915 e faleceu a 29 de Agosto de 2002
Fundou o ‘Jornal do Fundão’ em 1946.
:: :: :: :: ::
Depois da Revolução uma lufada de ar fresco
Após o 25 de Abril, o jornalista António Paulouro como deputado nas listas do PRD pelo círculo de Castelo Branco, e candidato por diversas vezes na lista do PS.
Em 1985, o Presidente da República condecorou-o com a Ordem da Liberdade. Onze anos mais tarde, o Sindicato dos Jornalistas fez de António Paulouro seu membro honorário, imortalizando o seu legado e o seu notável contributo para o jornalismo. Paulouro morreu em 2002.
:: :: :: :: ::

Monumento em granito no Fundão
A cidade do Fundão, através da Câmara Municipal, homenageou o jornalista, erguendo um monumento em granito, em sua honra, em 2010.
Atualmente, o «Jornal do Fundão» permanece como o «mais lido semanário das Beiras». Além disso, a sua projeção nacional e a sua penetração junto das comunidades portuguesas no estrangeiro é inegável.
O jornalista tornou-se numa ilustre figura de resistência à opressão política do Estado Novo. De palavras aguçadas e ousadas, os seus textos desafiavam constantemente a censura. Tudo devido à intervenção política assinalável de António Paulouro.
In «NewsMuseum»
:: :: :: :: ::
Morreu António Paulouro fundador do «Jornal do Fundão»
O director do Jornal do Fundão, António Paulouro, faleceu ontem, aos 87 anos, vítima de embolia cerebral. O funeral realiza-se hoje no Fundão.
Paulouro protagonizou um «jornalismo de combate e de causas» e foi figura ímpar da imprensa regional, disse o ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas, João Mesquita. «Pôs de pé um jornal que tem um prestígio enorme na região (Beira Interior), no País e junto das comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo», declarou à Lusa.
Para João Mesquita «Paulouro foi uma das grandes figuras – senão mesmo a maior – da imprensa regional portuguesa».
A morte do fundador do Jornal do Fundão «é mais uma perda para a imprensa portuguesa e designadamente para a chamada imprensa regional» e realçou ainda, que o semanário beirão acolheu, durante a ditadura, a opinião de «muitos intelectuais que tinham grande dificuldade de acesso à comunicação».
«Foi Paulouro quem imprimiu, quem foi editor de um dos meus livros no tempo do salazarismo», recordou Máro Soares, lembrando a dificuldade na época de editar certo tipo de publicações.
Nascido no Fundão, em 1915, Paulouro fundou o jornal em 1946. A par de alguma turbulência política, que levou à suspensão temporária do jornal, Paulouro fundou outras revistas, como a «Nova». Activista cultural e social da cidade, em 1986, recebeu o título de Comendador da Ordem da Liberdade.
In «Correio da Manhã»

Em 2018 o «JF» é vendido ao grupo «Global Media». A Agência Lusa noticiava essa alteração no seguinte texto divulgado na altura (onde se lê “Palouro”, deve ler-se sempre “Paulouro”, evidentemente). Foi a seguinte a notícia divulgada nessa altura:
Jornal do Fundão sai do seio da família Palouro 72 anos após criação
2018, 20 abr (Lusa) – O Jornal do Fundão, meio regional do distrito de Castelo Branco, vai deixar de pertencer à família Palouro, que o criou há 72 anos e agora vendeu a participação por não se identificar mais com aquela publicação.
Criado por António Palouro, em 1946, o Jornal do Fundão já era propriedade da Global Media, que detinha mais de metade do capital social, sendo que cerca de 40% correspondia aos herdeiros e o restante a um antigo funcionário. Agora, com a venda da participação da família, «a um valor simbólico», a Global Media fica com praticamente toda a propriedade do jornal, explicou Maria José Palouro, filha do fundador da publicação e ex-gerente, à agência Lusa.
«O Jornal do Fundão era um jornal de causas e agora isso já não existe, a única coisa que mantém é o nome e, por isso, tive de me retirar», justificou a herdeira. Admitindo que esta foi uma «venda muito dolorosa», Maria José Palouro notou que «a dor diminui um bocadinho porque o jornal não tem nada a ver com o que era». «Ainda supus que aquilo pudesse vir a ser remediado, mas depois percebi que não», adiantou a responsável.
Questionada pela Lusa sobre o projeto que tem para o Jornal do Fundão ou se o pretende vender, a Global Media optou por não fazer comentários.
Há 72 anos, António Palouro decidiu criar esta publicação para «tentar dar voz a quem não a tinha», defendendo causas como a luta dos mineiros contra a silicose, a criação de infraestruturas contra o isolamento do interior e a defesa do regadio da Cova da Beira, contou a filha à Lusa. «O jornal chegou inclusive a ter muitos problemas com a censura» na época da ditadura de Salazar e Marcelo Caetano, apontou Maria José Palouro, lembrando que, por isso, a publicação foi suspensa por seis meses em 1965. «Era um jornal que, para a sua época, era muito completo e teve sempre suplementos culturais e colaboradores de elite», como o Prémio Nobel da Literatura, José Saramago, ou o escritor brasileiro Carlos Drummond de Andrade, acrescentou.
Em 1998, «o meu pai achou que já estava com alguma idade e vendeu metade do jornal» à então Lusomundo, empresa que depois foi comprada pelo grupo Controlinveste, em 2005, referiu a herdeira.
Anos depois, a Controlinveste deu origem ao Global Media Group. Estas movimentações acabaram por afetar o Jornal do Fundão, levando a que se tornasse num «jornal completamente incaracterístico e sem singularidade, quando outrora foi um jornal com prestígio, até no estrangeiro», observou Maria José Palouro.
Referindo que o grupo Global Media chegou a propor uma alienação da sua participação, a herdeira disse que analisou a aquisição, desde logo por ter direito de preferência, mas optou por não apresentar uma proposta dado que já não tinha «grande ligação com o jornal». Fernando Palouro Neves, primo de Maria José Palouro, foi diretor do Jornal do Fundão desde a saída do fundador até 2012, ano em que saiu por considerar que a publicação «estava descaracterizada da sua matriz editorial e do património que tinha».
«O jornal singularizou-se porque sempre teve um papel primordial naquilo que era a defesa da liberdade de expressão e de informação», realçou em declarações à Lusa. Porém, com as mudanças na administração, houve um «desvirtuamento gradual daquilo que era a sua matriz diferencial» e hoje «é um jornal cada vez mais igual aos outros», adiantou Fernando Palouro Neves.
Para o também escritor, o fim da participação da família representa «um ciclo que acaba, devido ao fim do vínculo sentimental, mas que já havia terminado há tempos». A notícia foi dada aos leitores na edição do Jornal do Fundão desta semana, que saiu na quinta-feira, com uma nota na primeira página com o título «Fim de ciclo».
Com esta venda caiu mais uma marca da Região.
In «agência Lusa»
E foi anulada a tarefa central sempre cumprida por António Paulouro, ou seja: defesa da Região da Beira Interior, Liberdade de Imprensa, qualidade da escrita, com forte cuidado na selecção dos seus colaboradores.
:: :: :: :: ::
Na morte de António Paulouro
A morte do jornalista António Paulouro causou profundo pesar ao Sindicato dos Jornalistas, cuja Direcção apresenta à sua família as mais sentidas condolências.
Fundador e director do «Jornal do Fundão», António Paulouro faleceu hoje, 29 de Agosto de 2002, com 87 anos de idade, no hospital do Fundão. Um acidente vascular cerebral foi a causa da morte do jornalista, que estava em coma desde domingo.
António Paulouro deixa um legado inestimável, ao construir, através do «Jornal do Fundão», um projecto ímpar na Imprensa portuguesa, não só pelo seu papel na defesa dos interesses da Beira Interior, mas também pelo espaço de defesa da liberdade e da cultura que representou, nomeadamente durante o Estado Novo.
Personalidade singular do jornalismo português, António Paulouro era o portador da Carteira Profissional número 276, que lhe foi atribuída numa cerimónia de homenagem promovida pelo Sindicato dos Jornalistas, em 1993.
Natural do Fundão, António Paulouro era um autodidacta e foi empregado de escritório até fundar, a 27 de Janeiro de 1946, o semanário que transformaria num porta-voz da região e que contaria, entre os seus colaboradores, com alguns dos maiores escritores portugueses da segunda metade do século XX, como José Régio, Alexandre O’Neill, José Cardoso Pires, Eugénio de Andrade ou José Saramago.
O jornalista foi vice-presidente da Câmara Municipal do Fundão entre 1951 e 1958, ano em que assume publicamente a ruptura com o Estado Novo e a condição política de oposicionista.
Em 1960, António Paulouro funda a «Arco Íris», uma revista de pequeno formato cujo chefe de redacção é o escritor Mário Henrique-Leiria. Apenas são publicados cinco números, antes de a PIDE prender os três redactores da publicação, que viviam em Lisboa.
Em 1963, o «Jornal do Fundão» dá ampla cobertura à visita ao distrito de Castelo Branco do ex-presidente do Brasil, Juscelino Kubitschek de Oliveira, furando o muro de silêncio decretado pelo Governo em relação à deslocação do fundador de Brasília, que a televisão, a rádio e os jornais foram proibidos de noticiar.
O semanário dirigido por António Paulouro esteve suspenso durante cinco meses, em 1965, após ter noticiado a atribuição de um prémio literário ao escritor e lutador anti-colonialista angolano, Luandino Vieira, que então estava detido no Tarrafal. Nessa altura, promove a vinda a Portugal de alguns grandes escritores do Brasil, como João Cabral de Melo Neto, Erico Veríssimo e Odilo Costa.
Em 1972, organiza o Encontro Nacional do Teatro, no qual participam Alfonso Sastre e alguns dos principais autores, encenadores e actores portugueses.
Dois anos após o 25 de Abril, funda e dirige, com Herberto Hélder e António Sena, a revista luso-espanhola «Nova», que tem como delegados Jorge de Sena, nos Estados Unidos, e Vicente Aleixandre, em Espanha, que receberia o Prémio Nobel em 1977.
Em Agosto de 1977 organiza o primeiro Encontro de Emigrantes, no qual participam 15 mil pessoas e o Presidente da República Ramalho Eanes. A ligação ao universo da emigração foi outra das marcas distintivas do «Jornal do Fundão», acompanhando a diáspora das gentes da Beira.
Em 1984, António Paulouro organiza, no Fundão, as primeiras «Jornadas da Beira Interior», contando de novo com a presença de Ramalho Eanes e que reúne 500 participantes. A actividade do jornalista, bem como do semanário que dirigiu, orientava-se não apenas no sentido da denúncia dos problemas regionais, mas também no da mobilização da sociedade civil e das instituições, na busca de soluções para as dificuldades da Beira Interior. Estas jornadas repetir-se-iam em 1986 e 1990.
António Paulouro foi membro da Comissão de Honra do primeiro Congresso dos Jornalistas Portugueses e foi deputado por Castelo Branco à Assembleia da República, em 1986 e 1987.
O jornalista foi condecorado com a Ordem da Liberdade, em 1986. Foi ainda homenageado pela Universidade de Salamanca, no mesmo ano, e pelos municípios da Covilhã e do Fundão, em 1990 e 1993.
In «Sindicato dos Jornalistas»
:: :: :: :: ::
Câmara Municipal do Fundão instituiu o Prémio Literário António Paulouro
O Prémio Literário António Paulouro é um prémio que tem como principal objectivo realçar e promover os novos escritores da literatura portuguesa que se encontram em ascensão literária.
Instituído pela Câmara Municipal do Fundão, procura fazer justiça e prestar uma homenagem a alguém que inscreveu honrosamente o seu nome no panorama literário nacional, António Paulouro, Comendador da Ordem da Liberdade a 1 de Outubro de 1985.
O Prémio Literário António Paulouro foi atribuído aos escritores Carlos Vaz e Jorge Carlos (ex aequo), Rui Herbon, Ondjaki e Emília Ferreira.
:: ::
«Cultura em Pessoa» por Capeia Arraiana
Leave a Reply