Enquanto cidadão, o que, para mim, significa, ser democrata, não me posso calar!
Neste passado fim de semana um partido (de que recuso a dizer o nome, para minha própria sanidade mental), foi protagonista de um dos mais negros dias para a democracia portuguesa.
Este partido convocou e realizou, embora sem lograr as intenções, pela correta atuação da polícia, uma tentativa de cerco à sede nacional de um outro partido, o PS.
Lembro-me do célebre cerco ao congresso do CDS, bem como me lembro do cerco à Assembleia Constituinte, e ainda me lembro das invasões e destruições de várias sedes do PCP, tudo isto nos primeiros tempos da democracia pós 25 de abril.
O que agora aconteceu é mais grave ainda, pois se na altura se estava em plena euforia, ou tais iniciativas resultavam de movimentos mais ou menos espontâneos, em 2023 ações como esta são concebidas e executadas por um partido fascista e que, seguindo as táticas hitlerianas, se aproveita do regime democrático para o minar e sobre ele construir um regime ditatorial.
E o pior é que todos os partidos democráticos preferiram assobiar para o lado, como se nada fosse com eles. Com o seu silêncio foram cúmplices do que aconteceu!
E que dizer daquele senhor que está em Belém e que fala de tudo e mais alguma coisa, e agora tão barulhento é o seu silêncio?
Talvez fosse bom lembrarem-se de um célebre poema de Brecht que dizia:
«Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.»
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«Sabugal Melhor», opinião de Ramiro Matos
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Setembro de 2007)
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