O homem mais rico do mundo, Elon Musk, acaba de juntar mais um andar ao foguetão das suas numerosas actividades que se entendem à indústria automóvel (Tesla), às telecomunicações (Starlink) e à aerospacial (SpaceX). Com a compra da rede social Twitter pretende continuar a diversificar os seus investimentos, porque, como aconselham os investidores, não se devem colocar todos os ovos no mesmo cesto.

Elon Musk é, de facto, um homem de uma ambição desmedida. Já mudou os hábitos dos automobilistas ao impor o seu carro elétrico Tesla, já realizou o sonho de experimentar um voo espacial e não se cansa de empregar todos os meios para ir até ao planeta Marte, não sei se passar férias, se para o colonizar, à procura de novas terras, tal como fizeram os portugueses e espanhóis nos tempos áureos das descobertas.
Este industrial de origem sul-africana e americano desde 2002, tenta impor a sua visão do mundo em todos os domínios, com uma ambição nunca igualada.
A compra do Twitter, uma das maiores redes sociais, pela gigantesca soma de 44 biliões de dólares, dirigida por um homem só, põe, de facto, em perigo a democracia. No mundo e sobretudo na América tem havido homens poderosos que dominaram sectores essenciais da economia, como os caminhos de ferro, a eletricidade, o petróleo, mas, com a compra de Twitter, Elon Musk tem a capacidade de difundir as suas ideias políticas que podem pôr em causa as dos governos democraticamente eleitos.
Contrariamente aos capitalistas do século passado, que praticavam a caridade e o mecenato, pessoas como Elon Musk pensam tornar-se os mestres do mundo. Com as suas opiniões e os seus actos, os magnates da finança pretendem substituir-se às acções dos governantes: Bill Gates apresenta-se com uma espécie de ministro da saúde ao nível mundial, organizando uma intensa campanha contra o vírus da Covid. Também Elon Musk pretende substituir-se à acção das Nações Unidas, propondo soluções estranhas, quase absurdas no conflito na Ucrânia. Trata-se de anúncios sem qualquer responsabilidade política, sem nenhuma legitimidade democrática validada pelas urnas.
Já sabíamos que os meios de comunicação social estavam nas mãos de grandes industriais, de homens da grande finança. O controlo das redes sociais tem muito mais influência no mundo, porque são suscetíveis de influenciar biliões de pessoas. É um poder imenso que põe em causa a democracia. É por isso urgente que, por dever ou por orgulho, os políticos se preocupem com as ambições desmedidas destes demiurgos de um novo mundo para evitar a privatização do bem público, assim como a privatização das nossas consciências.
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«Pedaços de Fronteira», opinião de Joaquim Tenreira Martins
(Cronista/Opinador no Capeia Arraiana desde Novembro de 2012)
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