Muitos eram os instrumentos e ferramentas usados em Quadrazais na agricultura, pecuária e silvicultura, directa ou indirectamente, tal como no concelho ou mesmo em todo o Portugal, com algumas diferenças de região para região. (parte 6 de 12)

(Continuação)
ACTIVIDADES
K – COLHEITAS
Recolha dos frutos.
Milho – pode ser amarelo ou rei (vermelho).
Bandeira – a flor do milho.
Barbas – fios vegetais que envolviam a maçaroca. Havia quem as utilizasse secas para fumar.
Camisas – folhelho que envolve a maçaroca. Usavam-no para encher colchões.
Cana – caule do milho.
Casulo – parte a que está fixo o grão, formando carreiros.
Folhelho – folhagem branca que envolvem a maçaroca.
Maçaroca – fruto do milho que contém muitos grãos em carreiros.
Zaburro – milho basto para dar ao vivo.
Utensílios e palavras conexas
Descamisar – tirar as camisas à maçaroca.
Desgranar – tirar o grão do casulo.
Ganchos – instrumento agrícolas, em ferro, com dois dentes, isto é, como uma enxada bifurcada. Havia-os de diversos tamanhos. O mais comum era usado para arrancar batatas. Havia um maior para destarroar (desterroar) cepas e outro ainda maior com vários dentes do tipo forquilha para tirar o estrume.

L – LINHO E SUA PREPARAÇÃO
Linho – planta donde se extraiam fibras finas e compridas (o linho) para tecidos das fibras ma
is grossas e curtas (a estopa) por um processo de assedagem no assedeiro. Antes teria de ser ripado num instrumento com pregos afiados (o ripanço), como um pente, para lhe retirar a Linheça (Linhaça) a semente do linho. Foi usada em culinária e também para dela se fazer óleo que tinha muitos usos, entre os quais para impermeabilizar tecidos grossos, transformando-os em coberturas (oleados).
Baganha – película que envolve as sementes (a linhaça).
Estopa – parte grossa do linho depois de assedado. A mais fina era a estopinha.
Utensílios e palavras conexas
Assedeiro – objecto para assedar o linho, isto é, separar as fibras longas, mais finas (o linho) das curtas, mais grossas (a estopa).
Corcho – caixa circular de cortiça onde espadelavam o linho.
Dóbar – pôr em novelos.
Espadana – espécie de espada de folha larga e pega curta, em madeira, para bater no linho e fazer saltar a linhaça.
Góbela – gabela, molho pequeno.
Irgadilho ou argadilho (ergadilho) – utensílio de madeira que rodava para dobar o linho. Dobadoira.
Iriar – meter o linho na ribeira para o curtir.
Maça – instrumento para bater no linho.
Ripanço – instrumento parecido com um pente de dentes de ferro afiados usado para ripar, isto é, separar a baganha do linho.
Roca – objecto que rodava e ia fiando o linho, tal como a lã.
Urdedeiro – instrumento de madeira com pregos para urdir a teia, isto é, pôr em ordem os fios.

M – CAVAS E OUTRAS OPERAÇÕES NA VINHA
As vinhas têm de ser cavadas à volta da videira.
Cava – acto de cavar.
Caldas – deitavam-se caldas de sulfato de cobre à vinha para matar o oídio. Às batateiras deitava-se-lhes caldas de Gamixane para lhes matar os bicho do capote.
Caldear – sulfatar. Deitar a calda.
Casta – variedade de gachos:
Desamamoar (desmamoar) – tirar os mamões ou rebentos nocivos.
Enxertia – meter uma varinha de uma casta boa numa videira de casta inferior.
Farinha – oídio.
Enxofrar – deitar enxofre sobre os gachos.
Pedra lipes e pedra hume – sulfato de cobre.
Podar – cortar os ramos um mês depois da vindima, mas com certa técnica.
Rafia – ráfia para atar os ramos após a poda.

N – VINDIMAS
Vindima é o acto de cortar os gachos quando maduros.
Utensílios usados
Aduelas – eram as tábuas de carvalho curvas que formavam as pipas e dornas.
Aguardente – para a fazer usava-se um alambique.
Alambique – instrumento em cobre onde se metia o engaço, composto de uma caldeira e uma cabeça que assentava naquela, que se enchia de água, para se pôr ao lume e fazer aguardente.
Almude – medida de 15 litros para vinho.
Bebedeira ou bubedeira – estado do bêbedo. Tinha outros nomes como: catrina, piteira, piela, piruá, torcida, turca, torta e carraspana. Bêbedo ou bêbado também se chamava borracho, caneco e cuba. Imbubedar-se, emborrachar-se, incatrinar-se e andar na copofonia. Estar bêbedo podia dizer-se: «está co’ela», «está c’o pitrólio» ou «está chingato».
Cestos – recipientes feitos de vime, normalmente com duas asas. Serviam para acarretar os gachos (cachos) das videiras para as dornas colocadas sobre um carro de vacas (ver foto do capítulo anterior). Também serviam para transportar a roupa para lavar no rio. Havia um grande e fundo, sem asas, que servia para pisar castanhas piladas com tamancos ferrados. Ao cesto velho chamavam canabilho.
Dorna – era uma pipa sem tampo por cima e de aduelas menos curvas, que serviam para transportar os gachos da vinha para o lagar. Nelas se podia fermentar o vinho quando pouco ou se guardava o engaço, coberto de folhas de videira com cinza por cima, para fazer a aguardente após fermentado.
Engaço – pés dos gachos, peles e grainhas das uvas para fazer aguardente.
Enxofradeira – espécie de saco com fole, manobrado manualmente, que servia para deitar enxofre sobre os gachos ainda verdes.
Esmagadeira – máquina com uma manivela que accionava uma roda dentada que servia para esmagar os gachos (cachos).
Estrafega – acto de mudar o vinho de vasilha.
Estrampalho – farrapo para afugentar a passarada das vinhas ou searas.
Ferver – fermentar do vinho.
Gachos – cachos de uvas. Há-os de várias qualidades e sabores: ferral, bastardinho, c’lhões de galo (moscatel), pitrolino, balas (Dona Maria) e brancos.
Jeropiga – mistura de mosto com aguardente.
Lagar – lugar onde se guardavam os gachos para esmagar ou o vinho após esmagar os gachos.
Leiva – aduela.
Mamões – rebentos nocivos.
Mecha – enxofre a arder que se introduz na pipa para a purificar.
Mostro – vinho mosto.
Pinga atestada – bom vinho.
Pipa, pipo – o feminino era maior. Eram vasilhas para guardar o vinho. Cântaro- vasilha em lata de 15 litros, que deitava o vinho nas pipas através de um grande funil. Havia funis mais pequenos para encher garrafas ou garrafões. Servia também para medir quantos litros levava a pipa ou o pipo. O cântaro media um almude. A pipa era fechada no alto por uma rolha grande – o batoque. No tampo da frente havia um orifício onde encaixava uma torneira de madeira ou metal por onde se retirava o vinho para beber. Toda a pipa era envolta por aros de metal para manter a solidez da mesma.
Pulverizador – instrumento que se punha às costas para deitar calda às videiras.
Rebusco – acto de procurar gachos esquecidos na vindima.
Torpilha (tropilha) – instrumento que se colocava às costas para deitar enxofre aos gachos, que substituiu a enxofradeira.
Tesouras ou facas – utensílios de corte dos gachos.
Vasilhame – conjunto das pipas.
Vinho – sumo dos gachos. Pode ser branco ou tinto. Termos familiares: pinga, pitrol, pitróleo e pingurreta.


(Continua.)
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