A praça Dom Pedro IV assim chamada em homenagem ao Rei de Portugal e primeiro imperador do Brasil é vulgarmente denominada pelos alfacinhas como Rossio, é considerada o centro nevrálgico de Lisboa e está situada na baixa pombalina. (Parte 1 de 2.)

Tem mais de milénio e meio a história da praça central de Lisboa. Por volta do ano 400 terá sido coberto um afluente do Tejo chamado Valverde que por aí tinha o seu leito e assim se começou a escrever a história deste lugar, muito visitado naquele tempo devido à realização de feiras e mercados.
As obras do metro nos anos 60 do século passado permitiram saber que ali existiu um circo Romano ou pelo menos um hipódromo. Por volta de 1500 foi construído o hospital Real de Todos os Santos que se juntou a conventos e palácios que já existiam ou foram edificados por essa altura.
O Rossio foi ao longo dos séculos várias vezes destruído por terremotos que assolaram a cidade obrigando a que a imagem da praça se alterasse em função das reconstruções e novas edificações que iam tendo lugar, vários edifícios que albergaram quer a corte quer outras instituições do País tiveram lugar na praça como o Palácio dos Estaus que foi morada de reis, local de acontecimentos importantes e ainda mais tarde a sede da inquisição, a praça por alturas do século XVI e XVII era de terra batida e embelezada por um famoso chafariz com a figura de Neptuno cuja fama chegou aos nossos dias.
A reconstrução posterior a 1755 feita entre outros pelo traço do arquiteto Carlos Mardel contempla o Paço da Regência o Tesouro Público e outros edifícios, mas um incêndio que destruiu o Tesouro Público completamente, dá lugar ao teatro Dona Maria II em 1846. Por esta altura a praça é arborizada e calcetada com basalto e calcário num desenho ondulante várias vezes replicado em cidades do País e outras que fizeram parte do Império.
Em 1870 foi inaugurada a estátua de Dom Pedro IV com a curiosidade das quatro figuras femininas na base do pedestal significarem justiça, prudência, fortaleza e moderação qualidades que eram atribuídas ao Rei. Ao longo dos anos a praça testemunhou feiras, mercados, touradas, autos de fé com execuções sumárias, revoluções , tumultos, conspirações , pronunciamentos e mais recentemente comícios e manifestações, foi nos seus botequins que se reuniram intelectuais com destaque para o poeta Bocage que fazia no famoso café Nicola o seu escritório.
Numa próxima crónica vou destacar dois edifícios ícones do actual Rossio falo do teatro Nacional Dona Maria II e da estação ferroviária do Rossio.
ROSSIO (1)
É em Lisboa a praça central
Por dois nomes se pode chamar
Dom Pedro IV é o oficial
mas Rossio o mais popular
milénio e meio de história
onde presenciou episódios
que da infâmia a glória
motivaram paixões e ódios
no tempo da inquisição
testemunhou execuções
viu mais que uma revolução
e muitas manifestações
viu o religioso e o profano
missas, feiras e mercados
foi um hipódromo Romano
viu touradas ouviu fados
edifícios belos e marcantes
em cada época o rodearam
terramotos e catástrofes fulminantes
ciclicamente os arrasaram
em 1850 o Rossio foi calcetado
num ondulante padrão pioneiro
que foi sendo replicado
nas praças do País e do estrangeiro
Hoje sofre mais uma mutação
mas mantém a dignidade
continua a ser sem contestação
a sala de visitas da cidade.
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«Quiosque da Sorte», poesia de Luís Fernando Lopes
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