A Feira Popular de Lisboa foi inaugurada no dia 10 de Junho de 1943 com o objetivo de financiar as férias das crianças mais necessitadas da capital, numa iniciativa do senhor João Pereira da Rosa, diretor do jornal «O Século». A «Feira» viria a encerrar portas no final do Verão de 2003. Funcionou primeiro na zona de Palhavã (até 1956) e foi, depois, transferida para Entrecampos a 24 de Junho de 1961.
A Feira Popular faz parte da memória alfacinha com lugar cativo no coração de muitas gerações. Lisboa está sem dúvida mais pobre sem um parque de diversões e convívio como era a Feira Popular.
Durante cerca de 60 anos foi a alegria da pequenada mas também um escape para os mais velhos, mas numa decisão perversa pois não acautelou a substituição do local foi mandada encerrar com o pretexto de que estaria degradada.
Hoje mais de 20 anos depois a «nova» Feira Popular continua uma miragem depois do encerramento em Entrecampos vários locais e datas foram anunciados para a início da construção mas, entretanto, um imbróglio judicial vergonhoso e mesquinho nasceu pela posse dos terrenos onde estava situada, ajudando a baralhar ainda mais a percepção geral do que de facto está a travar as obras.
FEIRA POPULAR DE LISBOA
se uma família decidia
ir divertir-se à feira popular
era para todos motivo de alegria
e o assunto dava que falar
quando chegava o grande dia
tudo estava programado
e logo cada um se dirigia
ao divertimento mais desejado
na casa das panelas
comprar uma rifa era costume
os sortudos lá acartavam com elas
apesar do mau jeito devido ao volume
«Ó freguês vai um tirinho?»
Apregoava-se desta forma genuína
e ganhava uma garrafa de vinho
quem rompesse uma serpentina
ia-se aos pretos tomar café
ao lado do barracão dos espelhos
dali vinha sempre um grande banzé
e não eram só os mais fedelhos
os carroceis tocavam o céu
a montanha-russa era precipício
no comboio fantasma era escarcéu
os carrinhos de choque eram vício
credor de grande afeição
gerava empatia muito forte
era uma grande atração
falo do poço da morte
o cheiro que a feira tinha
é inolvidável até pelas misturas
cheirava a chouriço, frango ou sardinhas
algodão doce, pipocas ou farturas
os negócios e a especulação
acabaram por a aniquilar
hoje impõe-se a construção
de uma nova feira popular.
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«Quiosque da Sorte», poesia de Luís Fernando Lopes
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