Hoje chegou a hora de, por um lado, recordar a batata e o azeite e, por outro, elogiar ainda mais a minha aldeia e a Natureza que tal beleza nos ofereceu. Leia e divirta-se, como eu me divirto ao trazer-lhe estas memórias…
A minha aldeia era uma terra de muita batata – muita, mesmo!
Como já antes escrevi, nos anos 50 da minha meninice, a batata assumia proporções de grande consumo e portanto de grande produção no Casteleiro e arredores. Eram leiras e leiras, terras baixas e meias encostas: onde houvesse água para as regar, vai de cavar, cavar, cavar ou lavrar (alguns mais abastados) e vai de encher tudo de batata. Batata para comer todo o ano e também para vender, se possível.
Sempre achei piada aos nomes que o Povo arranjou para definir as diversas variedades de batata que se ia consumindo: a melhor de todas era a nacional de Montalegre, mas havia as variedades estrangeiras. As mais faladas dessas eram a ranconse e a rambana variedades essas que de facto se chamavam Arran-Consul e Arran-Banner…
Uma terra com muito azeite…
Naqueles anos, nem toda a gente tinha oliveiras, infelizmente. Mas para quem as tinha, sobretudo se fossem em quantidade, era uma tarefa muito específica aquela de colher a azeitona, levá-la ao lagar e ir lá a seguir buscar o azeite, deixando lá a maquia, para pagarem assim o trabalho do lagar. Ou seja: o azeite era também fundamental na economia local. O azeite é uma gordura que acompanha toda a vida das pessoas: – com azeite se tempera a comida, – com azeite se conservam os enchidos, – é o azeite que serve para fritar as batatinhas que assim ficam tão saborosas; e, por outro lado, – a própria azeitona, como fruto, é um bom condimento – apeguilha mesmo bem…
Terra mais linda, não há, não há!
Não me cansarei nunca de referir que a minha aldeia é muito bonita e fica numa zona lindíssima: o Casteleiro fica ali no vale entre serras. Por um lado e a dominar toda a região, vê-se lá longe a Serra da Estrela, claro; mas ali mais próximas ficam as serras da Vila, Serra d’Opa, a Serra da Vila (de Sortelha), a Serra que acolhe a cominho do Sabugal a aldeia de Santo Estêvão e, ali mais próximos, vários montes ou pequenas elevações que completam o quadro…
Depois, tenho sempre referido nesta matéria da beleza natural de duas outras realidades: por um lado, as lindas rochas desta zona, a começar pelas da Serra d’Opa, e, por outro lado, a ribeira… Esta, a Ribeira, é a principal fonte de recursos hídricos e de rega – embora se presuma que nas zonas de serra, as mais altas, haja, como sempre houve, poços e presas, sejam naturais sejam feitos pelo Homem. A nossa Ribeira (que lá para trás foi da Nave) mas aqui no Casteleiro é apenas «a Ribeira» (ainda hoje), é pouco caudalosa na maior parte do ano e até seca durante meses. Tal e qual.
Obrigado por me ler! Até para a semana, à mesma hora, no mesmo local!
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«A Minha Aldeia», crónica de José Carlos Mendes
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Janeiro de 2011)
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